sábado, 3 de outubro de 2015

Uma final de samba que a Mangueira merecia


Confesso não ser um dos  grandes amantes das disputas de samba, acabo sempre me apegando a uma obra em especial e, se ela é descartada me causa uma falsa sensação de fracasso para a escola, sem contar que seu início quase sempre é bastante tedioso, com a mistura de grandes parcerias às medíocres. Mas por hoje, o fato é que, em Mangueira se viu este ano, talvez, sua melhor safra nos últimos 20 anos, a Verde e Rosa beirou a perfeição em quase tudo que se avançou com fôlego para a grande final.

Do retorno de Nelson Sargento às disputas, fomos até a poesia ímpar da parceria de Tantinho da Mangueira, que ousou com um belo samba resgatando toda a tradição a  que esta escola nos ensinou a respeitar. Do prazer de ouvir Eraldo Caê ao lado de Lecy Brandão e parceiros, a Velha Manga foi filtrando sambas, que por si só já dariam um belo desfile.

Chego ao dia de hoje com um problema pessoal a resolver, a trajetória a que estes sambas que aí estão percorreram não foi capaz de me fazer escolher por um apenas, as obras de Lequinho e seus parceiros ao lado de Alemão do Cavaco e parceiros, se destacam nesta grande final por serem fiéis à sinopse, mas muito por se tratarem de obras que, se escolhidas, cumprirão papéis distintos neste 2016 mangueirense.

A parceira de Lequinho traz um acerto afro ao tema de forma impactante, é um samba pra ninguém ficar sentado, cheio de magia e fundado no já conhecido talento deste grupo de poetas, é um típico samba que não lhe dá tempo de pensar em nada mais do que se ouve, é um samba que envolve e contagia.

Alemão do Cavaco e seus parceiros, trouxeram uma obra em primeira pessoa, como o foi em 2011, com um samba muito correto à sinopse e de uma leveza que cativa, vai ganhando força ao poucos, explode na hora certa, não cansa, é suave, e rico em detalhes poéticos que nos alçam a querer aplaudir com veemência uma escola que não desistiu do Samba.

A terceira parceria de Pedro da Flor, chega viva a esta final com todo mérito que lhe é dado numa das mais acirradas disputas do ano, com uma torcida forte, o samba foi tomando forma na quadra, não chega com o mesmo gás das demais composições, mas enriquece esta final.

A verdade é que, às claras, a Mangueira mostra mais uma vez que não está de brincadeira quando o assunto é samba! Chega neste momento com total credibilidade de que, não deve nada a ninguém que não seja seus próprios enlouquecidos apaixonados torcedores.

Alguns de nós estamos aqui pensando, talvez, que aquele samba que escolhemos lá atrás e fora desclassificado, era o melhor, no entanto, ao amanhecer do dia seremos todos um samba só... Um samba capaz de nos devolver a dignidade e emoção de ver uma Sapucaí de pé para, oras, ver a Estação Primeira de Mangueira mostrar seu carnaval em sua justa homenagem à Menina dos Olhos De Oyá!

Vamos Mangueira, Essa É A Hora!