sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ou a Mangueira acaba com suas alas comerciais, ou elas acabam com a Mangueira!

Mangueira 2015
Após o desastroso desfile da Estação Primeira de Mangueira neste carnaval, mais uma vez o mundo do samba se inquieta com a reflexão: "onde está a guerreira comunidade mangueirense?" E para justificar notas baixas em quesitos, que nada tem haver com situação financeira regular, como harmonia e evolução, onde a Velha Manga perdeu só aí nada menos que 1 ponto, a crítica mais acirrada se direciona para o componente da Verde e Rosa.

Mas que componente é este? 

A Estação Primeira  tem uma das comunidades mais aguerridas do carnaval deste país, um povo apaixonado por esta lendária escola de samba, e num carnaval em que exaltou a história de suas mais ilustres mulheres de maneira emocionante, nada menos do que  faca nos dentes e o coração no bico da chuteira para marcar o tão sonhado gol: voltar a ser campeã. Este povo, que se reúne em alas da comunidade lideradas pela competente Guanayra Firmino, há muito realiza um trabalho de excelência, com exaustivos, porém lucrativos ensaios semanais em sua quadra e  rua, afim de atingir o resultado máximo durante o desfile.

No domingo de carnaval, esta comunidade começou a se concentrar às 18h sob forte tempestade, digo tempestade e não chuvisco, vindos de todos os lugares do Rio de Janeiro, os guerreiros mangueirenses permaneceram firmes para defender este pavilhão sagrado, entretanto, todo seu trabalho de um ano inteiro, fora mais uma vez praticamente jogado ao lixo, quando se juntaram à escola as tais alas comerciais. Estas alas tanto em Mangueira, como em qualquer outra agremiação séria em nada contribuem para um desfile campeão.

Estou tratando aqui de  um câncer, uma doença implacável quem vem a destruir toda nossa alegria de trabalhar por nossa agremiação. E quantos de nós já se indignaram por ver uma ala passando pela avenida com gente que além de não saber o samba, nem ao menos se preocupa em evoluir, simplesmente porque não tem nenhum tipo de compromisso com a escola, pagam a fantasia e se acham no direito de fazerem o que desejam no desfile. E como toda doença, esta "doença carnavalesca" precisa ser combatida.

Em Mangueira, é fato reconhecer o esforço do Presidente Chiquinho quem já eliminou parte destas alas, para um desfile mais coeso e perfeito, entretanto, o que se observou mais uma vez, é que tal esforço ainda se mostra insuficiente para uma agremiação do tamanho e das tradições da Velha Manga.

Escolas sérias, que avançaram para perfeição, reduziram drasticamente este contingente ao caminho da extinção, o que muitas já realizaram, e o resultado tem sido extremamente positivo. Não se pode mais entregar nossas fantasias nas mãos das agências de turismo que desembarcam centenas na Sapucaí, como se tudo fosse uma grande brincadeira sem valor algum, o que sabemos, visto os tempos modernos não ser mais assim. O carnaval se profissionalizou de tal forma, que hoje, o rebaixamento aguarda quem não produz com qualidade um enredo, plástica, samba, bateria, mas também componentes em sintonia com o carnaval em que estão defendendo.

A grande verdade, é que, ou a Mangueira acaba com suas alas comerciais, ou elas acabam com a Mangueira, e me parece, que se não houver uma reação imediata, esta conta será liquidada, e o saldo negativo recairá sob a valente guerreira comunidade mangueirense.

Vamos Mangueira, Essa É A Hora!
Ala Garra Mangueirense