Ordem dos desfiles |
Sorte talvez defina muitos resultados no carnaval moderno, a falta dela já tirou escolas da disputa e jogou outras no grupo de acesso. Desfilar com chuva é falta de sorte! Uma alegoria que foi exaustivamente testada e no dia do desfile apaga todo seu sistema luminotécnico, gozou da falta de sorte! Uma escola que não estava no páreo, mas vê suas concorrentes cometeram erros em seus desfiles, está com sorte!
E é neste mundo de sorte e falta dela, que a Velha Manga parece está virando o jogo a seu favor. Para além de seus problemas financeiros, esta é uma escola de samba que aprendeu muito cedo a fazer carnaval com paixão e samba no pé, com uma comunidade singular, sempre que foi possível fez seu chão valer títulos e boas posições na história.
Depois da frustrada "Festança Brasileira" e do caótico e deprimente enredo que tentou homenagear as mulheres mangueirenses/brasileiras, a escola da saudosa Dona Neuma volta a respirar um ar mais agradável. Sorte e ousadia, talvez tenha sido o presidente Chiquinho ter optado pela energia e talento do ainda jovem carnavalesco revelação do último carnaval, Leandro Vieira.
Sorte? Este carnavalesco propor um enredo em que está sendo possível fazer as pazes com a grande mídia, em abrir portas comerciais que outrora estiveram lacradas para a Mangueira, em poder retomar a atenção no mundo do samba para a Verde e Rosa, em resgatar nossa confiança de dias melhores e um carnaval digno da história que presta a Estação Primeira. Sorte é a homenageada ser mangueirense e aceitar o gracioso convite desta administração.
Ainda no caminho da sorte, o mangueirense foi para o sorteio da ordem dos desfiles, um tanto apreensivo, com aquele fantasma do domingo de carnaval ainda assombrando os sonhos de brilhar na Sapucaí. E comparando sorte com a falta dela, me recordei que em 2014 as bolas que foram para as mãos do ilustre mangueirense foram 1 e 2, a sorte realmente não queria aportar em Mangueira, mas com os ventos de Oyá soprando a favor, as bolinhas que agora desceram cantaram o oposto: 10 e 6, não dando chances para que se alimentasse outro pensamento de que está marcado que é a Velha Manga de guerras louváveis em defesa do samba, que encerrará os desfiles de 2016 ao som da bateria Tem Que Respeitar Meu Tamborim, embalada pelo intérprete Estandarte de Ouro, Luizito, e ao pavilhão sagrado os cuidados no casal também Estandarte, Squel e Raphael. Também é sorte que a Rainha Evelyn Bastos continue seu reinado majestosamente! Sorte ainda, poder acreditar num coreógrafo que tem sido sensação no quesito comissão de frente, ao menos dos últimos três anos certamente. Digo sorte, porque com uma vida financeira ainda não resolvida, qualquer um destes profissionais poderiam estar em outra agremiação, seduzidos pelo vislumbre que por aí aflora. Mas neste caso, sorte e competência se abraçam.
Sorte, talento, tradição, garra, força, pensamento positivo, alegria, união... é, realmente parece que a "sorte" está voltando para o Morro de Mangueira, de onde jamais deveria ter saído. Mas é bom que se registre, que esta não é uma agremiação que escreveu seu nome com caneta mágica, foi com muito talento e dedicação, mas nada como ter a velha sorte soprando a favor de gente tão comprometido com o resgate do samba e a beleza do carnaval. E que venha muito Verde, muito Rosa, e muito mais 'Maria Bethânia: a menina dos olhos de Oyá.'
Vamos Mangueira, Essa É A Hora!
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