quinta-feira, 11 de junho de 2015

E sobre a troca de posição entre União da Ilha e Tijuca...

União da Ilha 2016

É bom começar essa reflexão lembrando quem é o Senhor Ney Filardi, presidente do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, um sujeito que encontrou sua agremiação no grupo de acesso, e com trabalho sério trouxe de volta à elite do carnaval carioca uma das mais simpáticas agremiações do país.

O Ney, com sua Ilha, desde que chegou impôs um trabalho refinado e competente no trato à gestão administrativa sempre com um olhar criterioso para desenvolver os carnavais da insulana. Em seu desfile de volta, com Rosa Magalhães, a escola quebrou uma "tal corrente" que vinha sendo construída, "de que escola que sobe do acesso não permanece no especial". Com o pedido de demissão da Professora Rosa, a escola recebeu o talentoso Alex de Souza, com sucessivos investimentos, tanto em estrutura, modernização de seu barracão e contratação de bons profissionais, a Ilha é hoje, sem dúvidas uma escola competitiva neste cenário de gigantes que se tornou o atual grupo especial.

Vi nestes anos de Ney Filardi, uma escola guerreira, que de tudo fez até aqui em busca não apenas de se manter no grupo, mas de resgatar sua essência e marcar seu nome na história. Estou aqui falando de um presidente sério e trabalhador.

Ao episódio que chocou o mundo do samba, quando, durante o sorteio da ordem dos desfiles a União da Ilha conquistou o direito de fechar os desfiles de domingo e surpreendentemente trocou esta privilegiada posição com a Unidos da Tijuca que desfilaria na segunda pior posição deste dia, é bom que se mantenha o respeito a este homem de caráter. Concordar ou não com a atitude do presidente, faz parte da democracia e liberdade de pensamente, mas é preciso ter coerência e responsabilidade nas críticas, porque estamos julgando um Senhor que resgatou os bons carnavais para esta escola, que devolveu o direito do torcedor insulano de voltar a sonhar; estamos nos referindo a um homem correto com sua agremiação, que durante seu mandato jamais nos apresentou qualquer indício de corrupção, ou qualquer outro ato ilícito a condução do cargo que exerce, um homem que tem história, tem família, não construiu sua imagem ao sabor da sorte, e sim fruto de árduo trabalho.

Este blogueiro, como a grande maioria, discorda da decisão do presidente Ney Filardi, mas clamo ao mundo do samba que pratique coerência e respeito a este Senhor. Acredito que faltou coragem ao presidente para manter a escola na posição sorteada, a União da Ilha do Governador é muito, mas muito maior do que, talvez por um segundo, o presidente tenha pensado, com uma torcida extremamente mais apaixonada do que a torcida tijucana, superior em número e história, com o aporte financeiro que receberá neste enredo, e o trabalho sério que realiza, eu não tenho dúvidas de que tinha todas condições para fechar o domingo de carnaval. Aliás, o carnaval carioca precisa muito de renovação de dados, renovação de quem ganha títulos, de quem é privilegiada, de quem abre e fecha carnaval, infelizmente a Ilha jogou nesta chance ímpar no lixo, simples assim.

O presidente não quis fechar os desfiles, comunicou aos presidentes Farid e Horta este sentimento, para os desinformados, Ney mantém uma relação de amizade com os dois, o que o fez ofertar sua rejeitada posição, como houve interesse de ambas as partes, propôs-se um "par ou impar" e Fernanda Horta levou a melhor, nada mais do que isto aconteceu naquela noite. Gostem ou não, aprovem ou desaprovem, façam suas reclamações, gritem, julguem, mas, por favor, não sujem a vida de homem correto, com boatos de que houve movimentação financeira para a referida troca. União da Ilha, e toda esta diretoria merecem este respeito vinda do mundo do samba.

Concluo me juntando aos que acreditam que a troca de posição, embora atrapalhe e muito o desfile, não sepulta a escola, não a condena ao rebaixamento, apenas dificulta sua condição em comparação às demais agremiações que desfilarão com uma Sapucaí com público elevado, mais quente, que poderão analisar defeitos e problemas cometidos por que desfilou antes, nada mais.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

E a sorte voltando a sorrir para a Estação Primeira de Mangueira

Ordem dos desfiles 
Sorte talvez defina muitos resultados no carnaval moderno, a falta dela já tirou escolas da disputa e jogou outras no grupo de acesso. Desfilar com chuva é falta de sorte! Uma alegoria que foi exaustivamente testada e no dia do desfile apaga todo seu sistema luminotécnico, gozou da falta de sorte! Uma escola que não estava no páreo, mas vê suas concorrentes cometeram erros em seus desfiles, está com sorte! 

E é neste mundo de sorte e falta dela, que a Velha Manga parece está virando o jogo a seu favor. Para além de seus problemas financeiros, esta é uma escola de samba que aprendeu muito cedo a fazer carnaval com paixão e samba no pé, com uma comunidade singular, sempre que foi possível fez seu chão valer títulos e boas posições na história.

Depois da frustrada "Festança Brasileira" e do caótico e deprimente enredo que tentou homenagear as mulheres  mangueirenses/brasileiras, a  escola da saudosa Dona Neuma volta a respirar um ar mais agradável. Sorte e ousadia, talvez tenha sido o presidente Chiquinho  ter optado pela energia e talento do ainda jovem carnavalesco revelação do último carnaval, Leandro Vieira.

 Sorte? Este carnavalesco propor um enredo em que está sendo possível fazer as pazes com a grande mídia, em abrir portas comerciais que outrora estiveram lacradas para a Mangueira, em poder retomar a atenção no mundo do samba para a Verde e Rosa, em resgatar nossa confiança de dias melhores e um carnaval digno da história que presta a Estação Primeira. Sorte é a homenageada ser mangueirense e aceitar o gracioso convite desta administração.

Ainda no caminho da sorte, o mangueirense foi para o sorteio da ordem dos desfiles, um tanto apreensivo, com aquele fantasma do domingo de carnaval ainda assombrando os sonhos de brilhar na Sapucaí. E comparando sorte com a falta dela, me recordei que em 2014 as bolas que foram para as mãos do ilustre mangueirense foram 1 e 2, a sorte realmente não queria aportar em Mangueira, mas com os ventos de Oyá soprando a favor, as bolinhas  que agora desceram cantaram o oposto: 10 e 6, não dando chances para que se alimentasse outro pensamento de que está marcado que é a Velha Manga de guerras louváveis  em defesa do samba, que encerrará os desfiles de 2016 ao som da bateria Tem Que Respeitar Meu Tamborim, embalada pelo intérprete Estandarte de Ouro, Luizito, e ao pavilhão sagrado os cuidados no casal também Estandarte, Squel e Raphael. Também é sorte que a Rainha Evelyn Bastos continue seu reinado majestosamente! Sorte ainda, poder acreditar num coreógrafo que tem sido sensação no quesito comissão de frente, ao menos dos últimos três anos certamente. Digo sorte, porque com uma vida financeira ainda não resolvida, qualquer um destes profissionais poderiam estar em outra agremiação, seduzidos pelo vislumbre que por aí aflora. Mas neste caso, sorte e competência se abraçam.

Sorte, talento, tradição, garra, força, pensamento positivo, alegria, união... é, realmente parece que a "sorte" está voltando para o Morro de Mangueira, de onde jamais deveria ter saído. Mas é bom que se registre, que esta não é uma agremiação que escreveu seu nome com caneta mágica, foi com muito talento e dedicação, mas nada como ter a velha sorte soprando a favor de gente tão comprometido com o resgate do samba e a beleza do carnaval. E que venha muito Verde, muito Rosa, e muito mais  'Maria Bethânia: a menina dos olhos de Oyá.'

Vamos Mangueira, Essa É A Hora!