Sapucaí |
Já era esperado que depois de intensos protestos ao longo dos últimos anos, vindos de influentes agremiações junto à LIESA, algo tivesse de acontecer para assentar os ânimos entres os representantes da elite do carnaval carioca, entretanto, com um dos julgamentos mais comentados e de muitas teorias, 2014 entrou para a história como um ano em que escola que desfilou sem fantasia, com alegorias de péssimo gosto, mal acabadas e medíocres se manteve frente à outras escolas no mínimo mais bem acabadas plasticamente. Embora a discrepância nas notas de certos julgadores tenha nos espantado com a abertura dos envelopes, gente como Mangueira, Grande Rio e Império da Tijuca se sentiram deveras punidas por uma certa arbitrariedade e subjetividade na avaliação dos quesitos que vai além do extinto "conjunto".
Esse processo de desconforto tomou forma e capacidade de angariar votos na plenária da LIESA, quando tocou na 'toda-poderosa' Beija-Flor de Nilópolis, num julgamento contestado por seus dirigentes, baseado em perseguição e falta de conhecimentos de alguns julgadores em diversos quesitos, tendo sempre como problema a tal subjetividade.
Com o fim do quesito "conjunto", um caminho se abre para as discussões do pré-histórico regulamento da Liga que aí está, e a presença de jurássicos julgadores que detém um poder em suas canetas que nem seus absurdos erros e bizarras justificativas são capazes de retirá-los de suas robustas e confortáveis cadeiras, e havemos de registrar: eles são muito bem pagos, não estão fazendo nenhum favor ao mundo do samba.
A iniciativa da LIESA, é na verdade de sobreviver à pressão que neste momento as escolas de samba exercem para se ter qualidade no julgamento, bem como, a certeza de que um julgador não pode punir uma agremiação porque não gosta de sua cor, de seu presidente, porque teve problemas de relacionamento como o carnavalesco, e aí a Professora Rosa Magalhães tem sido vítima desse desatino diversas vezes, ou mesmo porque tem julgador que acha que deve propor soluções para o desfile, seja na bateria, samba, no papel do carnavalesco, e até na decisão da escolha do enredo a ser levado para a Sapucaí. O julgador não pode ser o "Senhor dos Achismos", ele tem de cumprir o regulamento, e nada mais.
Mas que regulamento é esse? O extinto "conjunto" simplificava muito bem toda essa objetividade que carrega o regulamento da LIESA em diversos outros quesitos, e esse caminho é o início, mas não se resolve todos os problemas que vimos entre julgadores e julgamentos. Precisamos de gente que seja credenciada pelo mundo do samba, porque jogador de basquete não vira comentarista de futebol, e, é essa lógica que a Liga insiste em nos empurrar ferozmente todos os anos. Os dinossauros precisam ser extintos do mapa da LIESA!
Outro viés que necessita atenção é o começo das definições mais claras e exatas da forma em que uma escola vai perder ponto em seu desfile, não se pode mais aturar que um casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira como Squel e Raphael que passou correto na avenida tenha de perder pontos porque os julgadores tem problemas de capricho e relacionamento com a Estação Primeira de Mangueira. Não se pode admitir mais que uma Comissão de Frente do porte da Portela, este ano, tenha de sofrer perdas sem nenhum crédito nas justificativas. Se esses casos aqui citados fossem isolados, era de se entender, todavia, o que temos visto todos os anos, é a mesma situação periclitante de desordem e conceitos questionáveis na hora de se canetar alguma agremiação.
A extinção em tela, é digna de aplausos pelo que ela representa, de hoje em diante, nenhuma escola estará sendo julgada por um "super-julgador" que nunca conseguiu pisar na Sapucaí, a subjetividade nos julgamentos está ameaça, e isto faz o carnaval voltar a ganhar fôlego, no mais, é preciso avançar nas mudanças, e aos novos nomes que irão compor o 'Sagrado Panteão de Julgadores da LIESA', é necessário que eles falem a linguagem dos desfiles e não o contrário, e mais, que sejam profissionais do carnaval, sim, doutores do samba e não aprendizes de conceitos!
Com isso tudo começando a acontecer, os versos de Mestre Nelson Sargento ficam mais vivos do que nunca: "o samba, agoniza mas não morre! alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro..."
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