Milton Cunha |
Um dos grandes gênios da arte deste país, Milton Cunha falou em sua página do facebook, na tarde de hoje, sobre a expectativa de receber a Medalha Tiradentes. Confira na íntegra:
Vou receber a Medalha Tiradentes na Plenaria da Alerj, nesta quinta às 18.30. Espero todos voces lá, porque deve ser algo engraçado e interessante, pois nada que me envolva pode ser considerado normal ou morno. Vai pegar fogo no congá, já que eu sou do barro remechido e da pá virada. É gritaria, babado e confusão. Tomara que o Deputado Chiquinho da Mangueira não se arrependa de tal outorga, e que a bela cerimonialista Marcilene Moraes consiga conter os sambistas, que vão levantar a poeira.
Homenagens são sempre bem vindas, acho bacanérrimo, mas olho-as com parcimonia. Que bom que me achem merecedor, mas é fundamental manter os pés no chão. Nem melhor nem pior que ninguém. Por ora a maré tá boa, mas o revés sempre é possivel, portanto jamais acreditemos que somos os tais.
Cheguei na Rodoviária Novo Rio em 82, tomei um banho naquele banheiro que era fétido, e parti para alugar uma vaga no apartamento da dona Meiry, em Copacabana, o que tinha achado assim que abri o classificados do "aluga-se vagas". Tinha pegado o Ita no Norte e descido para o sul maravilha em busca de oportunidades de trabalho, mas acima de tudo eu queria poder respirar sem me preocupar com o que meus pais ou parentes iriam achar. Eu queria liberdade, ser eu, sem aparas ou arestas.
Quanto a serviços prestados a cultura do Rio de Janeiro no Brasil e no exterior, ufa, cansei! Muita coisa prá contar: trouxe Bidu Sayão para a Marques de Sapucaí, fiz narrações pela tv de folclore e carnaval, viagens ao exterior para representar nossas escolas de samba, aulas em universidades, mas... o que mais gosto é meu trabalho de rua: no Saara, meus trabalhos na Praça do Mascate, e no asfalto da Presidente Vargas, há cinco anos apresento o Dia de Zumbi dos Palmares. Nada me deixa mais feliz que o povo da rua! Fora isto adoro o trabalho de Diretor Artistico da Cidade do Samba, na Gamboa, onde posso receber turistas que buscam esta pegada de carnaval fora de época.
No mesmo dia e hora minha divina professora Rosa Magalhães (meu pós doutorado na Escola de Belas Artes é sobre ela, com orientação de Helenise Guimarães e Samuel Abrantes) estará recebendo o diploma do Mérito (que sobra nesta Mestra), porque a Medalha ela já ganhou há anos atrás. Na mesa estarão Jorginho Castanheira, Presidente da Liesa, a Divina Celia Domingues da Amebrás, o amado comunicador Roberto Canázio, a Drag Queen e Doutora pela UFRJ Samille Embaixatriz Cunha, e Rosinha Garotinho. As músicas que escolhi foram Fatumbi, da Ilha 98, Bidu Sayão e o Canto de Cristal, da Beija Flor 95 e Quizomba Festa da Raça, com a Vila. Acho que só o encontro destas baterias já vale a medalha. Estou lhes esperando!
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