quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sinopse enredo Império da Tijuca 2015

Império da Tijuca 2015
O Império nas águas doces de Oxum!



Brilha a nossa coroa!
Em comunhão:

“Olorum, através do Sol, aquece a água dos oceanos;
Oxumarê, com seu arco-íris, leva a água em forma de vapor para as nuvens;
Iansã as agrupa com o vento que sopra do balanço de suas saias;
Xangô lança a pedra de raio sobre a terra e
Odudúa prepara seu ventre para receber a chuva – o líquido maravilhoso da vida”.

“O momento sublime acontece. A chuva cai e com ela toda força do céu. Odudúa
absorve todo líquido, em seu ventre, no interior da terra e a água acumulada se enche de
força mineral - axé”.
Ouvimos os murmúrios das águas... Odudúa abre seu ventre e dá vida à majestosa
Oxum, que brota do solo e desliza sobre seu leito a essência da magia e beleza.

Como imaginávamos que fosse,
Com fertilidade a terra se formou.
Vinda da sabedoria à procriação,
A poesia do tempo nos trouxe:
Oxum, a mãe da água doce.

No caminho sagrado à mitologia iorubá, na terra onde nasceram os orixás, Oxum é rainha das águas. Vive no caudaloso rio que leva o seu nome. Lá, benditas são suas águas, suaves ou corredeiras, dos rios e das cachoeiras ao sentimento incomum de purificação, que banham a cidade de Oxogbô – território que compreende o sudoeste nigeriano e um pequeno trecho do leste do Benin – hoje, um dos principais locais de culto a Oxum, na África.
É no curso das águas
Que sua essência resplandece.
Assim, como diz a lenda do rei Larô sobre a criação do Templo de Oxogbô:
Fez, das margens do rio, a sua morada,
Pelas águas de Oxum, sua filha foi levada...
Não sei se por encanto ou magia,
A menina é iluminada,
E reaparece, na beira do rio, toda enfeitada.

Larô agradece no ato.
Entre cânticos e orações, funda seu Templo
E celebra um pacto:
Na comemoração do Reino de Oxum,
Serei eu, o rei Ataojá,
À frente do cortejo, em homenagem
A Oxum no país de Iorubá.

Sua docilidade nos transforma, vai além de suas águas puras e calmas.
Seus mitos resignificam o nosso sentimento no corpo e na alma.

É dada a Oxum a missão de salvar a aiê (terra), personificada numa ave encantada, que voa em direção ao sol para suplicar a benção de Olorum. Compadecido da “pobre ave”, ele devolve a chuva à terra. Renascem do solo os alimentos, tudo ganha vida.
Percebemos o quanto é querida...
Sempre discreta, mesmo em seus aspectos mais aguerridos,
Seu comportamento doce e sedutor predomina.
Assim, Oxum conquista poder e sabedoria.

Aprende no reino de Exu os segredos da magia.
Sábia, Oxum o desafia:
Não é a você que pertence o poder da adivinhação?
Então, descubra o que trago em minha mão.
Exu, sem perceber, entra numa embaraçosa situação.
Dengosa e de mansinho,
Sem demonstrar sua ambição,
Oxum descobre os mistérios dos búzios
E toda a sua tradição.

Outro destino lhe é dado.
Os amores de Oxum vão dando conta do recado.
Tudo lhe parecia fácil...
Até quando, de repente, seu coração é fisgado.
E disputa com Obá,
O amor de Xangô,
Por ela tão desejado.

Ogum, Oxossi e Orunmilá
Apaixonaram-se pelos encantos dessa doce iabá.
Ao ponto em que os maus tratos de Xangô
Levaram até Exu a lhe cortejar.
Conta-nos a lenda que da torre do castelo de Oió,
Transformou-se numa “pomba dourada”
E de lá voou para com Exu se casar.

Mas, diante dos dados reais da vida, Oxum é rainha de fé. Recebe atributos e poderes no rito do candomblé. Sua origem é iorubá e sua nação Ijexá: é deusa-mulher que renasce do ventre de Iemanjá, é deusa-menina filha preferida de Oxalá. Exaltando vaidade e beleza, Oxum é pássaro, é peixe, é a força da natureza e o poder feminino na sua mais profunda realeza.
Ela, quando manifestada, apresenta-se vistosa, perfumada, enfeitada, admirando-se em seu abebê (leque-espelho). Seu gesto, sua dança, assim como a inocência de uma criança, reforçam nosso elo... Ora ieiê ô! Saudamo-la banhando-se, num ato singelo, vestida de branco e amarelo.
É num sábado de lua crescente o melhor dia para lhe oferecer presentes. No balaio de Oxum vão pulseiras, perfumes, espelhos e até pentes... Mas não nos esqueçamos de bebidas, mel, flores, doces, frutas e do omolocum – um tipo de iguaria, também do agrado de Oxum.
Associada a elementos de aspectos maternos e angelicais, “Oxum é a divindade mãe de muitos filhos e ligada miticamente à cabeça, símbolo do útero e do poder feminino de gestação”. Rege o ventre, o parto e cuida das crianças recém-nascidas nos primeiros passos de sua evolução.
No culto de origem africana, Oxum é mãe de Logunedé – rei das matas e das águas doces. No âmbito dos terreiros, seus filhos e filhas alcançam destaques em vários “cargos” (funções rituais). São Odu Oxê, ialorixás, ogãs, iabassê, iátebexê... São muitas as ialorixás de Oxum e numerosas as que se destacaram no panorama das religiões afro-brasileiras.
Suas ialorixás
São sua memória,
Preservam seu fundamento e sua história.
Mãe Menininha do Gantois,
É uma que, no culto aos orixás,
Seguiu sua trajetória.

Aqui, o sincretismo religioso enreda-se pela maternidade e mistérios como seu tema. Oxum fertiliza-o e apresenta-nos como um poema:
Sou Oxum!
Mãe, deusa da boa hora.
Façam de um samba,
A minha oração.
Como a doçura de uma aurora
Dou-lhes minha benção:
Sou Oxum! Vossa Padroeira,
Sou Oxum! Nossa Senhora da Conceição.

Carnavalesco: Júnior Pernambucano
Pesquisa e texto: Marcos Roza

Glossário:
Olorum é o Senhor Supremo.
Oxumarê é deus do arco-íris.
Iansã é a deusa do vento.
Xangô é o senhor da justiça e dono dos raios.
Oxum é a nossa homenageada: a mãe da água doce.
Odudúa significa o nascimento dos iorubás.
Axé representa a força e a energia do orixá.
Iorubá representa a origem dos orixás.
Orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza.
Oxogbô é o nome da cidade, na Nigéria, onde fica o “Templo de Oxum” e onde, anualmente, acontece o Festival de Òsún nas margens do rio do mesmo nome.
Larô é o nome do rei que protagoniza a lenda de criação do “Templo de Oxum” em Oxogbô.
Ataojá é nome recebido pelo rei Larô após o pacto com o rio. Ele conduz o cortejo em homenagem Òsún no país de Iorubá – durante as comemorações à mãe d’água.
Aiê significa Terra.
Exu é deus-orixá do caminho e mensageiro dos orixás.
Jogo de búzios é uma das artes divinatórias das religiões de tradição africana.
Obá é uma das esposas de Xangô.
Ogum é deus da guerra e do ferro.
Oxossi é rei das matas.
Orunmilá é o deus da adivinhação.
Iabá representa os orixás femininos.
Oió é o reino de Xangô.
Ijexá é o nome da nação e do ritmo preferido de Oxum.
Abebê é o leque-espelho de Oxum.
Ora ieiê ô é uma saudação a Oxum. Significa “ore” (bondade), “ieiê” (mãe ou mamãe) e “ô” interjeição exclamativa.
Balaio de Oxum é uma cesta de presente destinada a Oxum.
Omolocum é comida de Oxum. Feito com feijão fradinho bem cozido, mexido até ficar com consistência pastosa, ao qual se acrescenta um refogado de azeite de dendê, cebola ralada, camarão seco moído e sal.
Logunedé é filho de Oxum com Oxossi, é rei das matas e das águas doces.
Odu Oxê é o zelador da casa de santo.
Ialorixá é a zeladora espiritual.
Ogãs têm a função de tocar os atabaques e demais instrumentos da orquestra ritual.
Iabassê é responsável pela cozinha da casa de santo.
Iátebexê é quem tira as cantigas dos orixás no momento das festas.
Mãe Menininha do Gantois era filha de Oxum e uma das sacerdotisas mais respeitadas do culto afro-brasileiro da Bahia.
Sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro. Isto ocorreu no Brasil, por exemplo, quando os escravos africanos cultuavam seus orixás associando-os aos santos católicos.


Carnavalesco: Júnior Pernambucano
Pesquisa e texto: Marcos Roza

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