sábado, 31 de maio de 2014

E se a Portela ganhar...

Portela
O que acontece quando uma escola de samba com a tradição de uma Portela vence o carnaval carioca? 

O que acontece quando um sonho que já não se realiza cerca de 30 anos, enfim vira realidade?

Não fosse bastante satisfatório o desfile da Portela em 2014, um sentimento de que  o tão sonhado título está perto de voltar à Oswaldo Cruz e Madureira parece ter tomado forma, corpo, espírito, alma e coração, num mundo azul e branco, aquele mesmo idealizado por Paulo da Portela ou o Senhor Natal, aquele mesmo que levou a Majestade do Samba aos seus insuperáveis 21 títulos, em anos de glórias e magia no carnaval deste país.

 O 2014 em Portela, não representou apenas um terceiro lugar ao fim do campeonato, representou a ordem de que o verdadeiro portelense estava correto em acreditar  que, seu único problema era a gestão administrativa de seu pavilhão entregue a quem não se devia, e confiado a quem não se acreditava. A nova ordem política na Portela, liderada por Serginho Procópio, Marcos Falcon, Monarco, Tia Surica, e tantos outros mestres portelenses conhecidos ou anônimos, com o único intuito de resgatar uma das mais importantes instituições culturais  do Brasil, a Portela, trouxe mais do que a tão esperada competitividade de volta, trouxe a esperança, a garra, a certeza.

E o que o portelense fez com esta esperança? Fez carnaval, mas carnaval como pouca gente aprendeu a fazer, um carnaval que não se apresentou rico como outras co-irmãs, mas fundado num ótimo samba, interpretado por um grande nome da nossa festa, Wantuir (impecável, diga-se), que reencontrou sua identidade e trouxe o coração à boca do torcedor, escolheram um samba com a cara da "nova" Portela, permitiram que um verdadeiro portelense desenvolvesse o carnaval, Alexandre Louzada deu todo o tom de requinte e luxo que a escola precisava, e, defendendo seu pavilhão, a herança que somente Danielle Nascimento pode carregar,  e mesmo com um enredo que nunca representou destaque entre a temporada, a Portela mostrou o que é ser uma escola de samba de verdade, pisou forte na avenida e não deixou em momento algum que o som de sua Águia altaneira fosse ofuscado, ainda que alguns tendenciosos julgadores tentassem, era a Portela que estava de volta.

E se em 2015 a Portela ganhar?

Confesso que  não me recordo de ver a Portela campeã do carnaval carioca, foi ainda no ano de 1984 seu último título conquistado, e ainda que não pudesse presenciar o lendário "Contos de Areia" daquele ano, ele serviu-me de instrumento para devoção e paixão ao samba, eu tinha apenas dois meses de idade, e de lá pra cá, este coração mangueirense, aprendeu a admirar, respeitar, tentar entender, mesmo sem nunca ter ouvido o grito de "é campeã", de um portelense. 

E depois deste 2014, nunca ficou tão presente  o sentimento de vitória na Portela como agora, com uma vontade tão grande de se conquistar o 22º título em sua história. É que parece que a Portela pode estar voltando ao seu lugar que é seu por direito, sempre entre as campeãs! Esta possibilidade, ganhou argumentos convincentes.

E se a Portela ganhar... Um mar azul e branco, como nunca visto antes, com todo respeito às co-irmãs que usam estas cores, há de ser um mar diferente, um legítimo azul e branco, simbolizando a vitória do samba sobre a industria hollywoodiana que tem se tornado os desfiles das escolas de samba para os mais antigos.

E se a Portela ganhar... Um gigante que dorme há 30 anos acordará com uma força que seria difícil de controlar, com um Alexandre Louzada em grande estilo, provando que, sim, é um dos melhores carnavalescos da história de nosso carnaval, por muito que já apresentou mereceria aplausos, mas por levar a Portela ao primeiro lugar, ainda mais merecerá um eterno: muito obrigado!

E se a Portela ganhar... o mangueirense vai ver o sonho de ser a escola de samba com o maior número de títulos ainda mais distante do Morro de Mangueira.

E se a Portela ganhar... esta, que já é uma das maiores torcidas, crescerá ainda mais para delírio dos mestres vivos e eternos portelenses, o ressurgir da  mais conhecida Águia do samba.

E se a Portela ganhar... muito mais se deve ao ano de 2014, mesmo com um terceiro lugar, do que com o inesquecível "Gosto que me enrosco" de 1995, no vice-campeonato conquistado à época.

E se a Portela ganhar... enfim, o sorriso vai voltar ao subúrbio do Rio de Janeiro, e Oswaldo Cruz e Madureira voltarão a ser a casa da grande campeã não apenas de todos os tempos, mas da atualidade, porque o passado é ótimo, mas o presente campeão é ainda melhor quando se pode unir tradição à vitória.

E se a Portela ganhar... estarei aqui para dizer: deve ser bom ser portelense!

Vamos Portela, Essa É A Hora! 

Portela 1984

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