quinta-feira, 31 de julho de 2014

Que Vila Isabel é essa?

Do céu ao inferno, a escola de Noel Rosa viu o carnaval de 2014 se caracterizar como um de seus piores em toda sua história, exatamente pelo que este humilde blogueiro vem pregando ao coro de muitos: sem gestão é impossível fazer carnaval...

Vila Isabel
Repaginada, introduzida uma nova direção, um pouco mais apaixonada do que técnica, a Vila Isabel decidiu se levantar do chão, e provando isso a presidente contratou ninguém menos do que o mestre Max Lopes, que a despeito de quem não faz questão alguma de preservar o passado, a história do carnaval, as qualidade de um profissional com a vivência de Max, ele ainda pode, se quiser superar seu bom gosto costumeiro, voltar a brilhar em terras de Vila Isabel.

Com um enredo extremamente poético, a Max desenvolveu uma sinopse que proporcionou todas as vantagens para a refinada Ala dos Compositores produzir o que pode ser uma das melhores safras de sambas de enredo na Vila dos últimos tempos. O que será uma missão um tanto difícil, levando em consideração os últimos anos em que os poetas gerados pelos ares de Noel Rosa e Martinho da Vila, nos brindarão, mas possível.

Que Vila é essa? Que Vila queremos e esperamos ver na Sapucaí?

Por certo, uma Vila Isabel imponente, com sua comunidade mais valente do que nunca. A escola possui segmentos fortes ao extremo, que mesmo diante da crise de 2014 não se abateram, está aí como exemplo harmonia e evolução, que sobreviveram a inesperada situação caótica em que passou a azul de branca da zona Norte.

E essa resistência vai passar pela Comissão de Jayme Arôxa, pelo bom gosto do carnavalesco, com uma reviravolta plástica e em tons certamente agradabilíssimos, afinal, estamos falando do homem que se consagrou como o "Mago das Cores". 

Os sambas da Vila já estão aí para a disputa, que certamente será acirrada e dinâmica, capaz de já induzir o sucesso de seu carnaval, e parece que a escola  conseguiu conquistar seu primeiro objetivo, que é fazer um carnaval extremamente artístico e poético, profissional ao extremo sem perder a essência do samba de qualidade.

A Vila que eu espero ver passar diante dos meus olhos naquela tão esperada segunda-feira de carnaval de 2015, é a Vila de Martinho da Vila com todas as nuances possíveis que essa expressão permite. É a Vila 100% comunidade, valente e guerreira, que ao longo desse processo que já estamos vivendo de apresentação de sambas, fantasias, projeto artístico, escolha de samba, organização e produção do barracão, pode voltar a ser a Vila Isabel campeã que o mundo do samba espera reencontrar na poesia e talento dessa gente que está mostrando que só quer respeito.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Que bateria é essa?

Bateria da Mangueira
Quando a gente defendeu que a tradicional bateria da Mangueira deveria voltar às suas raízes, e que não havia entendimento de uma bateria com as credenciais da Verde e Rosa, ter de carregar uma marca que tem outro dono que não a Instituição Cultural G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, a gente não estava defendendo apenas uma simples troca de nome, mas a essência do quesito propriamente dito.

Se na gestão Ivo Meirelles algo realmente funcionou, isso foi a bateria, então "Surdo Um", comandada a mãos de ferro pelo aí sim talentoso artista que desejou virar presidente, este, deu todas as condições que a bateria precisou para brilhar. E com a chegada de Mestre Aílton, vimos uma bateria arrepiar a Sapucaí, com paradinhas, paradonas, super-paradonas, duas baterias, e essa que era tão tradicional começou a trilhar um caminho quase hollywoodiano, talvez sem volta, se no tempo certo não tivesse sido resgatada. Essas linhas não tratam de criticar negativamente a postura dessa bateria durante a gestão passada, de forma alguma, foi preciso para aquele momento, e repito, para aquele momento.

E se era apenas um momento, aquele momento tinha data de validade, e quando venceu, havia um clamor da nação mangueirense de ter sua bateria de volta, e prontamente o presidente Chiquinho da Mangueira e sua diretoria atendeu esse desejo do povo de Mangueira, e vimos uma nova bateria, bem nos moldes daquela dos consagrados Mestres Alcyr Explosão, Taranta e tantos outros sagrados sambistas que deram nome e sobrenome à bateria da Estação Primeira de Mangueira ao longo desses 86 anos.

O retorno da bateria "Tem Que Respeitar Meu Tamborim", com uma Rainha da comunidade, e uma batida que fosse idêntica a nossa tradicional, começou num processo em que Mestre Aílton foi extramente necessário e realizou um bom trabalho, só que era apenas o primeiro passo, a Mangueira precisava mais, e ainda precisa. O que temos hoje, é o ressurgimento das crias da Mangueira, de quem nasceu e vive não apenas no Morro, mas na escola que é acima de tudo, de samba! 

Hoje, ainda se preparando para 2015, essa nova, da mesma antiga "Tem Que Respeitar Meu Tamborim", incorporou de fato, a honra que é representar esse extraordinário coração verde e rosa, que move e impulsiona a "mais querida do planeta". Não se trata tão-somente de um segmento ou uma bateria, se trata de uma paixão, difícil de ser conceituada em palavras ou linhas que nem de longe reflete todo sentimento que envolve essa mágica batida, mas que esses meninos da Mangueira muito bem já tomaram para si.

Trabalhando sem parar, com garra, coragem, determinação e pulso firme, a nova bateria da Velha Manga, tem a missão de resgatar nosso orgulho de ser Mangueira, e a força que une nosso mundo à um mundo onde vive imortais como Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, Jamelão, Mestre Delegado, Dona Zica, Dona Neuma, e tantos homens e mulheres de Mangueira, que nos fazem acreditar que nossa missão em defender essa escola de samba é maior do que qualquer vaidade ou dissidência.

Essa é a bateria que queremos!

Vamos Mangueira, Essa É A Hora!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Compositor faz samba e não milagre!

Samba
Essa janela que existe entre o resultado de um carnaval e o início da temporada de outro, onde vemos um imenso mercado de profissionais sendo negociados, bem como todo tipo de proposta de enredo. Sinceramente, é um tempo de muita ansiedade e expectativa para quem faz carnaval, samba e poesia. E assim como todos os profissionais, estão incluídos aí os poetas do samba, compositores, que nesse período já negociam com quais parceiros e em quais agremiações vão disputar samba. E seguindo esse contexto, todos nós, apaixonados por nossas escolas de samba ficamos inquietos, querendo sempre uma ala de compositores ainda mais forte e dedicada, no mínimo poética, não fosse apenas por isso, vivemos a longa angústia da escolha dos enredos e lançamento das sinopses que eles, os eternos poetas, vão utilizar como base para suas obras.

Será a partir do lançamento do enredo e posteriormente das sinopses que tudo se dará, e realmente todo o trabalho será desenvolvido e criado. E esse momento de angustia e suspense, muito se dá porque hoje em dia, um enredo por ser qualquer coisa! A palavra “coisa” pode não soar muito bem, e ser até feia para uma arte tão bonita como os desfiles das escolas de samba, mas nos últimos anos estamos vivendo um tempo em que enredo pode ser, de fato qualquer coisa: um lugar, uma pessoa, uma situação, um sentimento abstrato, uma emoção, uma data, um rio, um animal, ou mesmo tudo isso misturado, ou nada disso, pode sim, ser qualquer coisa.
Os sambas de enredo, ao contrário dos enredos, pelo menos na teoria, não podem ser qualquer coisa, nem mesmo colocados nesse pacote do ‘vamos vencer de qualquer jeito’ e ‘no fim das contas o resultado vai justificar tudo’, porque aí, nem sempre o bom resultado vem.

Sambas de enredo têm por obrigação serem bonitos, elegantes, simpáticos, empolgantes, de fácil comunicação com o povo, tem de ter cada qual sua particularidade. Mas a pergunta que me faço é: como pode nascer um samba bonito oriundo de um enredo feio e sem conteúdo? Definitivamente, não há como esse milagre acontecer!

E por mais que existam alas de compositores repletas de homens e mulheres talentosos e esforçados, esse milagre dificilmente acontecerá, o máximo que vai acontecer é transformar o feio em arrumadinho, o que não é a função do samba.
Não bastasse essa falta de compromisso com a escolha dos enredos, vamos para outro problema grave: as sinopses!

No período pós-lançamento de enredo, o carnavalesco da agremiação vai explanar a sinopse para o próximo desfile, o coração do samba está ali naquele ato, a entrega da sinopse pode até acontecer, mas nem sempre uma boa explicação acontece, infelizmente.

Vemos enredos passarem nos últimos anos, tão confusos e sem conteúdo, que nem mesmo os próprios carnavalescos conseguem defende-los com dignidade e valentia. Aí estamos enlaçados num prejuízo sem precedentes, péssimo enredo, péssima sinopse e vem aí um samba do ‘crioulo doido’ (sem a qualidade dele, é claro).

É lógico que nem todo bom enredo gera um bom samba, mas aí podemos colocar os compositores para pagarem essa conta, mas certamente um enredo de pouco conteúdo e gosto duvidoso, em hipótese alguma será capaz de fazer nascer um bom samba, competitivo e capaz de emocionar e levantar o povo, e aí a culpa não pode ser direcionado aos guerreiros compositores.

Então, nesse período, ainda de expectativas quanto aos sambas de cada agremiação para 2015, vamos prestar bastante atenção em como cada escola decidiu seu enredo, desenvolveu sua sinopse, para só então, olharmos para os compositores, porque esses poetas podem ser sagrados, mas não milagreiros.


A gente não quer só samba,  a gente quer samba e arte, e não mais milagres!


Publicado no site Rádio Casa do Samba, em 27 de junho por Raymondh Júnior

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Encontro Nacional do Samba. Participe!

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Samba
Carnaval é assunto sério, tema que precisa ser incorporado à política nacional, tratado como parte da indústria brasileira,uma das mais importantes marcas do país no mundo, e um dos grandes pilares de exportação e do desenvolvimento nacional.
Representa, hoje, aproximadamente 5% do faturamento da Cadeia Produtiva do Turismo, que responde por 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 2,9 milhões de empregos diretos. Estudo do Ministério do Turismo sobre o Carnaval de 2013 aponta que o país recebeu 6,2 milhões de turistas e movimentou R$ 5,7 bilhões em todo o Brasil. E gerou cerca de US$ 1,3 bilhão em exportações.
Com forte potencial de exportação de eventos, fantasias e exposições, de produções fonográficas, audiovisuais e editoriais, em torno do Carnaval há um conjunto de atividades econômicas diretamente impactadas em todo o Brasil, com expressivo volume financeiro.
Por isso, chegou a hora de refletirmos sobre o assunto de maneira profunda, envolvendo todos os agentes do processo – carnavalescos, poder público e empresários – numa discussão ampla. E o Rio de Janeiro, pelo seu protagonismo no assunto, deve ser o líder dessa convocação nacional.
  

Quinta-Feira 31 julhosambacon-logo2

16 horas – MESA DE ABERTURA
  • Carnaval, assunto de política nacional: a construção de um Plano Nacional do Carnaval

Sexta-feira – 01 de agosto

14:30/16:00 – Impactos do Carnaval na Economia e no Turismo
  • A cadeia produtiva do Carnaval
  • Carnaval exportação
  • Políticas públicas de incentivos para o Carnaval
16:30/18:00 – Modelos de gestão dos carnavais do Brasil
  • Comercialização e Marketing
  • Formas de patrocínio 
18:30/20:00 – Cidadania e Mão de Obra
  • Projetos de Cidadania
  • Qualificação de mão de obra
  • Contratação de Pessoal: formalização x informalidade

Sábado –  02 de agosto

14:30/16:00 – Carnaval de Rua
  • O crescimento da festa nas ruas
  • Cidades e carnaval
16:30/18:00 – Gestão das Escolas de Samba
  • Visão empresarial
  • Enredo – mais que uma ideia
18:30/20:00 h – Mídia
  • A cobertura jornalística do Carnaval
  • As mídias digitais

Inscrições: http://www.carnavalia.net/

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O dia em que o Salgueiro vestiu Verde e Rosa...

Mangueira no Salgueiro
Imagem: Irradia Mangueira
O samba tem umas coisas, que não se explica em nenhum outro tipo de competição, as escolas de samba conseguem por si só levarem à prática literal a expressão, "co-irmã", que deveria ser usada em qualquer tipo de campeonato. E exatamente dentro dessa lógica que no mundo do samba, as agremiações se cumprimentam, se convivem, se praticam, se admiram, cantam umas às outras, seus torcedores se vivem uns aos outros, para conviver dessa mágica experiência de ser sambista.

O Salgueiro, vem já algum tempo desenvolvendo a prática de receber co-irmãs em sua quadra, muitas outras escolas recebem também, talvez não com a mesma frequência que a Academia do Samba está fazendo, e isso é muito bom, o salgueirense tem a oportunidade de confraternizar sem sair de casa, culturas do samba que se misturam.

Nesse último sábado, 05 de julho, o Salgueiro recebeu ninguém menos que sua madrinha, a Estação Primeira de Mangueira, e numa festa recheada de bom gosto, que contou ainda com a presença da São Clemente, o que se viu na quadra da vermelha e branca foi um verdadeiro mar mangueirense. Vestida com seu tradicional verde e rosa, a Estação Primeira de Mangueira lotou aquele sagrado templo do samba, mostrando àquela gente que o samba é lá em Mangueira, como bem diz seu tão conhecido samba de exaltação.

Seja onde for, o cenário de Mangueira é realmente uma beleza, e não estou falando apenas dos barracos x castelos do Morro, mas principalmente do mangueirense, o povo, que sai de todas as partes do Rio de Janeiro, de carro, ônibus, trem, metrô, barcas, seja lá como faz, acompanha sua paixão, nessa miscigenação tão atraente. O que eu vi nessa apresentação da Estação Primeira, comandada pelo experiente intérprete Luizito foi nada menos do que uma verdadeira prova de amor. E que honra, quando caminhando fui parado por uma tradicional baiana salgueirense que me indagou: vocês da Mangueira, sempre que visitam outra escola lotam a quadra, e fazem todo mundo vestir verde e rosa? Sem saber o que dizer, apenas respondi: como já disse o poeta portelense, "a Mangueira é tão grande que nem cabe explicação!".

E aí, o povo se perguntando: como pode uma escola que não conquista um campeonato há 12 anos se manter como essa potência do carnaval que é? como pode uma legião de torcedores se manterem fiéis mesmo com péssimas colocações nos últimos sete anos? como pode uma gente deixar de fazer tudo para viver e respirar o seu samba? Há na vida do mangueirense, coisas que nem o tempo, nem a filosofia, nem a fé podem explicar, só mesmo o amor de quem é Mangueira.

Vi minha porta-bandeira ao lado de seu romântico mestre-sala, provar mais uma vez que aquelas notas dos julgadores desse carnaval de 2014 não condizem ao seu talento, dedicação e amor...

Vi minha rainha de bateria encantando seus leais súditos, em seus olhos emanam a certeza de que estamos no caminho certo, valorizando nossa comunidade, e mostrando que é em Mangueira que nossa beleza se completa e nosso talento se apresenta...

Vi uma nova bateria, aquele sonho do retorno da "Tem Que Respeitar Meu Tamborim" realizado, como deveria ter sido em 2014 e só agora está sendo, uma raça, uma força, uma vontade em cada ritmista pra dizer simplesmente: eu sou MANGUEIRA!

Vi minha comunidade, essa, impecável como sempre, botando fogo onde quer que passe!

Ah,  e por que não dizer que vi um Salgueiro completamente encantado pela magia de uma das mais tradicionais escolas de samba desse país? Uma quadra que antes era vermelha e branca, mas que se fez verde e rosa, por dever da paixão pelo samba acima de qualquer projeto pessoal.

Obrigado Mangueira, por fazer nosso sonho se tornar felicidade!

Obrigado presidente Regina Celli, por nos receber, tantos monstros sagrados vestidos de verde e rosa, tão honrosamente e carinhosamente, na que hoje é sem dúvidas uma das maiores e mais competitivas escolas de samba, numa casa totalmente confortável, numa noite em que o samba se viu irmão mais uma vez.

E ao Salgueiro, a certeza de que nossa disputa sempre será apenas da Marquês de Sapucaí, porque todo sambista é antes de mais nada um irmão! Muito obrigado!

Salgueiro recebe Beija-Flor e Mocidade neste sábado (12-07)

Salgueiro

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sinopse da Mangueira 2015

Mulheres da Mangueira 2015
Fonte: Irradia Mangueira
Enredo: “Agora chegou a vez, vou Cantar: Mulher de Mangueira, Mulher Brasileira Em Primeiro Lugar!”
Tudo era festa no meu tempo de menino. Nascido e criado em Mangueira, o morro e seus bairros eram o meu quintal, mas também a minha casa, o meu mundo, o meu reduto para brincar, para aprender as duras lições da vida e, para sonhar... Habitada por gente simples e tão pobre/ que só tem o sol que a todos cobre... Cantarolava eu, que nem conhecia Cartola, contudo por intuição percebia a resposta ao como podes Mangueira cantar? De verso em verso, a intuição virava convicção: eu digo e afirmo que a felicidade e os sonhos aqui moram, e aí estava a chave de tudo – a felicidade e os sonhos. Por aqui, até nossos barracos são castelos/ em nossa imaginação... Sonhou feliz, Nelson Cavaquinho.
Certa vez, deitado no chão e olhando para o alto e a imaginar o morro todo em verde e rosa, descobri que a natureza já tinha feito a sua parte. As mangueiras, muitas mangueiras, coloriam a paisagem com todo o verde possível e necessário. Nesse dia entendi a razão/ inspiração do verso Mangueira, teu cenário é uma beleza/ que a natureza criou... Só faltava o rosa, pensei. (1)
Foi há muito tempo que ouvi falar pela primeira vez das grandes mulheres de Mangueira. Vovó Lucíola, parteira que ajudou muitos mangueirenses a chegar ao mundo, dona de uma sabedoria de preta velha, e que muitos diziam ser mais antiga que o próprio morro, me contou, com riqueza de detalhes, lindas histórias de doçura e de bravura, que me encantaram a alma e invadiram a minha imaginação.
Ainda lembro quando vovó me pegou pelo braço e apontou uma frondosa mangueira no alto do morro e falou: “tá vendo aquela árvore, “fio”?” Enxuguei as lágrimas que insistiam em molhar meu rosto e firmei o olhar na direção apontada. E, continuou vovó: “ela é como um elo entre as mulheres do morro e a nossa Escola de Samba. A raiz, o tronco resistente e os galhos cheios de folhas, servem para proteger as flores que se transformarão em frutos. Assim, também, são as mulheres, daqui e de qualquer lugar, “fio”! Nós somos como as árvores, como a natureza, geramos vida e continuidade através dos nossos frutos. Assim é a nossa vivência e nossa contribuição com a Mangueira!”.
Neste dia entendi que o que estava faltando era o rosa feminino daquelas mulheres para fazer par com o verde das mangueiras... Eram as “ROSAS” de Mangueira que estavam faltando!
Tudo agora fazia sentido! Os homens foram a raiz e o tronco, mas as mulheres foram as flores, as “ROSAS” que geraram os frutos mais doces que a Mangueira me deu!
Algum tempo depois, novamente deitado no chão e olhando as mangueiras, agora enfeitadas de flores, lembrei-me da minha conversa com vovó Lucíola. Lentamente adormeci e sonhei. Sonhei com as grandes mulheres de Mangueira recebendo outras grandes mulheres do Brasil para um magistral desfile de carnaval. Sonhei que era primavera no morro e as “ROSAS”, em verso e prosa, novamente, desabrocharam com todo o seu esplendor.
Venham divinas damas que carregam no sangue esta nobreza ancestral, despertem para sonhar novamente e ouçam os versos mais belos que o poeta compôs para lhes ofertar. Por mais esta noite, desçam o morro em cortejo para reinar na folia como legítimas representantes da dinastia do samba, pois é através de suas memórias que a Mangueira vem contar e cantar a trajetória de outras grandes mulheres do Brasil.
Venha vovó Lucíola, e seja novamente a minha guia! Deixe o doce perfume de suas lembranças invadir o meu sonho, entorpecer a minha alma e se espalhar por ruas, becos e vielas.
Na liberdade que somente a poesia e os sonhos podem conceder, vejo os barracos/castelos enfeitados com guirlandas florais e o povo vestido com fidalguia para a noite triunfal.
E as baianas giram e o movimento de suas saias me faz recordar as histórias de valentia e superação que havia escutado muito tempo atrás. Então, presencio Tia Fé, anciã que carrega no próprio nome a força da religiosidade das mulheres do morro, sendo aclamada como uma verdadeira quebradeira de grilhões na aurora da Estação Primeira, e glorifico as mães do samba.
Salve as “Candaces do Brasil”!
Salve Suluca da Mangueira, tal como Chica da Silva, uma autêntica herdeira da realeza africana!
Orayê yê o, Ciata de Oxum; a sua benção Mãe Menininha do Gantois!
Os acordes afinados de um violão me chamam a atenção e uma suave melodia embala o meu sonho. Não demora e o coro, ao longe, também se faz ouvir e o canto harmonioso das pastorinhas de Mangueira atravessa a barreira do tempo, unindo passado e presente e, num compasso emocionante, faz-se ecoar pelas vozes das grandes cantoras mangueirenses, que hoje cantam em homenagem às grandes intérpretes do Brasil. E tem Chica, Chica Boom e balangandãs para todo o lado e disputas acirradas entre as Rainhas do rádio. Mas, sempre haverá uma “bandeira branca” para “clarear” a alegria!
O morro é festeiro e transpira musicalidade. E tem jongo e maxixe nos cordões de velhos, mas a batucada é soberana para embalar a cantoria e animar o povão quando chega o carnaval. Protegida pela Guarda Real da bateria, a rainha desce as escadarias do seu castelo, no alto do morro, e se posta à frente dos ritmistas com altivez monárquica para receber as rainhas da beleza brasileira, lideradas por Gisele Bündchen e Marta Rocha coroada, com a faixa no peito e o cetro na mão. Trajes típicos desfilam a nossa brasilidade e se misturam às mulatas e cabrochas em apresentação apoteótica. No meu sonho “Real”, o Buraco Quente se transforma em passarela de moda e de samba; porque, no reinado de Momo, todas as mulheres são belas rainhas e nós, os seus súditos.
E, tudo em Mangueira é belo e tem seus fundamentos!
Feito um ritual mágico, tia Lina se posiciona para ser reverenciada como a primeira Porta-Bandeira da verde e rosa. Percebo os guardiões abrindo caminho enquanto o pavilhão mangueirense flutua em meio ao povo, conduzido com graça e elegância, ora por Neide, ora por Mocinha. É a arte em movimento antropofágico de Tarsila! É a delicadeza das mãos nos versos de Raquel de Queiroz; é a sensibilidade feminina transmitida em cores e gestos; é o poder da arte derrubando barreiras e preconceitos e empunhando a bandeira da igualdade.
As vozes se multiplicam e a cantoria aumenta. Mas é preciso concentração! Uma voz se destaca entre todas as outras e se faz respeitar! Em Mangueira, berço de grandes guerreiras, Dona Neuma, mulher de fibra, prestígio e liderança, é quem toma as rédeas da situação, seja nas árduas batalhas da vida, no dia a dia do morro ou nas alegres batalhas de confetes e serpentina. Sempre com a firmeza e a sensibilidade de uma líder nata. Quando necessário, fazia-se Maria Quitéria nas pelejas para defender o samba e a Mangueira, mas se alguém precisasse de auxílio, rapidamente se transformava em Ana Néri para socorrer.
Então, respeitem quem pode chegar aonde elas chegaram e abram alas para todas as mulheres que se colocaram à frente de seus tempos e que, nunca estiveram à espera de príncipes encantados para lhes salvar! São estas mulheres que nos conquistam pela simplicidade e, ao mesmo tempo, se impõem pela grandiosidade, e que hoje, personificadas em Dona Zica e aclamadas em um desfile triunfal, recebem de Mangueira o que a história oficial muitas vezes lhes negou: a valorização e o reconhecimento. Que seus exemplos de força e persistência se transformem em uma espécie de vento suave e contínuo capaz de tremular no ponto mais alto das nossas consciências a legítima bandeira verde e rosa... Que o rosa possa significar a mais singela tradução do nosso reconhecimento a todas as mulheres deste país... E que o verde possa transmitir a nossa esperança por igualdade de direitos, para a honra e glória daquelas que lutaram e ainda lutam por dignidade.
Ainda inebriado, sinto o rosa da alvorada no morro a me despertar. Percebo que o meu sonho está chegando ao fim, não no sentido de acabar, mas porque está se tornando realidade! A sua benção vovó Lucíola e, obrigado por me permitir sonhar, por esta noite, o seu sonho maior de igualdade e respeito a todas as mulheres.
É a sua, a nossa Mangueira que está na Avenida e, todas as Marias com as latas d’água nas cabeças, as negas mais malucas do que nunca, as cabrochas e mulatas e as senhoras do Departamento Feminino e da Velha-Guarda, vêm saudar as nossas Ritas Lee, as nossas Martas Vieira da Silva, as nossas Marias da Penha e as nossas Fernandas Montenegro porque, para honra e glória do Brasil, “Agora Chegou a Vez, Vou Cantar: Mulher de Mangueira, Mulher Brasileira Em Primeiro Lugar!”
Cid Carvalho.
(1) Trecho retirado da revista: Mangueira, Paixão em Verde e Rosa de 2005. Texto do então Presidente da Agremiação Álvaro Luiz Caetano e livremente adaptado por Cid Carvalho.
Mangueira 2015

Mangueira divulga enredo e sinopse nesta segunda-feira (07-07)

Sinopse Mangueira
A Estação Primeira de Mangueira divulgará nesta segunda-feira (07) seu enredo e a sinopse para o carnaval de 2015. O evento acontecerá às 19 horas no Palácio do Samba e contará com a presença da cantora Alcione e de vários segmentos da escola.

Segundo o presidente da Estação Primeira, Chiquinho da Mangueira, a diretoria está animada com força e adesão que o enredo veio ganhando entre a diretoria e todos os envolvidos no tema. “Estamos muito confiantes no trabalho que o Cid Carvalho está desenvolvendo e acreditamos que faremos uma grande festa verde e com muito rosa na avenida”, finalizou Chiquinho.


Local: Palácio do Samba
Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1072
Horário: 19h

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Presidenta Dilma na Bateria da Grande Rio

Dilma
Foi na inauguração do Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, nesta última terça-feira (01-07), quando a Presidenta Dilma Rousseff inaugurou mais uma obra de mobilidade urbana em que o Governo Federal foi protagonista, a rodovia liga Duque de Caxias ao município de Itaguaí.


Ao ser recebida com grande festa pelo público presente, após assistir apresentação da Bateria do Acadêmicos do Grande Rio, a Presidenta, mostrou curiosidade e vontade de tocar com os ritmistas

- Quero aprender a tocar um instrumento, como é que é? Como é que faz? - indagou.



O Mestre Thiago Diogo, disse que ensinaria a Presidenta, mas antes, pediu uma selfi com ela e seus ritmistas.

- Ela leva jeito. Se quiser desfilar na bateria, será uma honra para a Grande Rio.Ter a presidente tocando com nossa turma seria uma enorme satisfação para a comunidade de Duque de Caxias - diz Thiago Diogo.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Salgueiro recebe Mangueira e São Clemente

Salgueiro

Fala Presidente Chiquinho da Mangueira!

Chiquinho da Mangueira
Na noite de ontem (01-07), o presidente Chiquinho da Mangueira reuniu a diretoria da Estação Primeira de Mangueira no espaço Alcione, na Vila Olímpica da Mangueira, e com todo entusiasmo que lhe é peculiar, deu o tom de como a Verde e Rosa vai conduzir seu carnaval de 2015.


Sobre o enredo...
O enredo será de autoria do carnavalesco Cid Carvalho, em exaltação às mulheres, começando pelo Morro de Mangueira e conquistando o Brasil e o mundo. Na próxima segunda-feira (07-01), no Palácio do Samba o carnavalesco divulgará a sinopse do enredo.

Sobre patrocínio...
Chiquinho tornou pública todas as negociações que rondavam a escola, o enredo sobre o país da Guiné Equatorial, segundo o presidente, fora oferecido à escola, ele entretanto, recusou, muito pela história de ditadura e opressão em que vive o povo da Guiné. Ele ressaltou ainda, que mesmo com todo aporte financeiro oferecido, este enredo marcaria negativamente a história de uma escola de samba que sempre lutou pela democracia, liberdade e direitos humanos, tudo o que o ditador Teodoro Obiang, presidente daquele país, ferozmente e a preço de vidas não deseja para seus habitantes. Ainda na linha de enredos, os 100 Anos da Nigéria também estava sendo negociado, porém a situação política naquele país também encontra-se muito aquém do que se espera pra se desenvolver um carnaval. E por fim, os 400 Anos da cidade de Cabo Frio, que o presidente definiu como um enredo sem identidade com a Estação Primeira.
O enredo sobre as "Mulheres Mangueirenses" não possui patrocínio, entretanto, o presidente vai se reunir com empresas voltadas para este tema, a fim de costurar uma parceria que seja produtiva para o desenvolvimento do carnaval 2015.

Sobre as dívidas da escola...
O presidente ressaltou todo legado de abandono e falta de recursos com que encontrou a escola, lembrou que a dívida era de cerca de R$ 12 milhões, foi pago R$ 3 milhões, então em tese a dívida cairia para R$ 9 milhões, entretanto, a agremiação fora surpreendida por uma nova dívida com o FGTS, onde o Ministério do Trabalho e Emprego e a Caixa Econômica Federal cobram uma quantia estimada em cerca de R$ 2,5 milhões, justificando que a escola não depositava as parcelas do Fundo de seus funcionários há 7 anos. Devido a sua interlocução com o Governo Federal, e sua atuação política, foi possível depois de muito trabalho e audiências, um acordo, onde parte da dívida fora abonada, e será pago um montante de R$ 567.799,25, este valor ainda está sendo negociado para se conseguir um parcelamento em 60 parcelas. Ainda existem 49 processos trabalhistas a serem julgados.
Chiquinho, observou que a Mangueira realizou uma carnaval orçado em cerca de R$ 8 milhões, e que a escola, depois de muitos anos devendo todo mercado carnavalesco, fechou seu carnaval com suas contas em dia, sem dever nenhum fornecedor ou funcionário.

Sobre as notas no carnaval 2014...
Ainda contrariado com a péssima colocação que a escola conquistou, o presidente admitiu que a Verde e Rosa cometeu erros, que estão sendo estudados, entre eles, o grande contingente de componentes. O presidente observou ainda, notas duvidosas, como a que surgiu no segundo módulo de julgadores no quesito Alegorias e Adereços, o 9,5 suspeito de um ex-aluno da Professa Rosa Magalhães, que à época fora reprovado pela então professora Rosa, na Escola de Belas Artes. Notas da Comissão de Frente, e do casal de mestre-sala e porta-bandeira também foram debatidas como rigorosas ao extremo e sem muito conteúdo em suas justificativas. 
Chiquinho salientou que se o critério de descarte da menor nota não fosse parte do regulamento da LIESA, computando todas as 40 notas que a escola recebeu, ela conquistaria a quarta colocação e não a oitava, esta observação se deu apenas como forma de esclarecimento, e prova de que alguns julgadores estavam um tanto mal intencionados com a agremiação.

Sobre as dispensas e contratações de profissionais ...
Visando um novo formato na estrutura do próximo desfile, e um enredo com uma marca de emoção e identidade com a escola, a opção por dispensar a carnavalesca Rosa Magalhães foi adotada; o presidente fez questão mais uma vez de agradecer todo trabalho brilhante da Professora Rosa. Sendo assim, foi possível trazer de volta do carnavalesco Cid Carvalho, que possui uma relação muito amistosa com a comunidade e a própria Estação Primeira de Mangueira, segundo o presidente. Carlinho de Jesus permanece no comando da Comissão de Frente, bem como a Rainha de Bateria Evelyn Bastos, o intérprete Luizito e o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Raphael e Squel. O novo comando da bateria também foi abordado como forma de reorganizar o quesito que perdeu décimos importantes este ano.

Sobre o samba-enredo 2015...
As disputas de samba começarão no sábado 16 de agosto, no Palácio do Samba, e este ano o número de compositores inscritos em cada composição será livre, o que segundo o presidente, produzirá uma safra mais competitiva e produtiva para a escola, os compositores também não pagarão por sua inscrição.

Sobre o carnaval 2015...
O presidente finalizou mostrando todo seu empenho e dedicação para se realizar um desfile competitivo à altura da tradição da Estação Primeira de Mangueira, e tudo isso, passa pela gestão administrativa, tão abandonada e insuficiente nos últimos anos. Chiquinho reafirmou seu compromisso institucional com a agremiação e conclamou sua diretoria a trabalharem, em 2015 ainda mais, pela escola de samba de tantas glórias no carnaval do Brasil.



terça-feira, 1 de julho de 2014

Logo da Estácio de Sá 2015

Estácio de Sá 2015

Sinopse da Unidos da Tijuca 2015

Mauro Quintaes
Enredo: "Um conto marcado no tempo - O olhar suíço de Clóvis Bornay"
Ainda me lembro, sentado aos pés do meu pai... entre as páginas dos livros, ouvindo suas histórias de uma terra mágica, viajava nos contos encantados que davam vida aos cavaleiros medievais montados em ginetes, cavalgando em direção aos montes gelados e brancos. Dragões alados sobrevoavam castelos e aldeias, o povo aterrorizado, fez um pacto até mesmo com o diabo para construir uma ponte e, assim, seguir seu caminho. Minha imaginação me embalava; ali eu estava, guardado pelas emoções o tempo não passava. Os ponteiros do relógio bailavam em prosa e verso, eu ali continuava, despertando personagens sem fronteiras nesse universo.
Fiquei admirado com um bravo caçador, de pontaria certa, salvou seu filho da tirania fatal. Homem de bem, respeitado por todos, lutou pela independência de sua terra e pela liberdade de seu povo. Subindo aqueles montes gélidos, forrados por nobres estrelas brancas que caiam do céu, vivia um lendário gigante soprando ventos frios, congelando plantações e lagos ao léu. Eis que surge para salvar os que estavam a precisar, o anjo dos Alpes sempre pronto a zelar.
A cada instante, minhas lembranças giravam como engrenagens de uma caixinha de música, dando vida a uma variedade de proezas e façanhas que jamais pude imaginar, onde em um instante tudo cabia no bolso, na palma da mão, tantas ferramentas em uma só. Em outra caixa, curioso fiquei, nelas senhas secretas que nem mesmo o tempo era capaz de apagar.
De repente, deparo-me com um novo tempo que se forma, ponteiros a girar em todas as direções. "Uma nova hora começou! Aproveite-a sabiamente" - assim o cuco falou. Livros, então, passaram a registrar pensamentos e teorias escritas por um homem de mente brilhante e coração puro, que, no girar dos ponteiros, viajou a um futuro, transformando o tempo em fórmulas, fórmulas em sonhos, e sonhos em realidades. O tempo voa, o tempo vai, o tempo me leva na brilhante história de um viajante a planar entre o céu e o mar na aeronave que tem o sol a te alimentar.
Assim, um novo tempo se anuncia. Pessoas que passam pessoas que vêm e que ficam. Bandeiras que voam, dançam e giram acompanhadas de trompas gigantes encantadas, soando uma melodia em perfeita harmonia. Mas vejam só: nessa história fascinante, um escultor transformou o movimento, alcançando todos seus desejos, fazendo com que sua arte fosse importante para aquela terra de cores. Cores que protegiam, em tempos distantes em que guardas fardados defendiam igrejas, vestindo ricos trajes. Cores que brincavam sobre folhas brancas, riscos e traços que conduziam a cadência pintavam o que eu não via. Atravesso, então, para um tempo futuro, nos filmes de máquinas e seres viajantes.
Gotas de chuva caem do céu, passeiam entre as nuvens, descem montanhas, alimentam pastos e fontes. Entro em uma página que uma fábrica se faz presente. Sinto o gosto de tudo que já comi, de tudo que já bebi. Litros e mais litros do mais puro leite, repleto de aromas e sabores, são transformados em passe de mágica em queijos empilhados. E lá do alto vejo uma coroa a reluzir, nossa... existe um rei ali! Percebo o giro dos ponteiros, como a colher do cozinheiro mexendo sem parar. Cachos de uvas enfeitam todos os cantos. São cascatas e rios dos mais deliciosos chocolates, levando meu paladar a percorrer minhas lembranças. E o cuco? Novamente alegre a cantar, anuncia "A fábrica não pode parar!"
As páginas do livro vão se acabando. Vejo que as histórias de ontem e de hoje misturam-se com as do amanhã. Percebo diante dos meus olhos uma avenida estendendo-se a mim, aqui e acolá, festas que duram o ano inteiro, até o sol brilhar. Foliões fantasiados fazem soar instrumentos, girando os ponteiros da engrenagem do tempo, bailando em versos despertando luzes acesas e o brilho das cores. Agora não mais uma criança e sim um folião a desfilar, ainda fascinado pelos contos daquele lugar. Encontro-me em meio à Sapucaí, de tantos carnavais, que sempre festejei. Escrevo mais um conto marcado no tempo, neste lugar de riquezas mil, laços Suíça-Tijuca-Brasil.
Departamento de Carnaval:
Mauro Quintaes
Annik Salmon
Hélcio Paim
Marcus Paulo
Carlos Carvalho