quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Quando uma porta-bandeira vira rainha de sua agremiação...

Squel
Num mundo onde o brilho, as penas de faisão e toda sorte de pompa e luxo tomaram conta não apenas de um quesito em particular, mas de todo desfile, era de se supor que as porta-bandeiras tomassem esse rumo, um tanto técnico em demasia, e pouco tradicional, o que não aconteceu graças aos deuses do samba não aconteceu.

Numa posição de extrema relevância, onde divide com seu único parceiro o total de 40 pontos, que quase sempre podem valer um título ou uma posição melhor na classificação, bailar, coreografar, encantar, cantar, defender seu pavilhão, e ainda superar a boa avaliação dos quase sempre duvidosos julgadores da LIESA, parece que virou coisa pra heroína, daquelas que nos acostumamos a ver nos desenhos animados como Mulher Aranha, Jubileo, Tempestade, Jean Grey, Black Cat, Ravena, Vampira, She-Ra, Safira Estrela, Estelar, Mulher Invisível, Kitty (lince negra), Garota Marvel, Super Girl, Espectral,  Viúva Negra, Magma, Boom Boom, Lupina, Mística e tantas outras.

As perguntas que valem ser consideradas são: o que aconteceu com a essência de uma porta-bandeira? Até aonde vai o rigor dos julgadores? Como preservar a tradição desse quesito?

Num cenário de inesgotáveis figuras que se imortalizaram com suas bandeiras em punho, as mulheres de hoje  se superam a medida em que ser porta-bandeira representa muito mais do que 40 pontos para suas respectivas comunidades, representa por si só, o encanto e magia de legítima identidade e reciprocidade com seus leais torcedores.

Vi uma porta-bandeira chegar na Estação Primeira de Mangueira, não faz muito tempo... vi como se esperasse ser surpreendido, em busca talvez de um Estandarte de Ouro ou da tão aguardada nota máxima, daquelas que defendendo a Beija-Flor de Nilópolis, a maior de todas em nossos dias nos acostumou a ver, Selminha Sorriso e sua impecável exibição costumeira, ou parte do glamour que Ruth Alves, Giovanna e Lucinha Nobre nos presenteiam todos os anos, era somente isso que esperava. Entretanto, o que eu vi, foi um quesito renascer com uma força incalculável e misteriosamente surpreendente ao som de um surdo um. 

É bem provável que a Mangueira tenha aprendido com toda sua gloriosa história em defesa do samba, que este é um quesito que sempre valerá muito mais do que  40 pontos, vale o coração de uma gente que não se cansa de adorar e idolatrar as cores de seus pavilhão. Squel Jorgea, é uma dessas mulheres que quando chegam em uma agremiação se tornam verdadeiras rainhas, mas talvez o reinado com bandeira na mão, se faça muito mais por toda sua ancestralidade e paixão, porque é preciso ter mais do que talento, é preciso paixão incondicional.

Vi uma porta-bandeira, vindo de Mangueira passar por algumas outras agremiações, com excelentes resultados, mas não tão viva, esperançosa, ardente em chamas de amor como hoje a vejo na Verde e Rosa, uma Squel que conquistou sua gente, seu povo, a crítica especializada, as co-irmãs, uma já tão experiente profissional, mas com ginga de revelação, porque talvez, hoje, tenha reencontrado seu verdadeiro amor, a Estação Primeira de Mangueira de seu avô, o eterno Mestre Xangô.

Nas veias dessa porta-bandeira corre sangue verde e rosa, seu suor, aos que perto estão exala uma espécie de identidade familiar com todos que se digam mangueirenses, sua presença se tornou nessa retomada de rumo da escola uma espécie de referência muito associada à tradição, que nunca deveria ter saído do rico celeiro de Mangueira.

Em 2014 não veio Estandarte de Ouro, nem tão pouco a nota máxima (o que poderia eu, aqui discutir, vide as justificativas nada justificáveis), mas o que veio foi maior do que qualquer prêmio, coisa que pouca gente no mundo do samba sabe o que representa, somente uma escola realmente de samba, conseguiria entender o que é resgatar um nome como o de Squel Jorgea, o que é ter uma porta-bandeira legitimamente mangueirense. O que conquistamos nesse  ano foi amor, desses que a gente reza todos os dias para que dure a vida inteira.

Porque quando uma porta-bandeira vira rainha de sua agremiação, o mundo do samba agradece!

3 comentários:

  1. Que texto lindo, e obrigada pelo carinho que a mim coube e a Squel é uma querida e torço para que tão logo ela receba todo merecimento

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  2. O que me deixa triste é ver um bom texto publicado com uma foto minha, sem aviso prévio, e sem o devido crédito. Sem minha foto, sem a imagem, a matéria ficaria incompleta, perde força, não é mesmo?

    É muito simples. Coloque lá: Créditos: RICARDO ALMEIDA

    Tão simples quanto pegar a foto na internet ou sei lá aonde foi.

    Sem mais

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  3. Ta de Brincadeira ne.....kkkkkkkkk Esse cara nao sabe nada de Raiz.. Giovanna sim e a verdadeira Rainha da Mangueira

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