Lembro, quando menino, de ver o flagelo de perto, na minha terra natal. A miséria batia à minha porta: um povo sofrido me estendia as mãos, como pedinte. Eram filhos da seca vindos dos áridos sertões, que deixaram pelo caminho suas esperanças.
Anos se passaram e, já nos braços do povo, fui conduzido a assumir a responsabilidade de dar a ele voz e dignidade. Na periferia de Recife, paisagens desoladas. A pobreza mora na lama, nos mangues, se equilibrando em palafitas.
No meu tempo, agi como um juiz, numa questão em meio aos canaviais. Para inverter as injustiças, promovi o "Acordo do campo", numa época em que era preciso "Reformar". Por tais ações, tive daquela gente comovente gratidão. Buscavam em mim, mais que um amigo, mais que um irmão, e deram-me a alcunha de "Pai Arraia", como gesto de candura e devoção.
Lembro dos ensinamentos de Paulo Freire e da fé de D. Helder Câmara. Com o apoio dos queridos amigos, educadores, artistas, e intelectuais, surgiu um grande "Movimento", o MCP, para despertar as massas, que pela educação iriam se libertar.
Valorizando a cultura e mantendo as tradições, todas as artes se apresentaram nas praças, congraçando as classes.
Hoje seus cantos e danças "fervem" e tomarão a Passarela do Samba, com batuques soltos e sonoros, com maracatus de baques soltos e virados, nesta festa popular.
Mesmo não estando entre vós, deixo minhas lembranças e o meu legado, no ano do meu centenário, num carnaval de sonho, com a Vila a comemorar.
Texto de Alex de Souza e Martinho da Vila.
TEXTO DISTRIBUÍDO À IMPRENSA
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por que ñ a nada sobre a vila izabel?
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