São Clemente |
8ª colocada em 2015 2016 | |
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Enredo | "Mais de mil palhaços no salão" |
Carnavalesca | Rosa Magalhães |
Diretor de Carnaval | Roberto Gomes |
Diretor de Harmonia | Marquinhos Harmonia |
Intérprete | Leozinho Nunes |
Mestres de Bateria | Gilberto Almeida e Caliquinho |
Rainha de Bateria | Raphaela Gomes |
Mestre-Sala | Fabrício Pires |
Porta-Bandeira | Denadir |
Comissão de Frente | Sérgio Lobato |
SINOPSE "Mais de mil palhaços no salão" |
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Tanto riso, oh, quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão....
Não me leve a mal,
Hoje é carnaval!
Zé Keti
Na época medieval, os Mistérios e as Paixões (representações religiosas realizadas no interior da igrejas) podem ser vistos como a materialização da relação do homem com o riso. Se por um lado havia o sagrado inabalável, por outro tinha-se a leveza da vida comum – e as formas de expressão dessa alegria localizavam-se no polo oposto ao sagrado. A alegria representava, assim, na vida do povo, o terreno e o material, o grotesco, que era uma das formas de expressão dessa alegria, associada ao vulgar e à vida secular.
Uma figura que encarnava por excelência os motivos do grotesco popular medieval era o Diabo, por ser diametralmente oposto à Divindade. No carnaval, o diabo é festivo - representando a glutonaria e a licenciosidade – o que fica expresso em sua representação – metade homem, metade animal – e em sua presença constante como figura burlesca. Foram tantas as diabruras, que faziam a plateia rir muito, que as representações medievais foram transferidas para o exterior das igrejas, tal a irreverência provocada por este senhor diabo.
Ainda durante a Idade Média, onde houvesse um poderoso, conde, barão, príncipe... haveria pelo menos um bobo da corte para divertir o senhor e seus convidados. Na cabeça, o bobo usava um chapéu com pontas e guizos, a roupa era colorida – geralmente verde e amarela. O verde representava a cor dos chapéus dos devedores e dos condenados a trabalhos forçados; o amarelo, a cor da traição e dos lacaios.
Quando os Milagres e Mistérios saíram do interior das igrejas, os artistas que circulavam solitários pelas cortes e castelos passaram a se encontrar nas feiras em torno dos feudos, e foram criadas verdadeiras companhias de saltimbancos. Apresentavam espetáculos em que misturavam representação teatral, acrobacias, dança na corda e etc.
As feiras viram ponto de encontro de artistas de todas as artes e habilidades – dançarinos de corda, volantins, malabaristas, jograis, trovadores, adestradores de animais, pelotiqueiros, músicos, domadores de ursos, dançarinos, prestidigitadores, bonequeiros e acrobatas.
Os espetáculos dos Mistérios e Moralidades incorporaram mais um personagem cômico: o rústico. Até mais ou menos 1500, a comicidade desse tipo de espetáculo estava a cargo do Diabo e do Vice. O Vice era um camponês velhaco, canalha, fanfarrão, covarde e representava todas as fraquezas humanas. Por algum motivo, ele acabava se deparando com o Diabo, sempre acompanhado por um séquito de pequenos demônios e metido em situações cômicas, que o transformavam em figura ridícula. Aparece então a palavra clown, para designar o rústico. E ele passou a ser um tipo com características bem definidas. Continuava um grosseirão, meio caipira, mas ganhou esperteza, sua linguagem evoluiu, adorava palavras difíceis.
Em 1768, o sargento inglês Philip Astley construiu um anfiteatro ao ar livre, onde pela manhã dava aulas de equitação e apresentava espetáculos equestres. Foi ele quem teve a ideia que iria revolucionar o mundo dos espetáculos – num picadeiro de 13 mts de diâmetro, mesclou exercícios equestres com proezas dos artistas de feira.
O espetáculo, baseado na disciplina militar e na valorização da destreza e do perigo, deixava a platéia muito tensa, era preciso que o espectador tivesse momentos de relaxamento. É aí que surge o palhaço do circo. O clown, o campônio de quem os artistas intinerantes sempre gostaram de caçoar, veio a ser o protótipo do bufão do circo.
Esse novo tipo de espetáculo logo se espalhou pela Europa e pelas Américas. Os primeiros palhaços: os pioneiros do circo moderno foram a princípio o palhaço a cavalo e o palhaço de cena.
A cara branca tradicional, feita com farinha, ou a preta, com carvão, surgiu primeiro na França, com o trio cômico que fazia cenas em que representavam padeiros, que terminavam sempre com a cara enfarinhada, jogando farinha uns nos outros.
Na França, o clown equestre era chamado de paillasse – inspirado no Pagliaccio da Comedia dell’arte. Os palhaços se dividem em dois tipos – o branco e o augusto. O branco é mais elegante, de roupas bordadas; o augusto representa quase sempre um vagabundo, com roupas enormes, inclusive os sapatos, nariz vermelho e boca acentuadamente grande.
O palhaço brasileiro foi criado nas festas do Brasil colônia. Eis a descrição de uma dessas festas – “No domingo – palhaçadas! Saíram duas companhias de gente mascarada e vestidas ao gracioso burlesco”. Todos se divertiam como palhaços, brincando pelas ruas da cidade.
Não podemos esquecer os ciganos que, na Vila Rica de Ouro Preto, realizavam comédias, bailes, máscaras e etc..
No Rio de Janeiro do século XIX, existiam casas de espetáculos com atividades dedicadas quase que exclusivamente aos shows circenses.
As festas populares também tinham seus palhaços – como a folia de reis, pastoris, bois-bumbás e sobretudo a do Festa do Divino.
E assim, pouco a pouco, começava a ser desenhado o jeito brasileiro de brincar.
Os palhaços cantavam a chula, cantigas entre as mais conhecidas, de versos cantados até hoje:
O raia o sol, suspende a lua,
Olha o palhaço no meio da rua
E o palhaço, o que é?
É ladrão de mulher!
A diferença do palhaço europeu do brasileiro é que o nosso não só dialogava mas também cantava! E cantavam eles muito bem... José Ramos Tinhorão, em seu livro, observa que os primeiros cantores a gravarem discos no Brasil foram os palhaços de circo. Bahiano teve a honra de ser o intérprete do primeiro samba gravado no Brasil : Pelo telefone, de Donga.
O Brasil teve grandes palhaços, que não podemos deixar de mencionar e a quem devemos apresentar nossos cumprimentos – Polydoro , cujo nome era inspirado no General Polydoro Quintanilha Jordão; Alcebiades Pereira – que era também exímio acrobata; Benjamim de Oliveira – o primeiro palhaço negro – exibia-se no circo Spinelli - era negro mas pintava a cara de branco, como faziam os palhaços. Se Bahiano gravou o primeiro samba, Benjamim participou do primeiro filme – baseado no Guarani de José de Alencar – ele foi o Peri.
Rosa Magalhães
CARNAVALESCA
Bibliografia consultada:
Viveiros de Castro , Alice - O Elogio da Bobagem – Palhaços no Brasil e no Mundo - Alice Viveiros de Castro – Editora Família Bastos - Rio de Janeiro – 2005.
Moura, Roberto – Grande Othelo – Um Artista Genial – Rio de Janeiro – Relume Dumará - Prefeitura -1996.
Marinho , Flávio – Oscarito - o Riso e o Siso - Rio de Janeiro – Record – 2007.
Barsalini, Glauco – Mazzaropi – o jeca do Brasil – Barsalini – Campinas – SP – Editora Atomo -2002.
Bueno, André Paula – Palhaços da cara preta: Franciso, Catirina, Mateus e Bastião, parentes de Macunaíma no boi, cavalo marinho e folia de reis - MA – Pe – MG – S.Paulo – Edusp – 2014.
O Circo no Brasil – RIO – Funarte – S. Paulo – 1998
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Enredo São Clemente 2016 |
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