Max Lopes |
É com o espírito de uma fênix, que renasce das cinzas, que a São Clemente quer despontar no Sambódromo, no desfile do Grupo Especial, em 2014. O momento é de renovação e criatividade com a chegada de Max Lopes, que veio acertar o passo da escola entre os altos e baixos enfrentados no desenvolvimento do enredo “Favelas”. Carnavalesco experiente, Max quer ajudar a escola a ultrapassar os obstáculos para chegar ao topo do carnaval do Rio.
E já chegou mostrando ao que veio. Conhecido como “o mago das cores” do carnaval carioca, Max conta que a São Clemente já se mostra uma escola diferente, com o predomínio de uma determinada cor em cada setor da escola e a utilização de tripés na abertura do desfile. Elementos característicos do carnavalesco. Além disso, Max alterou a roteirização do desfile e discute a inclusão de elementos de teatralização num carro alegórico.
“Cheguei com o trabalho em andamento, que vem sendo muito bem executado por Tiago Martins, João Vítor e Bruno César, no Núcleo Criativo de Carnaval. Mas sou muito ligado em detalhes, no requinte. Então, já pedi para alterar o tamanho dos carros, busquei figurinos com cores mais exuberantes e não vamos mais nos prender só ao preto e ao amarelo da São Clemente”, explicou o carnavalesco, que como requer o enredo “Favelas” é preciso chegar devagar, mas pisando firme.
O diretor de carnaval, Roberto Gomes conta que, como numa favela, os caminhos da São Clemente são difíceis, mas os obstáculos não são intransponíveis. A décima colocada no desfile de 2013, já ficou para trás. A renovação começou com o sorteio do desfile de 2014, quando conquistou um lugar nobre: vai ser a terceira escola a se apresentar no domingo (2 de março), depois de passar os últimos três anos sendo a primeira a desfilar no domingo ou na segunda-feira.
“Contratamos a atriz e diretora Bia Lessa para ser nossa carnavalesca. Mas não deu certo. Houve uma série de incompatibilidades. Tivemos de parar tudo. Há dois meses resolvermos recomeçar do zero com o trio do Núcleo Criativo. Agora trouxemos o Max para lapidar o trabalho. Com toda a experiência dele, a São Clemente está se desdobrando para chegar ao topo”, disse Gomes, acrescentando que a escola não obteve qualquer patrocínio para tocar o enredo “Favelas”.
Gomes e Max destacam que apesar falar sobre favelas, a São Clemente vai manter a irreverência que a caracteriza e promete um desfile para cima. Violência, miséria e tristeza não fazem parte da história que a escola vai contar na avenida. Ao contrário, diz Gomes, a intenção é deixar as mazelas de lado e mostrar porque tanta gente se orgulha de viver em favelas, desde os tempos em que as aglomerações de moradias de ex-escravos foram batizadas com o nome da planta encontrada no arraial de Canudos (BA).
“Vamos contar a origem do nome favela, mostrar a riqueza humana, com seus malandros e mulatas, e cultural, com o samba, o jongo, a religiosidade, os movimentos sociais e esportivos, a arquitetura e suas peculiaridades. Além de homenagearmos seis favelas cariocas, vamos lembrar grandes favelas internacionais como a de Mumbai, na Índia”, detalhou o diretor de carnaval.
Tudo com muita cor e alegria, mas politizado, como faz questão de frisar Max Lopes, que acredita que a criatividade, a esperança e a genialidade artística nascem da adversidade.
“Artista que não vem do sofrimento não é artista. Tem de ter uma dificuldade, um obstáculo a ser enfrentado para ele desabrochar, seja uma grande perda ou uma pequena desilusão amorosa. É desse sofrimento que brotam os melhores trabalhos. As favelas são fontes de sofrimento e genialidade”, filosofa Max Lopes, que vai celebrar a criatividade de “Favelas”, no último carro da São Clemente, com uma festa na laje.
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