Por Jorge Mendes, colunista do site Carnavalesco
Quem nunca julgou um livro pela capa ou um filme pelo título? Às vezes por ambos, capa e título? Todos nós, não é mesmo? Comecei o assunto com essas perguntas para abordar o enredo de escola de samba, ou como nós o (pré) avaliamos. A todo momento, ouço pessoas, envolvidas ou não com carnaval, dizendo: "A tua escola vai falar sobre isso? Isso é enredo que preste?". Na realidade, quando dizemos ou pensamos isso, estamos analisando o enredo de modo muito superficial, ou seja, pelo título simplesmente, pela sua potencialidade plástico-visual, ou, quando muito, pelo seu argumento.
Repare, caro internauta, que venho colocando os verbos na 1ª pessoa do plural, ou seja, me incluo também como ex-praticante desse comportamento. Erroneamente achava, por exemplo, que um enredo sobre papel jamais poderia ganhar a mesma nota que um enredo sobre Carlos Drummond de Andrade; que papel já ia entrar no desfile perdendo "feio" para nosso poeta. Ora, se o enredo é a retratação do que foi escrito para a avenida, através de suas fantasias e alegorias, estava eu cometendo um pré-julgamento, totalmente subjetivo, e, o que é pior, injusto a tal ponto que acabava tornando-se um conceito previamente avaliado; em outras palavras, um "pré-conceito".
Para melhor ilustrar, lembro claramente do momento em que soube que o enredo da Estácio de Sá para o carnaval de 1988 seria O Boi dá Bode. "Que enredo é esse?" - pensei. "Com certeza a escola desce!" O mesmo ocorreu quando da divulgação do enredo da Mocidade I. de Padre Miguel para 87: Tupinicópolis. "Já posso imaginar uma enxurrada de índios numa mesmisse só". Perceba, caro internauta, que, em ambos os casos, cometi os mesmos erros de avaliação comentados acima: não avaliei argumento, sua potência criativa, cultura, plástica. O que deu bode foi minha avaliação, pois Rosa Magalhães deu um banho de originalidade e bom gosto naquele ano; enquanto o tal enredo de índios virou ícone como um dos melhores enredos passados na Sapucaí, nas mãos de Fernando Pinto.
Repare, caro internauta, que venho colocando os verbos na 1ª pessoa do plural, ou seja, me incluo também como ex-praticante desse comportamento. Erroneamente achava, por exemplo, que um enredo sobre papel jamais poderia ganhar a mesma nota que um enredo sobre Carlos Drummond de Andrade; que papel já ia entrar no desfile perdendo "feio" para nosso poeta. Ora, se o enredo é a retratação do que foi escrito para a avenida, através de suas fantasias e alegorias, estava eu cometendo um pré-julgamento, totalmente subjetivo, e, o que é pior, injusto a tal ponto que acabava tornando-se um conceito previamente avaliado; em outras palavras, um "pré-conceito".
Para melhor ilustrar, lembro claramente do momento em que soube que o enredo da Estácio de Sá para o carnaval de 1988 seria O Boi dá Bode. "Que enredo é esse?" - pensei. "Com certeza a escola desce!" O mesmo ocorreu quando da divulgação do enredo da Mocidade I. de Padre Miguel para 87: Tupinicópolis. "Já posso imaginar uma enxurrada de índios numa mesmisse só". Perceba, caro internauta, que, em ambos os casos, cometi os mesmos erros de avaliação comentados acima: não avaliei argumento, sua potência criativa, cultura, plástica. O que deu bode foi minha avaliação, pois Rosa Magalhães deu um banho de originalidade e bom gosto naquele ano; enquanto o tal enredo de índios virou ícone como um dos melhores enredos passados na Sapucaí, nas mãos de Fernando Pinto.
Outra afirmação espalhada aos borbotões: " O enredo é afro? Descobrimento? Estado brasileiro? Carnaval? Isso já passou na avenida!..." E daí? Nossos artistas populares (carnavalescos) já provaram que, com uma pitada de criatividade e bom gosto, podem montar verdadeiros espetáculos e inéditos aos nossos olhos, através de diferentes "leituras".
Sugestão: por que, ao invés de conferir e penalizar se a ala 17 veio ou não à frente da 18, o jurado de enredo deixe de apenas OBSERVAR e passe a VALORIZAR itens do enredo como clareza e criatividade.
Comentando o assunto com o amigo Vicente do Babado, passamos a pescar pérolas de criatividade. Além dos dois exemplos acima, "pescamos" flashes de momentos de extrema criatividade dos desfiles:
1990 => ala das borboletas - Estácio de Sá
1991 => carro da bijuteria - Salgueiro => carro da Enchente - Mocidade
1992 => ala e carro da madeira - Caprichosos
1993 => carro do barro - Vila Isabel => carro do menino no video-game - Mocidade => carro da Oxum - Viradouro
1994 => carro do acampamento Apache - U Tijuca
1999 => ala da caspa - U do Cabuçu => carro do Tatu - U Tijuca
2000 => enredo sobre o vento => União de Jacarepaguá
2002 => ala da assombração => Mangueira = > ala da Idade Média B Flor
2003 => comissão de frente e carro dos espantalhos - Paraíso do Tuiuti => abre-alas da Viradouro (teatro)
2004 => carro DNA, cérebros da bateria e ala da múmia - U Tijuca
2005 => carro dos vampiros - U Tijuca => ala estrela de aluguel - Lins Imperial => capela Sistina - Mocidade
2006 => carro do cemitério e ala da lavagem do dinheiro - Rocinha
2008 => carro da vida - Portela
2008 => ala dos bispos vermelhos - Grande Rio
Caro internauta, complete nossa lista, dando seus palpites de criatividade...
Sugestão: por que, ao invés de conferir e penalizar se a ala 17 veio ou não à frente da 18, o jurado de enredo deixe de apenas OBSERVAR e passe a VALORIZAR itens do enredo como clareza e criatividade.
Comentando o assunto com o amigo Vicente do Babado, passamos a pescar pérolas de criatividade. Além dos dois exemplos acima, "pescamos" flashes de momentos de extrema criatividade dos desfiles:
1990 => ala das borboletas - Estácio de Sá
1991 => carro da bijuteria - Salgueiro => carro da Enchente - Mocidade
1992 => ala e carro da madeira - Caprichosos
1993 => carro do barro - Vila Isabel => carro do menino no video-game - Mocidade => carro da Oxum - Viradouro
1994 => carro do acampamento Apache - U Tijuca
1999 => ala da caspa - U do Cabuçu => carro do Tatu - U Tijuca
2000 => enredo sobre o vento => União de Jacarepaguá
2002 => ala da assombração => Mangueira = > ala da Idade Média B Flor
2003 => comissão de frente e carro dos espantalhos - Paraíso do Tuiuti => abre-alas da Viradouro (teatro)
2004 => carro DNA, cérebros da bateria e ala da múmia - U Tijuca
2005 => carro dos vampiros - U Tijuca => ala estrela de aluguel - Lins Imperial => capela Sistina - Mocidade
2006 => carro do cemitério e ala da lavagem do dinheiro - Rocinha
2008 => carro da vida - Portela
2008 => ala dos bispos vermelhos - Grande Rio
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