sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sinopse do Porto da Pedra

Porto da Pedra 2015
Através de olhares apaixonados, brilham fogos de artifício que vão cortando o horizonte. Raio,  o tigre fotônico, com sua luminosidade, cruza o rio da imagem ótica e vai, navegando no in-verso, construindo a fantasia.
A poesia, como um caleidoscópio, ganha forma física, projetando luz em invenções que romperam barreiras. Baterias recarregam a folia e são produzidas na  usina  fascinante.  As lembranças são  recortes em forma de  imagens que produzem radiações  do passado no futuro .
 
A cidade luz é o espelho onde, sob o sono da razão, deitam os utópicos, que não temem a realidade, às vezes escura e sombria, em que fazem reluzir o esplendor das mentes estelares, debruçando-se sobre ideia e ideais. Sob a luz do luar, organismos vivos constroem elos de uma corrente de emoção gerada pela ampla multidão, atenta às fluidas transformações.
 
Das cinzas, um prisma elabora novas formas e cores,  em um turbilhão que arrasta e desordena a massa. A energia tecnicolor surge como luz da inspiração de seres predestinados, que trazem a alma clara na pele escura e vão desabrochando no firmamento, com mãos unidas, caminhando em direção à luz que há no fim do túnel.   Na divisão entre noite e dia, pode-se  afirmar que há mais estrelas no céu nas noites de carnaval. E a festa dos olhos ateia a chama do coração,  lampejando  a eterna catarse:

“há uma luz que nunca  se apaga...”

Carnavalesco – Wagner Gonçalves
 
Pesquisa e texto – Wagner Goncalves e Guinho Frazão

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sinopse do Salgueiro 2015

Salgueiro 2015
Enredo: "Do fundo do quintal, saberes e sabores na Sapucaí"
Os primeiros habitantes
Afastada do litoral, a região do Serro do Frio, em Minas Gerais, antes da chegada dos colonizadores, era habitada pelos índios botocudos. Tratava-se de uma tribo conhecida pelas enormes argolas enfiadas nos lábios e nos lóbulos das orelhas. Da presença indígena, a cozinha mineira herdou muitos elementos, como o uso de raízes e brotos, os frutos encontrados no mato, a caça, a pesca, os utensílios, os modos de preparo e tempero dos alimentos, enfim, o aproveitamento dos recursos que a terra dava.
Conta certa crônica escrita por um viajante europeu que os índios desta região tinham como hábito degustar um verme que vivia no broto da taquara, uma espécie de bambu. Os nativos faziam com ele uma excelente iguaria parecida com um creme que ressaltava o sabor dos alimentos. Usado de outra forma, o "bicho-da-taquara", como era também conhecido, uma vez seco e triturado em pó, servia como poderoso sonífero. Isto proporcionava longas noites de sono repletas de sonhos maravilhosos por terras desconhecidas e de exuberantes paisagens, paraíso de cores e sensações inesperadas. Aquele que o consumia, era transportado para um mundo imaginário fascinante!
A corrida do ouro
Os bandeirantes avançaram pelo território brasileiro em busca de riquezas. Levavam na bagagem, nos lombos dos burros, o modo de cozinhar dos tropeiros que produziam uma comida seca e fácil de ser transportada. Comida não perecível, de quem fica pouco tempo em um só lugar. As bandeiras tinham que se virar com o pouco que tinham à mão, daí recorrerem à caça e à pesca, aos talos e folhas e outras tantas ervas que encontravam pelos caminhos.
Por volta de 1693, foi descoberto ouro em Minas Gerais. Logo teve início uma corrida
desenfreada atrás de seus veios. Esmeraldas e diamantes atraíram gente de toda parte do Brasil e da Europa. Portugal teve que abrir o olho, mandou fiscais, militares e estabeleceu uma alfândega para evitar o contrabando dos metais e pedras preciosas.

Nesse período a população cresceu, os pequenos povoados viraram vilas com casas de alvenaria e sobrados de dois andares que ocuparam o lugar das palhoças de pau-a-pique. Modos e modas da metrópole se espelhavam no comportamento das sinhás e sinhazinhas, que trouxeram tecidos e rendas, louças e talheres, novos ingredientes para aprimorar ainda mais a cozinha mineira.
Alucinados pela febre do ouro muitos abandonaram a lavoura e se dedicaram à exploração das minas. Logo a escassez de alimentos se fez sentir. Havia ouro, mas faltava comida. Com o preço dos alimentos subindo sem parar, muita gente passou fome. E como a necessidade é mãe da invenção, o mineiro daqueles tempos foi buscar soluções até então impensadas. Exigia-se o aproveitamento de tudo. O que antes era rejeitado, agora era incorporado num novo prato, num novo modo de preparo. Daí vem o jeito mineiro, sempre cauteloso e prevenido. Ou seja, a abundante cozinha típica mineira surgiu da fome.
Os escravos das minas
A notícia da descoberta do ouro trouxe para Minas milhares de escravos vindos de outras regiões do Brasil, principalmente daquelas onde a cana-de-açúcar prosperava. Outros vieram diretamente do continente africano, o que causou um espantoso aumento da população negra em Minas. Esta migração forçada e sofrida deixou sua marca indelével na cultura mineira, seja na religiosidade, na música e na dança e, sobretudo, na cozinha, formando junto com o indígena e o branco colonizador a "Saborosíssima Trindade" da tão variada culinária de Minas.
"Depois do idioma, a comida é o mais importante elo entre o homem e a cultura". - Raul Lody
A cozinha
"O cartāo de visitas de um local é a sua cozinha. Ela ensina, pelo sabor, seus saberes".
Um prato típico é aquele que preserva e envolve muitos saberes no seu conteúdo, saberes que não se perderam no tempo. Cada utensílio de cozinha, como pilões, tachos, gamelas, colheres de pau, panelas de ferro ou de pedra sabão. Cada tempero como o imprescindível alho e sal, o urucum, a pimenta, cada folha vinda do mato ou da horta, como o "ora-pro-nobis" e a couve, cada ingrediente como a gordura de porco, a farinha ou a cachaça, tudo guarda em si um conhecimento ancestral, que atravessa as gerações e faz sentir no presente as lembranças e os afetos que nos remetem a outros tempos e lugares vividos.
As receitas culinárias de Minas são inumeráveis. Misturas de magia afro-indígena, da sofisticação luso-europeias, mas o princípio fundamental em todas elas, dito com propriedade, é: "O primeiro ingrediente que vai na panela é o amor".
A comida e a fé, sustentáculos do homem da terra...
Era preciso ter disposição e força para encarar o trabalho duro. E haja angu e rapadura para vencer a lida! Mas mesmo quando a comida era pouca, havia a fé, havia a crença, que superava as dificuldades e enchia de esperança o futuro.
Em Minas, a devoção está para o homem como o sol está para a vida. Sob a luz de Nossa Senhora do Rosário o "ora-pro-nobis" toma gosto e ganha tom! Todos em uma só voz entoam as angústias e as glórias de um povo que sobreviveu à escravidão. Todos honram à padroeira da cidade do Serro, nas figuras de índios, reis, juízes e marujos. Aqui as três raças se consagram: índios, brancos e negros louvam em uníssono àquela que guarda e protege a todos sem fazer distinção. Homens e mulheres unem-se num ato de amor e gratidão por tudo o que a terra e a vida lhes deram sob a bênção de Nossa Senhora, cantando, seguindo em procissão, e, é claro, compartilhando os quitutes da boa mesa, da divina comida mineira, temperada com uma boa pitada de generosidade.
E eis o grande milagre:
Colher de pau, pilão, tacho de cobre.
Fogo de chão, gamela, fogão de lenha.
É com amor que o mineiro põe a mesa,
É atiçar o fogo e manter a chama acesa!

Renato Lage e Márcia Lage
Este enredo é baseado no livro "História da Arte da Cozinha Mineira", de Dona Lucinha (Maria Lúcia Clementino Nunes). Folhear essa obra é fazer um aprendizado sobre os costumes de Minas Gerais, suas tradições, suas deliciosas receitas. É seguir os caminhos que levaram à descoberta do ouro e se aprofundar na história do Brasil. Nosso enredo para o carnaval de 2015 é uma viagem através dos sabores que Minas Gerais oferece e resguarda nos saberes que cada prato típico preserva através do tempo.

Sinopse da Beija-Flor de Nilópolis 2015

Beija-Flor 2015
Enredo: “Um Griô Conta a História: Um Olhar Sobre a África e o Despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade”
INTRODUÇÃO
Para conseguirmos entender o que fomos e o que somos, é necessário que se conheça a herança da África no Brasil e a África que ficou do outro A história da África – ou melhor, das várias Áfricas, faz parte da história do Brasil. É importante para nós, brasileiros, porque ajuda a explicar e entender a nossa história. Mas é importante também, por seu valor próprio, e porque nos faz melhor compreender o grande continente de onde proveio quase metade de nossos antepassados.
A importância e a magnitude da África é algo tão impressionante, que por mais que se fale de África com frequência, o tema é tão rico, que parece não se esgotar nunca; permanece despertando a curiosidade e o interesse de pessoas comuns e estudiosos.
No passado, as tribos regionais, com suas tradições e costumes, despertaram o interesse de distintos povos europeus, que em busca de especiarias, terminaram por fomentar o tráfico de escravos.
Hoje, ao revisitar o sofrido continente africano, nossa proposta principal é mostrar que é possível sim ter esperança de que um povo massacrado, cansado e desiludido, seja capaz de renascer, aos poucos, com sonhos vigorosos, planos precisos e metas concretas; projetando uma nova África, ou uma nova perspectiva para a África, calcada no progresso propiciado pelo “ouro negro” e nos ideais de unidade, paz e justiça, reafirmados tal qual um mantra.
Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade, porque neste carnaval, os caminhos da África nos conduzem à Guiné Equatorial.
Laíla, Fran Sérgio, Ubiratan Silva, Victor Santos, André Cezari, Bianca Behrends e Claudio Russo - Departamento de Carnaval e Comissão de Carnaval
SINOPSE
A conversa que ora inicia, poderia muito bem versar sobre religião e a fé em nossos ancestrais ou, quem sabe, sobre liberdade e este verde sem fim; alguns poderiam dizer que é o passado que se revela do outro lado do Mar Tenebroso, ou por que não a África animista por natureza em sua história de exploração, luta e dor. Esta conversa é tudo isso e um pouco mais, diálogo entre um pequeno filho da Guiné Equatorial e um Griô, um ancião, senhor do passado, mais um daqueles sábios que guardam, de pai para filho, a história viva do continente africano, e mais precisamente, de A criança, olhos fixos no velho homem, não deixa passar um detalhe
sequer, e o contador de histórias, em um tom tranquilo, porém com a voz firme, devaneia... Declama... Recita... o livro aberto da memória:

Foi num tempo primitivo, no albor de toda raça, sob um verde inimaginável, que nossa gente surgiu. Foi muito antes deles chegarem, os brancos, em seus grandes barcos, guiados pela mais voraz ambição, sedentos de ouro e de gente, nossa gente!
Antes era tudo verde, toda vida, tambores e tribos...
A natureza pulsava em cada elemento; as raízes das árvores entrelaçavam-se com a nossa raiz, e crescíamos , vivíamos e cultuávamos a liberdade, cada um com sua fé. Os ritos refletiam a força e a ligação do povo com a natureza, e a Ceiba, árvore sagrada da vida, testemunhou cada momento do florescer de nossa história.
Mas um dia, esta paz sucumbiu... Eles chegaram rasgando o Mar Tenebroso, e com as marés trouxeram a cobiça, sua força e seus costumes tão diferentes das nossas tradições; eles sangraram os corações de nossos ancestrais!
Falavam outra língua, buscavam riquezas... Escravizaram homens, mulheres, crianças... Em nome do Rei de Portugal.
A jóia da Coroa era a Casa da Guiné...
E do litoral, nossas mães observaram, onda após onda, seus filhos vendidos... Quantos reis comerciados, escravos por um trocado, objetos da opressão, no mercado de gente, mercadoria humana.
Mas a grandeza de nossa terra atrai outras bandeiras da maldade, e a engenharia da ambição ergue a sua companhia, leva o continente negro, através de nossa cultura, por um oceano de mágoas. Os filhos da África constroem a evolução da humanidade; o sangue negro foi a argamassa do edifício da escravidão.
Papéis assinados, destinos trocados, nossa terra por um tratado:
“Habla Espanhol”!
A raça negra, que transpiramos em cada poro, resiste, enfrenta a dor, não se entrega jamais, e a cada grilhão, nos tornamos mais fortes; a cada opressão, a cultura se manifesta.
Nada é mais degradante do que a ausência da liberdade!
Nada é mais libertador do que a força de um povo!
Menino, nós temos sangue dos Bengas! Somos herança do reino
Bubi! Corremos nas terras Fang!
Temos influência de Oyó!
A África é a Mãe da Humanidade!
Filho, o suor negro construiu a civilização moderna. Enquanto a empresa da escravidão possibilitou o acúmulo de riquezas, nosso mar de gente sangrou os mares. Ah! Quantos Zumbis, quantos Mandelas surgiram aqui no Golfo da Guiné? Nossa gente ensinou ao mundo o perfeito significado da palavra liberdade...
Senhor! (Fala a criança): E agora que eles foram embora?
O Grió aponta para o Mar e diz:
O que você vê?
O Oceano!
E depois?
O horizonte!
A África hoje enxerga o horizonte da reconstrução, respeitando a história daqueles que resistiram, observando a luta de quem um dia venceu a dor; símbolos de um continente desapropriado de grande parte de sua gente, mas acima de tudo, um continente guerreiro.
A nova face da África se lança rumo ao progresso; respeita a natureza, mas se engrandece com as riquezas que afloram deste chão.
Nova face em meio a grande floresta e a imensidão do mar em que se encontra a Guiné Equatorial; o país que emerge da Costa da Guiné, terra intimamente ligada à história do Brasil, vivendo o presente, como nação amiga e ansiando um futuro de unidade, paz e justiça.
Meu filho, orgulhe-se desta raça, de sua dignidade e sua contribuição para a humanidade! Lute, pois lutar sempre foi nossa verdade, para que assim, “caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”.
JUSTIFICATIVA
África: a paisagem que mais parece uma miragem. Aquela imensidão verde, deslumbrante, intocada, hipnotizante. A força da selva e a importância de Ceiba, a Árvore da Vida.
As frondosas raízes das árvores se confundem, se misturam, se mesclam com as origens de nossos ancestrais, e com todo o legado por eles deixado.
Com a tez escura como o ébano, nativos e guerreiros de tribos primitivas, guardiões dos costumes e dos ritos tradicionais, preservam as informações, as práticas, as estórias e os costumes, que são registrados através da oralidade, na memória e nos corações dos homens. Totens, máscaras, carrancas, esculturas, peças de marfim e técnicas específicas, como a taiba, são alguns dos símbolos diversos que cruzaram o oceano a propagar uma cultura magnânima.
Diferentes povos demonstraram interesse em explorar, colonizar e extrair as riquezas da terra, destacando-se as investidas europeias, onde marcaram presença portugueses, holandeses, franceses, espanhóis e ingleses; sendo o Golfo da Guiné, o berço da herança cultural deixada pelos medievais reinos tribais dos Benga, dos Bubi e pelos clãs Fang.
Ao explorar o Golfo da Guiné, Portugal, na busca pelo caminho das Índias, coloca a Formosa Bioko nos mapas europeus. D. João II de Portugal, proclamado Senhor da Guiné, junto com os portugueses, inicia a colonização das ilhas de Bioko, Ano Bom e Corisco, convertendo-nas em postos destinados ao tráfico de escravos.
Na travessia do Mar Tenebroso, enjaulados em sombrios navios, e acorrentados à grilhões e às lembranças da terra natal, negros serviçais, humilhados, desacreditados e açoitados, terminam por se dispersar pelo mundo. São braços fortes, construtores, massacrados pelos opressores; pobres sofredores à mercê da sorte e da vontade de seus mercadores.
Um ode à liberdade anuncia o grito de independência: rompam-se as algemas! Abaixo a dominação! De braços dados, revela-se uma nação fraterna, ávida por união. Paralelamente à uma África antiga, primitiva, rústica, observa-se o despertar de uma nova face da África. Nascida na história recente, revela-se expoente a Guiné Equatorial.
Dotada de rica biodiversidade, com belezas naturais estonteantes e riquezas minerais abundantes, fauna e flora revelam as diferentes nuances da Guiné que saltam aos nossos olhos, refletidas em cores e estampas, tecidos e sabores, no ritmo, no gingado e nos penteados, que imprimem à essa gente uma negritude de traços tão marcantes.
Na iminência de completar meio século, a Guiné Equatorial é uma região de solo fértil. A terra, generosa, produz gêneros agrícolas diversos: cana-de-açúcar, café, cacau, banana, abacaxi, abóbora, milho, mandioca e algodão, são apenas alguns dos produtos que engrandecem a agricultura e brotam desse chão!
A extração de madeira, a existência de diamantes, e a descoberta do “ouro negro”, com o conseguinte fomento do petróleo, ocorrem com demonstrações de respeito ao meio ambiente.
Empenhados em promover o encontro das bandeiras de duas nações fraternas, num majestoso festejo popular, onde a língua portuguesa é apenas mais um elemento de afinidade, objetivamos consagrar o enlace cultural entre o Brasil e a Guiné Equatorial, brindando os ideais de unidade, paz e justiça.
Abordando as distintas influências, sem discriminação, cantemos liberdade! E “Caminhemos sobre a trilha de nossa imensa felicidade”.
SETORIZAÇÃO INICIAL - CARNAVAL 2015
SETOR 01 – ABERTURA
A Árvore da Vida e a Floresta Equatorial Africana

SETOR 02
África – O Berço Negro do Mundo – Tradições e Realeza

SETOR 03
Rota para as Índias – O Caminho das Especiarias – A Descoberta de um Novo Território

SETOR 04
As Investidas Européias em Terras da Guiné

SETOR 05
A Cultura de um Povo Atravessa o Mar Tenebroso - Navio Negreiro

SETOR 06
Guiné Equatorial – A Ascensão de uma Nação

SETOR 07
O Enlace Cultural Entre o Brasil e a Guiné Equatorial

domingo, 22 de junho de 2014

Sinopse Imperatriz Leopoldinense 2015

Imperatriz 2015
"Ninguém nasce odiando uma pessoa por sua cor de pele ou religião.
Pessoas são ensinadas a odiar. E se elas aprendem a odiar, elas podem ser ensinadas a amar."

Nelson Mandela
Axé!

Ouçam a voz do vento. Prestem atenção no que ela tem a nos contar.

Lembra do tempo em que as estrelas coroavam o nosso pensamento e, com ele, começavam a brilhar.
Nossos ancestrais conviviam em harmonia com a natureza e a sabedoria dos animais. Construíram uma gigantesca família, se espalharam pelo mundo e, por onde passavam, abriam novos caminhos para semear o amor e a paz.
Naquele tempo, não havia longe, nem perto; nem errado, nem certo; e reinava uma exuberante floresta onde, hoje, padece o maior de todos os desertos.
Caminhando pela savana, reunidos em torno da fogueira, celebrávamos a chegada e a partida, como se o direito de ir e vir fosse uma certeza prometida.
Baobá, árvore querida... Aprendemos a cantar, o segredo da rima, rimando a pureza das palavras com a beleza da melodia: alegria com nobreza, mistérios com fantasia.
Baobá, árvore querida... Conduz nosso canto até onde moram os deuses do infinito. E que eles cubram com o manto da noite o ventre de Mãe África, onde dormem as matrizes da vida.
África, Triângulo Sagrado, banhado por um oceano de cada lado.
Ao Norte, o próspero Mediterrâneo; a Leste, o reluzente Índico; a oeste, o tenebroso Atlântico.
Ao Norte, entre o mar e o Saara, brotaram as suas primeiras civilizações, verdadeiras joias-raras: o esplendor do Egito, o empreendedor Cartago e o Marrocos de Alah.
A Leste, velas tremulavam, salpicando o mar. Traziam sedas da China, tapetes da Pérsia e temperos da Índia. Do Reino do Sudão levavam o ouro e outros metais preciosos.
Entre os paralelos do Equador, existe uma majestosa floresta, onde o homem não se cansa de tirar, nem os deuses se cansam de repor.
Além de árvores, plantas e espécies fantásticas, existem rios e cachoeiras que os nossos olhos são poucos para admirar. Não existe na Terra, tamanha diversidade, incrível quantidade de vegetais e animais - embora, não faça muito tempo, houvesse muito mais.
São Zulus, Massais, Bantos, Mossis, Bokongos e Hauçás clamando por liberdade e paz!
Os mistérios da Natureza vão além da compreensão. Explode o raio, grita o trovão, a cheia inunda o vale, a terra vomita fogo pela boca do vulcão. A cachoeira chora, a lua cheia anuncia que algo acontecerá antes do raiar do dia. Ao som de tambores, lendas, mistérios, curas e magia constroem mitos e aventuras, cultos e culturas. Essa é a nossa liturgia. 
Vivemos numa terra de contrastes permanentes. O mais velho dos continentes possui a população mais jovem do planeta - com sonhos ainda latentes.
Também pudera... Nenhum outro continente sofreu tantas transformações, tantas violações, em tão pouco tempo!
Nossos guerreiros não conseguiram impedir a marcha do invasor. Suas preces foram sufocadas pelos canhões. Perdemos nossos bens, muitas vidas, dialetos e nações. O pranto foi pouco para tanta dor...
Fomos submetidos aos mais diferentes tipos de colonialismo. Aprendemos as mais contundentes formas de respeitar o "senhor". A pior delas foi o racismo - linha reta entre quem manda e é mandado.
Nos impuseram uma nova etnia, religiões, obrigações, devoções e economia. Fomos escravizados à tecnologia, em nome de um mundo "civilizado".
Pelas janelas do Atlântico, nossos olhos ainda choram amargas lembranças, vendo nossos irmãos partirem para terras desconhecidas. Não houve despedida, nenhuma notícia, nenhuma esperança.
Uma delas fica do outro lado do oceano e se chama Brasil. É uma terra muito parecida com a nossa: tem florestas, praias, muitos rios, clima quente, clima frio, gente que ginga, brinca e que também faz festa na roça.
Irmãos do Congo, Angola, Daomé, Gaô e Jané foram levados para lá. Carregaram na lembrança nossos deuses, nossas danças, nossa música, bebidas e comilanças, misturando nosso sangue ao brasileiro. É por isso que eles são tão festeiros.
Não fazem uma roda sem que haja um tambor, berimbau, reco-reco e agogô. Cantam em iorubá, rimam em nagô e começam a sambar. O que era uma roda vira festa, colorindo o país de Norte a Sul. Vem maracatu... boi-bumbá, congada, capoeira, reisado, umbigada, é jongo a noite inteira.
Como num rap, ou num partido-alto, criam vários sentidos com a magia das palavras...
Acarajé, quibebe, munguzá,
Caruru, abrazô, vatapá...

"Gererê, sarará, cururu
Olerê!
Balá-blá-blá, bafafá, sururu.
Olará!"

E vejam só que interessante... Depois das lágrimas de uma chegada angustiante, nasceram festas e folias que alegram o povo até os nossos dias.

Nossos irmãos rezavam para os deuses que não eram seus. Cantavam músicas que não eram suas. E fechavam as procissões que se arrastavam pelas ruas.
Foi assim que aprenderam a desfilar. Nasceram irmandades de bambas, organizadas como verdadeiras Escolas de Samba! Que, aliás, são Escolas de Cultura e Arte Africanas!
Nelas se aprende as coisas mais elementares da vida: Por exemplo... uma banana, subvertida como símbolo de racismo, na verdade é o africanismo mais popular do Brasil... E se não devemos dar asas para o mal, podemos transformá-lo numa brincadeira de carnaval. Que tal?
Cantemos a LIBERDADE! E para que ela abrisse as asas sobre nós, tivemos que ser fortes de verdade. Aprendemos com Zumbi, com os Malês, Manoel Congo, João Cândido e outros irmãos que já não estão aqui. Mas deixaram um caminho a seguir. 
Aprendi que a vida é um permanente ritual de liberdade. Lutando por justiça, movimentos se espalharam pelo mundo inteiro. Estão documentados nos livros, no cinema, no teatro, na música, nas artes plásticas, nos grafites, por toda parte. Foi por ela que dediquei toda a minha existência. E faria tudo novamente.
Para que esta mensagem fosse tão transparente como as nossas águas, buscamos um caminho sem mágoas, procurando sempre a simplicidade. É como a África, mãe de tantas diversidades, lutando sempre por justiça. Foi a forma que encontramos para mostrar a verdade.
Precisamos semear nos livros, nas escolas, nas mentes e nos corações.
Precisamos reconstruir o continente africano e a mentalidade de muitos. Precisamos escrever uma nova História de Vida, pontuada de ações humanas, fraternas e solidárias!
Precisamos despertar em nossos irmãos, o mais difícil de todos os desejos: o de aprender a amar. Para que, então, a voz da igualdade seja sempre a nossa voz
Este será o nosso maior desafio.
Axé, Nkenda!

Nelson Mandela
Céu - Departamento da África do Sul, Mvezo



GLOSSÁRIO

NKENDA - Amor, segundo o Kimbundu, língua africana falada no Noroeste de Angola.

BAOBÁ (Andansonia digitata) - Também chamado de embondeiro. Árvore que pode atingir 25 m de altura e 7 m de diâmetro. É a árvore nacional de Madagascar, emblema do Senegal e considerada sagrada em todo o continente africano.
ZULUS, MASSAIS, BANTOS, MOSSIS, BOKONGOS e HAUÇÁS - Algumas das mais tradicionais etnias africanas.
Acarajé, quibebe, munguzá, caruru, abrazô, vatapá - Comidas e iguarias da culinária africana.
"Gererê, sarará, cururu/ Olerê!/ Balá-blá-blá, bafafá, sururu/ Olará!" - trecho da letra de "Querelas do Brasil", música de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina.

Sinopse União da Ilha 2015

União da Ilha 2015
Fala minha Ilha, beleza?
Hoje ela é a inspiração para este carnaval.Creio que a conhece, senão descobrirá com facilidade. Dizem que é fundamental. Mora na filosofia: "É o brilho ou o esplendor da verdade?". Quem é ela afinal? Está nos olhos de quem vê, isso garanto com certeza. Mas para quem não crê, pergunto: importa se não põe à mesa?
Ela é eterna na natureza, o sublime, que se transforma a cada instante. O que brota, floresce, desabrocha. Em uma metamorfose ambulante.
Mas a humanidade buscando ter, em todos os povos e em todas as eras, se enfeita com orgulho e prazer. Está na alma dos artistas que representam um ideal. O pincel na tela; o cinzel na pedra dura. A arte eterniza a formosura. Após séculos de trevas, renasce na harmonia, na simetria, é universal.
Faz com que as vitrines da vida lhe chamem a atenção. Muitos a consideram uma ditadura. Mas gosto não se discute... Vista-se de ilusão! Nem sempre sob medida, mas aguente firme, prenda a respiração! Mesmo q pareça dissonante, imagine que tudo é chique demais, tudo é muito elegante.
Assim tratada nos contos de fadas, em personagens que na sua memória não se perdeu. Solte suas feras, entre tantas belas e com bruxas sempre a perguntar: "Diga espelho meu se há na avenida alguém mais linda do que eu?"
Vive na mídia, ela é a cara da riqueza. "Ela não anda, ela desfila, ela é top, capa de revista". É toda, toda trabalhada e com toda firmeza. É de se olhar, toda minúcia, toda delícia... É o que há! Roubando a cena, por onde passa, nesse concurso chegará em primeiro lugar. Bem na foto e mesmo com retoques, pode curtir e compartilhar e o verbo agora é sensualizar! Quem sabe com ela, até você se torne superstar?
Assim espero que me revele seus segredos, que me dê algumas dicas. Quais são os truques dela? Quais são seus artifícios?
E seus enganos, como para buscar a felicidade, fosse apenas buscar a eterna juventude. Porque todos parecem não se importar? "Se as aparências enganam...", alguém repara? Relaxe, vê se esquece! Na farsa da vida, "assim é se lhe parece".
Pois o que vê no reflexo ? E a despeito dos defeitos... paraver suas falhas no entardecer da vida se agarra aos ponteiros? Agora refletindo sobre a tal, então paro para pensar: Que importa se está na flor da idade, na forma ou na estatura? Se o tempo vil, tudo passa, tudo muda? O que é belo declina num só dia, tudo tem seu tempo, sua hora e quanto aos ganhos de tanta experiência? Se nem em sã consciência não tributa.
Pois alcançar não se pode a eternidade. Mas falo novamente bem felicidade se posso enfim me aceitar! Então é isso! Beleza minha escola, se aproveite dela e encante mais uma vez a passarela, em um visual de alegria. Vem amor, vem minha ilha, vem na sutileza. Que um lindo desfile se anuncia!

Carnavalesco: Alex de Souza

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Imperatriz define enredo para 2015

Imperatriz  2015
Quinta escola a pisar na Sapucaí, na segunda-feira de carnaval, a Imperatriz Leopoldinense vai levar o enredo "Axé Nkenda - Um ritual de liberdade - e que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz", o enredo será desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues, e a sinopse será divulgada já nesta quarta-feira às 20h em sua quadra.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sinopse da Mocidade Independente de Padre Miguel 2015

Mocidade 2015
Enredo: SE O MUNDO FOSSE ACABAR, ME DIZ O QUE VOCÊ FARIA SE SÓ TE RESTASSE UM DIA?
A Mocidade Independente de Padre Miguel quer provocar a imaginação do público e pergunta: Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só te restasse um dia? Em uma livre adaptação da música O último dia, de Paulinho Moska e Billy Brandão, o enredo de 2015 retoma um tema inquietante que sempre impressionou a humanidade com suas previsões e profecias: afinal, o fim do mundo parece estar sempre próximo... Mas o que você faria diante da possibilidade de um ponto final na aventura do homem na Terra? Se o mundo fosse realmente acabar e restasse apenas um dia para viver, apenas um último dia... O que você faria?
“Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?”

Se os prédios e avenidas que você conhecia ruíssem sob os seus pés
“Me diz o que você faria?”

Se um dia, você descobrisse que não mentiam as profecias
Sábios sabiam, santos sentiam, videntes já viam
Papas pregavam, rezavam, pediam
E os bruxos, o futuro já liam
Premonições, pesadelos, o fim do mundo os sonhos previam
Não eram loucos, eram guias
“Me diz o que você faria?”
“Abria a porta do hospício”, soltava a sua alegria?
Agora a loucura é real, juízo final, é o último dia

“Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?”

“Corria para um shopping center
Ou para uma academia?”

Enquanto o mundo se desfaz, me diz o que você faria
Aproveitava esse tempo, no mesmo ritmo e compasso
Você manteria a rotina, tudo igual, passo a passo?
Se o tempo não voltasse atrás, me diz, você brincaria?
Ficava de bem com a vida, com os amigos se divertia
Se não houvesse amanhã, cantava, dançava, sorria

Passava as horas, minutos, segundos, até terminar esse dia?
“Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?”

Botava pra fora a tristeza, soltava o que reprimia
Tirava a roupa e saía, fugia para o meio da rua
“Andava pelado na chuva”, fazia amor sem censura, o que te prendia?
Lançava seu corpo no ar, você aprendia a voar, meu amor
Vivia. E o que há pra viver, nesse último dia?
Fazia o mundo girar, matava a sede, morria
Se o mundo fosse acabar, me diz, ganhava a rua e sumia?
E o prazer de viver até onde te levaria?
“Dinamitava o meu carro, parava o tráfego e ria”
“O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?”

Se o chão tremesse aos seus pés, e você não tivesse saída
E se as águas rolassem, arrastando a multidão
Pegava a fantasia pra brincar na Avenida
O que você faria, meu amor?
Batia um bumbo com força, esquentava o tamborim
Rodava a baiana, levava o estandarte, anunciava a folia
Vinha na Mocidade sambando sem parar
Acreditava que, assim, você sobreviveria?
No último dia, afinal, se fosse carnaval, você se acabaria?

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Feijoada da Mangueira, neste sábado, terá apresentação do novo comando da Bateria "Tem Que Respeitar Meu Tamborim"

Feijoada da Mangueira
A tradicional Feijoada da Estação Primeira de Mangueira está de volta neste sábado (14). O Palácio do Samba abre suas portas para receber a coirmã União da Ilha do Governador, que participará da festa com sua bateria, comandada pelo mestre Ciça, casal de mestre-sala e porta-bandeira, vários segmentos e, como não poderia faltar, sua voz oficial, o intérprete Ito Melodia para embalar os sambas que marcaram época na agremiação.

Outra grande novidade ficará por conta da apresentação oficial da nova direção da Bateria “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”. Na verdade, o comando será a quatro mãos. Vitor Art, primeiro diretor, e Rodrigo Explosão, segundo diretor, serão os novos responsáveis para comandar o coração da “Tem que Respeitar Meu Tamborim”. Vitor Art, que é cria da Mangueira e neto de Dona Cici, uma tradicional foliã da Verde e Rosa, e Rodrigo Explosão, filho do famoso diretor da Bateria, Alcyr Explosão, traduzem a aposta da escola no talento da casa, o que sempre foi uma tradição na Mangueira.

Além dos dois comandantes, Alexandre Marrom (de volta a direção de bateria), Reinaldo Neném, Hudson, Rodrigo Oliveira, Nielson, Alex Explosão, Jaguara Filho e Biraney, compõem a nova direção.

A feijoada contará ainda com a apresentação da Bateria da Mangueira “Tem que Respeitar Meu Tamborim” e os grupos Art Junior e Batuque na Cozinha.


SERVIÇO:
ENTRADA - R$ 20,00
FEIJOADA - R$ 20,00
CAMAROTE - R$ 1.000,00 para 12 pessoas – Com direito a 12 entradas+12 feijoadas + 02 baldes de cerveja
Data: Dia 14/06/2014
Horário: 13:00h
Endereço: Quadra da Mangueira – Rua Visconde de Niterói, 1072 – Mangueira

Informações: vendas@mangueira.com.br / Tel.: (21)2567-3419

Sinopse da Vila Isabel 2015

Vila Isabel
SINOPSE
Preparem-se para um grande concerto!
O maestro sobe ao púlpito, exercendo uma função primordial como “elemento de ligação das ideias do compositor aos instrumentistas e/ou cantores”, e, suavemente,  ergue a batuta ao ato sublime que transcende a essa dualidade e se lança aos encantos da regência sinfônica, inscrita “dentro de parâmetros do imponderável, da mítica, da aura que acompanha o artista e determina a sua sonoridade”.
Sua regência é mais que um gesto, ruma-nos à poesia dos sons, traduz das partituras a emoção da formação de um povo, a genialidade espontânea da criação, a musicalidade orquestrada à inspiração de significativas apresentações que provêm do canto e do balé. Numa relação humana onde o elemento principal é a música, o maestro Isaac Karabtchevsky transforma a Sapucaí num palco e rege o enredo do meu samba: “O Maestro brasileiro na terra de Noel... Tem partitura azul e branca da nossa Vila Isabel”.
Em tons graves, agudos, altos ou baixos...as notas musicais saltam dos instrumentos. Afinam-se cordas, metais, sopros, percussão... Os efeitos sonoros vão criando uma incrível e mágica sonoplastia... E de uma forma livre e espontânea, o prelúdio se inicia.
Tudo pronto. Ouvimos o terceiro sinal. Deixem-se contagiar pelos sentidos da música. Peguem seus libretos, o espetáculo vai começar!
Na forja do destino, um momento divino: “Faunos” entoam seus sons cristalinos.
Envolvidos pela poesia, a saudade aperta em nosso peito. Em tempo de inspiração, os “retratos da vida” são o cocar da cultura do nosso Brasil. De um índio, bravo nativo, chamado Guarani – que se veste de paixão e luta para conquistar seu grande amor.
Viajamos pelo canto do “Uirapuru” e descobrimos cada pedacinho desse chão. Do “Concerto da Floresta” ao sertão brasileiro, seguimos pelos trilhos do “bachiano menino” a todo o vapor. Pulsantes sejam o “canto da alma caipira” e o “canto da nossa terra”, aventuras de meninos moleques e de seus coloridos papagaios, a matriz da genuína cultura brasileira!
“Corremos pelas partituras de mãos dadas com notas musicais” ao requinte de sinfonias clássicas, barrocas e românticas. Suítes, sonatas, concertos...embalam, musicalmente, as “Quatro Estações” dos fenômenos da Natureza; enredam-se pelo amor shakespeariano de “Romeu e Julieta”, pelas aventuras de “Fígaro”, o astuto criado da velha Sevilha, e protagonizam um conjunto de revelações e disfarces num festivo e simbólico “Baile de Máscaras”. Seus sons, ainda entrelaçam-se às nuances, aos detalhes, às “cores” que a voz consegue, sem possibilidade de confronto, reproduzir, navegando por entre mares de compassos, declamações líricas à ousadia do capitão, o que carrega uma maldição por desafiar “Satanás” a bordo de um “O Navio Fantasma”.
Um momento esplêndido: o maestro reduz seu gesto à proporção justa. Expressa o máximo com o mínimo...respira com a orquestra! Um espetáculo à parte. Allegro, avante... Seu realismo fantástico cruza as fronteiras da criação com a regência da Nona Sinfonia de Beethoven!
Entre românticos arcos de flores, a “Sagração da Primavera”! Linda é a bailarina, princesa, camponesa que, ao som da sinfonia, reflete o brilho de raro esplendor do “Lago dos Cisnes”. Não há quem não se emocione com a majestosa e exuberante coreografia, aventurando-se, sob muitas formas, diante do “fogo sagrado” de “La Bayadère”. Nem com “Balé de Bolshoi”, com o “Quebra Nozes” e com tantos outros... É girando na ponta dos pés que a orquestra revela a emoção da “arte dos passos”.
Nossos olhos, sem mais prova, atestam, deslumbrados, um magnífico espetáculo. Diante do que se vê, sopranos e tenores entoam da arte teatral: a ópera, voz encenada em drama musical. Castelos, histórias de amor, contos e fábulas...faces do imaginário, um tom magistral de sonhos em sintonia com a vida.
Ó magia! Sob a partitura azul e branca, tudo soa, recebendo, em si, o sopro que do Brasil ecoa. Vem, meu “povo do samba”, desfrutar dessa música boa, de um “Aquarius Concerto”, ao solo de um pandeiro e renascer das cinzas nos versos de um “senhor partideiro”: Martinho da Vila. Vem com a Vila Isabel, com seu reduto de bambas que “não quer abafar ninguém”, “só quer mostrar que faz samba também.

Enredo: “O MAESTRO BRASILEIRO NA TERRA DE NOEL... TEM PARTITURA AZUL E BRANCA DA NOSSA VILA ISABEL”.
Presidente: Elizabeth Aquino (Dona Beta)


Ideia original e carnavalesco: Max Lopes
Pesquisa e texto: Marcos Roza

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Análise da ordem e dia dos desfiles 2015

Ordem dos desfiles
Gente sorrindo e gente chorando, é sempre assim depois que as bolinhas marcam a ordem dos desfiles. Na verdade o sorteio da ordem dos desfiles, é o primeiro quesito dentro de um carnaval, é o "quesito sorte", ali nada mais é do que lançada a sorte de cada agremiação.

Confesso que gosto muito de observar os dados, eles marcam uma análise que deve ser sempre respeitada, então vejamos:

Desde  1984 no desfile inaugural no Sambódromo do Rio de Janeiro, é bom destacar:

  • 25 escolas sagraram-se campeãs desfilando na segunda de carnaval;
  • 07 escolas sagraram-se campeãs desfilando no domingo de carnaval, sendo elas: Portela em 84 ( vale ressaltar que este ano houve uma campeã de domingo e outra de segunda, no Supercampeonato que se deu no sábado a campeã foi a escola de segunda-feira, Mangueira), Mocidade em 85, Mangueira em 87, Imperatriz em 94, Mocidade em 96, Vila Isabel em 2006 e Tijuca em 2010.
É claro que todos querem defender o seu desfile acima do dia em que pisarão na Sapucaí, mas é complicado demais, os números dizem isto, o desfile no domingo, a diferença entre os dias que saíram as campeãs é enorme, e cá entre nós, ninguém quer desfilar no primeiro dia.

Posições que mais deram título às escolas:

  • Última de segunda-feira, oito vezes campeã: Mangueira  84, Imperatriz 99, Beija-Flor 2005, 2007, 2008 e 2011, Vila Isabel 2013 e Tijuca 2014;
  • Segunda de segunda-feira, cinco vezes campeã: Imperatriz  89, Viradouro 97, Mangueira 98 e 2002 e Salgueiro 2009;
  • Quinta de segunda-feira, cinco vezes campeã: Mangueira 86, Mocidade 91, Beija-Flor 2004, Vila Isabel 2006 e Tijuca 2012;
  • Terceira de segunda-feira, três vezes campeã: Estácio de Sá 92, Salgueiro 93 e Beija-Flor 2003;
  • Quarta de segunda-feira, três vezes campeã: Mocidade 90, Imperatriz 2000 e 2001;
  • No domingo a posição que mais rendeu títulos foi a última, sendo três vezes campeã: Mocidade 85, Mangueira 87 e Imperatriz 94.

Analisando o "critério" sorte,  e considerando a ordem dos desfiles:

DOMINGO:
VIRADOURO
MANGUEIRA
MOCIDADE
VILA ISABEL
SALGUEIRO
GRANDE RIO

SEGUNDA-FEIRA:
SÃO CLEMENTE
PORTELA
BEIJA-FLOR
UNIÃO DA ILHA
IMPERATRIZ
UNIDOS DA TIJUCA


  • Nunca uma escola que abriu, tanto o domingo como a segunda-feira, foram campeãs!
  • Nunca uma escola que desfilou nas posições segunda e quarta de domingo ganhou carnaval!
Viradouro: numa posição muito complicada, mas que se dá pelo regulamento, vai encontrar a Sapucaí ainda um tanto vazia, fria, e com pouca receptividade do público, vai ter de suar a camisa, e levar um ótimo samba, que levante o público, e não pode errar, em momento algum. Tem de encantar e emocionar, de outra forma, já será um prenúncio de péssimo resultado.

Mangueira: numa maré terrível, desfilar no domingo de carnaval e ainda ser a segunda escola, não é uma tarefa fácil, mas a Velha Manga vai concentrar no lado do Prédio do Balança, isso é bom pra Mangueira, vai ter componentes bem dispostos, e facilidade para armar a escola; mesmo com tudo isto, é uma missão complicadíssima para a Verde e Rosa. É bom que se diga, a escola já reagiu a esta péssima posição, vem com um enredo extremamente popular, em exaltação às mulheres mangueirenses, o que vai proporcionar uma safra de sambas muito à altura do que se espera da Estação Primeira, precisa emocionar, levantar todo o público presente, e fazer com que já neste horário, ainda cedo, a Passarela do Samba esteja lotada, para ver uma das mais importantes escolas de samba do Brasil, e sinceramente não acredito que seja diferente, o público vai chegar cedo, o que de certa forma acaba beneficiando a Viradouro por tabela.

Mocidade: se desfilar nesta posição nunca trouxe vitória à escola de Padre Miguel, já o atual carnavalesco foi campeão pela primeira vez na Unidos da Tijuca, desfilando exatamente nesta posição. A Mocidade vai pegar uma Sapucaí quente, com a passagem da Mangueira, vai ter de encontrar um samba  de qualidade para manter o ritmo (o que não é difícil para escola, que já mostrou grandes sambas), porque certamente será o duelo entre tradição x vanguarda. Vale registrar ainda, quem em 1996 a Mocidade foi campeã desfilando no domingo de carnaval.

Vila Isabel: a Vila que tenta se reestruturar vai vir depois de Mangueira, Mocidade e antecedendo o Salgueiro, nada fácil, vai ter de manter o nível das duas anteriores e ainda surpreender para não ser lavada pela força do Salgueiro, samba, inovação e luxo, vão ter de andar de mãos dadas neste desfile.

Salgueiro: por infelicidade do destino, mais um ano no domingo, e repetindo a mesma posição de 2014, o Salgueiro está numa posição, de certa forma confortável, alegorias gigantescas podem ser exploradas já que concentrará no lado do Prédio dos Correios. Nesta posição, a Vila Isabel de Alexandre Louzada, em 2006 foi campeã, contrariando às expectativas da época.

Grande Rio: em 1984 a Portela foi campeã desfilando nesta posição, mas vale lembrar que não estava encerrando o domingo, e com um enredo de gosto duvidoso, vamos ter de esperar o samba ser escolhido, caso samba não saia bem, vai ser um desastre ver a Grande Rio fechando a primeira noite dos desfiles, ainda mais se as demais de domingo cumprirem bem sua missão, batata quente nas mãos para escola de Caxias. Com este enredo, sobre a moda brasileira, fechar o desfile é tarefa para mágico!

São Clemente: de Rosa Magalhães, é bom que se diga, a carnavalesca já declarou que deseja um samba com a marca de Fernando Pamplona, o homenageado da escola, mesmo com isto, será uma tarefa complicada, abrir este desfile de titãs, muito pelas escolas que virão em sequencia, mas tem uma vantagem, desfilará, teoricamente, depois da passagem da Grande Rio e sua "tal" moda.

Portela: não é uma posição que a escola gosta de desfilar, vai concentrar de um lado que não é o seu favorito, mas vejam que cinco vezes esta posição já rendeu títulos, não é pouca coisa. Receberá componentes animados, descansados, e vai desfilar na segunda posição que mais rendeu títulos às escolas de samba, então tudo indica que está com sorte escola de Oswaldo Cruz e Madureira.

Beija-Flor: é claro que a Beija gostaria de fechar os desfiles de 2015, ou estar na quinta posição, mas entre tudo que está por vir, desfilar depois de Portela é algo desafiador, matéria que a escola de Nilópolis sabe exercer muito bem, e teremos a oportunidade de ver coladinhas, a maior campeã de todos os tempos e a maior campeã da Sapucaí. Ótima posição para a Beija mostrar ao povo todo seu carnaval, e diga-se, vai concentrar do lado que prefere. É bom que se recorde, aquele 2003, veio conquistado exatamente nesta posição.

União da Ilha: desfilar na segunda-feira foi o melhor que poderia acontecer para a escola, embalada com o excelente desfile de 2014, a agremiação está numa maré de sorte sensacional, e vai poder fazer seu desfile leve e carismático, como lhe é peculiar, após a passagem das gigantes Portela e Beija-Flor, e da maior campeã da era Sambódromo Rosa Magalhães e sua São Clemente, vai ser o "dia da alegria" para a Ilha, e vale lembrar que nesta posição, já quatro campeonatos foram conquistados.

Imperatriz: segunda-feira, e isto basta para a leopoldinense, mas para uma escola que não está entre as maiores torcidas, e ainda não é uma das "queridinhas" é de certa forma complicado desfilar neste bolo de campeãs e sensações, mas o carnavalesco Cahê Rodrigues têm dado uma nova cara a escola, e há quem diga que é outra Imperatriz, mesmo mantendo a tradição da primeira tricampeã do Sambódromo. Agora é evidente que vai desfilar numa ótima posição, cinco vezes o título saiu para quem desfilou neste lugar, sem contar que concentra do lado do Prédio dos Correios, o que possibilita um certo "gigantismo" em seu conjunto alegórico.

Unidos da Tijuca: há quem diga que a escola não deveria fechar os desfiles de 2015, pelo contrário, esta era exatamente a minha expectativa, muito se fala sobre a força e o tamanho da Tijuca, agora sem Paulo Barros (diga-se, mais uma vez), é hora da escola do Borel mostrar que é grande, e tem todas as condições para fechar os desfiles, provar que não é simplesmente uma escola hollywoodiana, ou tão somente de comissão de frente, vai vir aí uma nova Tijuca, mais do mesmo talvez, mas com uma ótica completamente diferente, e nada mais justo do que ela estar na mesma posição em que conquistou o carnaval de 2014, sem contar que a escola gosta tanto de encerrar desfiles, como de concentrar no lado do Prédio do Balança Mais Não Cai. Deixo meu registro: que noite de sorte estava o presidente Fernando Horta neste sorteio!

Dias e posições em que as escolas foram campeãs na era Sambódromo:

1984 - sexta de domingo, Portela e última de segunda, Mangueira
1985 - última de domingo, Mocidade
1986 - quinta de segunda, Mangueira
1987 - última de domingo, Mangueira
1988 - sexta de segunda, Vila Isabel
1989 - segunda de segunda, Imperatriz
1990 - quarta de segunda, Mocidade
1991 - quinta de segunda, Mocidade
1992 - terceira de segunda, Estácio de Sá
1993 - terceira de segunda, Salgueiro
1994 - última de domingo, Imperatriz
1995 - sexta de segunda, Imperatriz
1996 - oitava de domingo, Mocidade
1997 - segunda de segunda, Viradouro
1998 - segunda de segunda, Mangueira e quinta de segunda, Beija-Flor
1999 - última de segunda, Imperatriz
2000 - quarta de segunda, Imperatriz
2001 - quarta de segunda, Imperatriz
2002 - segunda de segunda, Mangueira
2003 - terceira de segunda, Beija-Flor
2004 - quinta de segunda, Beija-Flor
2005 - última de segunda, Beija-Flor
2006 - quinta de domingo, Vila Isabel
2007 - última de segunda, Beija-Flor
2008 - última de segunda, Beija-Flor
2009 - segunda de segunda, Salgueiro
2010 - terceira de domingo, Tijuca
2011 - última de segunda, Beija-Flor
2012 - quinta de segunda, Tijuca
2013 - última de segunda, Vila Isabel
2014 - última de segunda, Tijuca

2015 -  domingo ou segunda ? ? ?

Este texto, é baseado na reflexão dos números e estatísticas da era Sambódromo, é claro que muita coisa já acontecia antes desta era, e merece respeito da parte deste blogueiro, sempre, mas se vamos avaliar, os desfiles no Sambódromo, com a marcação de dois dias de apresentações para as agremiações do grupo especial, foi preciso, para se obter uma análise fidedigna, considerar apenas os carnais de  1984 até os dias de hoje.

E no mais, toda sorte do mundo para quem abre, fecha, desfila no domingo, na segunda-feira, até porque os tabus estão aí para serem confirmados ou derrubados, e a história de nosso carnaval se escreve a cada dia, a cada desfile, a cada ano que passa, estas valentes 12 agremiações, que hoje se encontram no grupo especial, estão aqui simplesmente porque gravaram seu nome na história.

Boa sorte!