Renato Lage |
No Carnaval deste ano, o Salgueiro vai abordar na Sapucaí um tema de grande importância e que serve de alerta para o futuro: a sustentabilidade. A ideia do casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage, com o enredo "Gaia, a vida em nossas mãos", é enfatizar a necessidade de preservação do meio ambiente e conscientizar a população em prol das próximas gerações. Com esta mensagem, a escola espera conquistar o décimo título de sua história.
"Já tem um tempo que sempre aparecemos como favoritos. A escola recuperou o seu prestigio e isso é muito importante. Todos sabem que o Salgueiro é uma escola que vem para ganhar o título. E é isso que queremos", afirmou o confiante Renato.
A menos de duas semanas para o desfile (a escola será a quinta a passar pelo Sambódromo, no domingo, dia 2), Renato Lage, em entrevista ao Dia Na Folia , comentou sobre a expectativa para a apresentação da Academia do Samba, a relevância do enredo, o ótimo hino escolhido, a homenagem que vai prestar a Fernando Pamplona (ex-carnavalesco da agremiação, falecido em setembro do ano passado) e do favoritismo da Vermelho e Branco.
Como estão os últimos preparativos para o desfile?
Estão dentro do programado, do cronograma. Estamos acelerando um pouco mais nessa reta final. Mas vai ficar tudo pronto, com certeza.
O ensaio técnico do Salgueiro foi muito elogiado. Acredita que isso seja um possível diferencial?
A escola está empolgada, motivada e acreditando num bom desfile. O que vimos na Sapucaí é reflexo disso. O samba-enredo fez a parte dele, de se comunicar com o público, tanto que a arquibancada toda cantou. Foi tudo ótimo.
Logo no lançamento do enredo você deixou claro que este não era um tema africano. Entretanto, o próprio samba da escola se baseia na cultura africana ao citar os orixás. Como você vê essa relação?
As pessoas lançam um boato que pega uma proporção muito grande. Eu acho que os orixás estão dentro do enredo, estão no mundo da cultura urbana. A gente colocou isso porque o Salgueiro tem uma ligação muito forte com temas africanos. O fato do samba falar de orixás não significa que é religioso. É poético. O Carnaval não é afro o tempo todo. Tem uma diversidade de coisas de acordo com o enredo da sustentabilidade. A gente vai abordar o início dos quatro elementos (Terra, Água, Fogo e Ar) de uma forma bonita. A letra do samba também fala de Gaia, de sustentabilidade... É um conceito universal. O desfile vai mostrar e tirar todas as dúvidas de vocês.
O Salgueiro é sempre um dos grandes favoritos ao Carnaval. Como a escola vai para a avenida este ano?
Vamos para ganhar o título. Vamos tentar superar todas as adversidades e as outras escolas. A gente está fazendo um trabalho para isso. Vai ser disputado, como sempre é. Vamos ver na hora do julgamento também.
A escola vem batendo na trave nos últimos anos. Qual o segredo para não errar e levar a taça neste Carnaval?
Cada ano é um tipo de trabalho. Hoje, assim como nos outros, o pessoal está acreditando. O segredo eu não sei, tudo acontece lá na hora. O momento do desfile é mágico. Ou tudo dá certo ou tudo dá errado. É tudo ao vivo, não tem gravação. É tudo feito para que o desfile seja sem erros em todos os segmentos.
Qual o ponto forte para o desfile deste ano?
Não vou destacar nenhum ponto forte. Às vezes você acha que vai acontecer, mas não acontece. Às vezes acha que não vai acontecer, mas acontece. O ponto alto esse ano é a mensagem que o Salgueiro está dando. É um alerta para todos nós que habitamos o planeta Terra. Temos que ter mais cuidado. O samba é bom e a escola está empolgada. Estamos preparados.
O enredo aborda a sustentabilidade. Como foi elaborar um desfile com esse tema?
A gente recebeu essa incumbência. Foi uma proposta de patrocínio. A ideia é tirar algo que fique compatível com a proposta de sustentabilidade. Nada melhor que isso. Gaia é a Mãe Terra. Vamos dar uma mensagem, já que é um tema atualíssimo. Acho que é a primeira escola que aborda esse tipo de tema no Carnaval. Vamos fazer uma poesia em cima disso.
Nos últimos anos, os carros alegóricos gigantes deram problema para o Salgueiro. Como será desta vez?
Não tem nada disso. Os carros do Salgueiro têm os mesmos tamanhos dos de outras escolas. Carros grandes vão sempre para a Avenida. Estabeleceram uma imagem, um mito, de que o Salgueiro se atrapalha por causa disso. A mídia adora ver um problema sério por que isso dá ibope. O problema aí é uma questão humana. Em 2010, o erro de um maquinista que atrapalhou. De lá pra cá, os desfiles foram bons, não tivemos problemas.
Vai fazer alguma homenagem para Fernando Pamplona, que faleceu no ano passado?
Não posso adiantar muita coisa, mas vai ter um momento em que a figura do Fernando será lembrada por tudo que ele representou para o Salgueiro. Ele tinha temas afros muito interessantes que colocou na escola. Não vai ser muito piegas. Não posso forçar uma barra apelativa.
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