Por Luís Carlos Magalhães, pesquisador de carnaval e colunista Site Carnavalesco
Não serão minhas as lágrimas que verterão por Delegado, o da Mangueira.
Deixo-as para seus entes queridos. Mas de mim, não.
A lamentar somente se sua morte decorreu de alguma negligência, se pudesse ter sido evitada como a de tantos outros sambistas. Se não foi, outros que chorem, tenho outra coisa a fazer.
Carlinhos de Jesus e Delegado |
Com Delegado foi assim, conviveu com Paulo, com Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Ramos, com Saturnino...
Dançou com as maiorais Mocinha e Neide, mediu forças com Vilma. Desse mundo fez mais que conviver com maiorais; desse mundo foi rei um dia, sem nunca ter
tirado 9.9.
Delegado e Neide |
Mangueira dos barracões de zinco, dos malandros e mulatas, do surdo sem resposta, e também dos bandidos de navalha e garrucha, no máximo um “32”.
Que Mangueira era aquela!?
Pois aquela Mangueira era essa, um mundo encantado cujo rei era o Delegado, o seu bailarino...o maior de todos.
De minha parte, fica o orgulho de ter um dia produzido um show, no Centro Cultural Carioca, com memoráveis mestres-salas e porta-bandeiras. E foi ali que pude ver, que vi dançar, para encantamento dos que ali estavam, por uma única vez em toda a história dos carnavais, Delegado e Vilma Nascimento.
Rei e rainha de um mundo que não existe mais.
E AGORA Delegado foi embora.
De minha parte não vou lamentar nada. Vou ficar daqui do meu canto imaginando seus dias de glórias, encantando a quem o assistia, encantando-se a si próprio ao ouvir suas notas nas apurações de seu tempo.
De minha parte, nenhuma dor, nenhum lamento...nem uma lágrima sequer...
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