Carnaval campeão da Beija-Flor, em 1978 | Foto: Divulgação
Beija-Flor 1978
Carnaval campeão da Beija-Flor, em 1978 | Foto: Divulgação
Por trás dos grandes desfiles, estavam carnavalescos, como o mago Joãosinho Trinta, Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto, e o patrocínio dos bicheiros, entre eles, Aniz Abraão David, o Anísio, (Beija-Flor), Luiz Drumond (Imperatriz) e Castor de Andrade (Mocidade).
Em 1975, o contraventor Anísio contratou Joãosinho e Laíla para levantar a Beija-Flor. No ano seguinte, a dupla levou para a Avenida um espetáculo memorável — ‘Sonhar com Rei dá Leão’ — em homenagem ao jogo do bicho e faturou o título. A escola foi acusada de fazer apologia ao crime e duramente criticada pelo luxo excessivo. “Pobre gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”, rebateu Joãosinho. A parceria com Laíla rendeu o tricampeonato (1976, 1977 e 1978). Foi a primeira vez que uma escola furava a hegemonia das grandes (Portela, Mangueira, Império e Salgueiro). Em 1977, a Portela ficou em segundo, perdendo novamente para a Beija-Flor.
Com a bênção do patrono Luizinho, a Imperatriz levou o bicampeonato em 1981 e entrou para a elite do samba. Dois anos antes, a Mocidade foi a campeã, com o enredo ‘Descobrimento do Brasil’, também de Arlindo Rodrigues. O historiador Hiram Araújo, diretor do Centro Cultural da Liesa, era diretor de Carnaval da Portela, em 1977, e lembra a derrota. “Fui chamado antes do desfile por um macumbeiro da escola. Tinha que tomar cachaça e desenterrar uma cabeça de bicho que estava impedindo a vitória da Portela. Não fiz. Perdemos por um ponto para a Beija-Flor, no último quesito que era justamente o meu, enredo. Foi uma coincidência”, ri.

Campeão de sambas estreou na verde e rosa por acaso
Hélio Turco levou para a Avenida 16 sambas-enredo pela Mangueira | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Hélio Turco
Hélio Turco levou para a Avenida 16 sambas-enredo pela Mangueira | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Maior campeão de sambas-enredo, com 16 composições na Estação Primeira de Mangueira, Hélio Turco estreou no samba por acaso. Foi procurar um amigo na quadra da escola de samba e acabou incluído no quadro da diretoria.

“Eu não sambava, não cantava e não tocava. Entrei para quebrar um galho e acabei ficando mais de 30 anos”, recorda. Começou ali um caso de amor que dura até hoje. “A Mangueira era pobre, mas éramos unidos. Hoje há muita disputa pelo samba. Cada um escreve um trecho. A letra não casa com a melodia”, lamenta o compositor.

Suas estrofes com métricas perfeitas foram incluídas em inúmeras questões de vestibular. “Samba tem que ter alma, alegria e muito amor. Não pode haver vaidade. É a música que deve chamar a atenção. Na época, vendíamos 3 milhões de discos, hoje não chega a 50 mil”, ensina o mestre que ajudou a Verde e Rosa a conquistar vários títulos.

Em 1961, compôs ‘Recordações do Rio Antigo’ e a Mangueira foi bicampeã. Seis anos depois, veio mais um bicampeonato com o ‘O Mundo Encantado de Monteiro Lobato’. Hélio Turco está afastado da escola por não concordar com a atual diretoria, mas continua torcendo pela Verde e Rosa. “Sou Mangueira até morrer”, diz.

Raymondh Júnior