domingo, 14 de julho de 2013

Sinopse da São Clemente 2014

São Clemente
Somos a São Clemente, a Escola da irreverência. Quando o couro estremece com a pancada da fiel bateria, o Clementiano já sabe que é hora de brincar o carnaval na essência do que é esta festa: a alegria! 

Mas não foi sempre assim, ou tão assim... No fim da década de 80 já éramos a Agremiação da espontaneidade, mas, junto com ela, vinha o grito: "olha a crítica"!!!! E foi dessa forma que alertamos o Brasil para o drama do menor abandonado, da violência e o perigo do samba sambar.


No carnaval de 2014, rimar São Clemente com irreverente vai continuar fazendo sentido. Subiremos a favela para mostrar toda a sua riqueza, malemolência e criatividade. Desvendaremos sua arquitetura, das origens à atualidade, dos costumes aos personagens. Em seus becos, vielas e barracos, encontraremos emoções, contradições e, claro, muita espontaneidade.

Hoje, Clementianos, favelados ou não, se misturam a esse corpo tão único e ao mesmo tempo tão heterogêneo, tão real e abstrato, tão sofrido e feliz... Portanto, seja bem vindo à favela da São Clemente, e conheça toda a dimensão da audácia humana!

Chegava gente de todo lugar e em cada olhar havia uma chama, uma religião, uma fé...


Quem somos nós? 
Herança do olhar de esperança dos negros enfim livres 
A fé dos pobres soldados que foram a Canudos vencer o próprio espelho 
dos sem cortiço, excluídos da cidade que limpava-se... 
Quem somos nós? 
Bisnetos dos imigrantes que fugiram da guerra 
Netos da seca do sertão 
Filhos da miscigenação 
Somos a pluralidade na origem, a uniformidade na carência

Como fizemos? 
Da necessidade! 
Erguendo formas estranhas, audaciosas 
Tão perigosas quanto geniais 
Como fizemos? 
Desafiando a lógica e a gravidade 
Arquitetos e engenheiros 
Mas sem régua, sem esquadro 
Sem segurança, nem dinheiro 
Como fizemos? 
Desejo em forma tijolo!!! 
Coragem em prego e concreto!!! 
Como malabaristas do dia-a-dia, nos equilibramos na necessidade 
Como fizemos? 
Caixote vira madeira, esteira é colchão 
Vela na prateleira garante iluminação

Somos sinistros! 
Porque quebramos o muro invisível da cidade partida sob marteladas de ritmo 
Crescendo como família 
“gente simples e tão pobre, que só tem o sol que a todos cobre” 
Mas que faz arte de viver como nenhum outro 
Somos sinistros! 
Porque levamos pra cidade nossas manias e as trazemos de volta ainda mais ricas 
No improviso, na invenção cotidiana, na parceria, no sofrimento, na festa, na religiosidade 
A alegria de transformar dor em poesia. 
Somos sinistros! 
Porque vão falando como nós, dançando como nós, grafitando como nós

Nem adianta 
A diferença incomoda 
Fomos reprimidos, removidos, demolidos de novo 
Somos o povo criativo e genial, mas barulhento 
Que a sociedade gosta de ver... de longe... 
Nem adianta 
Nosso povo tem a força e a potência transformadora de um átomo 
É cimento e sentimento 
É concreto e abstrato 
Nem adianta 
Maltratar, proibir 
Derrubam um barraco aqui, surgem cem ali

Parece pesadelo... 
Viver na gangorra da vida 
Entre a polícia e o bandido 
Nosso guri abatido 
Alvo de bala perdida 
Parece pesadelo... 
A dor cobre o pôr-do-sol 
A esperança adoece 
O descaso alimenta a fome 
E a dignidade padece

Fala favela! 
Sai dos labirintos, dança um afroreggae 
Pinta a arte de nossos poetas 
Dança, canta e ensina 
Samba, pagode, funk e muito mais 
Criação desenfreada 
“Som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado” 
Exige mudança, refaz a esperança 
E protagoniza teu próprio destino 
Fala favela! 
O teu filho um dia humilhado 
Hoje é estrela que brilha em todos os palcos 
E tem muito orgulho de ser cria daqui 
Fala favela! 
Em uma central única, desata os nós 
Se antena no mundo 
Erguei nossa voz

Tudo misturado, junto, conectado! 
Pobres, gays, loucos ou burguês 
Sem fronteiras, sem países 
Toda cor, toda religião! 
Quem diria?, o futuro vindo da contramão 
Tudo misturado 
Sem distancia, diferença, preconceito ou separação 
Na mistura das cidades, nossa língua é a união 
Tudo misturado 
Porque a cidade está em festa 
A gelada está no bar e Dona Marta já fez o feijão 
São Clemente hoje é nossa família, nosso povo, nossa paixão.



Enredo: 
Núcleo Criativo GRES São Clemente


Desenvolvimento de Enredo: 
Bia Lessa


Sinopse: 
Andre Diniz e Wladimir Corrêa


Presidente: 
Renato de Almeida Gomes


Carnavalesca: 
Bia Lessa

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