Baluarte |
Aos 84 anos de idade, Andrade Chefia comenta trajetória no samba e exalta carinho pelo presidente Fernando Horta
Oriundo da Bahia, com dia-a-dia no Engenho Novo e coração no Borel. Alexandre Ferreira de Andrade, o famoso Chefia, é um dos baluartes mais antigos da Unidos da Tijuca. Dos 84 anos de idade, o sambista se dedica ao povo tijucano há 54. Conhecido pelo jeito brincalhão e pelo ótimo relacionamento com todo o mundo do samba, Chefia é considerado um dos maiores ícones do Carnaval Carioca e não somente na Marquês de Sapucaí.
'Só saio da Unidos da Tijuca se me mandarem embora'Andrade Chefia
Além do trabalho de divulgador na Unidos da Tijuca, Chefia guarda no currículo as participações frequentes em outros lugares. Presença certa em programas das rádios Nacional e Manchete, é o mito tijucano o dono de uma das maiores caminhadas na escola do Borel. O amor pelo samba, no entanto, não foi o único auxílio para a chegada de Chefia na Tijuca, quando deixou de lado um pouco da profissão original para se dedicar ao pavilhão azul e amarelo.
"Sou alfaiate e fazia roupas para um dos construtores da quadra do Borel. Como ele sabia que eu gostava de samba, acabou me chamando para fazer parte da escola e comecei a trabalhar na divulgação. Fui o locutor da agremiação por quase 30 anos e agora continuo sendo divulgador. Já fui convidado para ocupar o posto de presidente da Velha Guarda também, mas achei que lidar com velho é pior do que com criança, aí não aceitei (risos)", revelou Chefia, que também tem o nome marcado em diversos outros pavilhões.
"Cheguei a ser locutor da Caprichosos do Engenho Novo e também sou fundador dos blocos Bafo da Onça, Vai quem quer e Flor da Mina. Além disso, participei da fundação da Grande Rio, é muita história. Cheguei a fazer uma festa chamada 'Noite do pisa marceneta', na década de 70, e depois dela foi fundado um bloco chamado Sineta do Engenho Novo. Na divulgação eu dizia que era 'a única noite de samba que os carros serão sorteados e as mesas premiadas'. Era sempre casa cheia", contou o sambista.
Lado poético
A trajetória como locutor e divulgador fez de Chefia um nome mítico no mundo do samba. O jeito brincalhão é marca registrada de um ilustre baluarte, um versátil sambista apaixonado pelo que faz. O carinho doado, e também sempre recebido, é uma das respostas para a pessoa que busca estar sempre sorrindo. Para este objetivo, Chefia não poupa esforços e faz questão de revelar uma das táticas para agradar os amigos.
"Eu gosto de fazer frases. Atualmente, as pessoas gostam muito quando eu digo que 'o falso amigo é igual à sombra, que só acompanha o sol quando ele brilha'. Essa é aquela frase que fala dos amigos malandros, que só querem estar por perto nas horas boas. Outra famosa é uma em que digo:'Alô, comunidade "borelense" e todo universo sambista. Aonde está o seu filho agora? Você sabe?'. Esta é bastante cobrada pois se refere a algo que aconteceu realmente comigo. Eu pensava assim sobre um filho que tive e o pessoal vê isso como um grande alerta", revelou.
Carinho tijucano
A história é longa, o caminho ainda mais. Sobretudo, Chefia tem na Unidos da Tijuca uma segunda família. Nos 54 anos dentro da agremiação, o sambista conviveu com diversos presidentes e agora tem ao lado uma pessoa onde a relação não fica somente pelo lado profissional. Ao falar do presidente Fernando Horta, Chefia não poupouelogios e fez questão de exaltar o valor do dirigente para a história da escola.
"O sr. Fernando é conhecido hoje como o amigo do samba, sempre o chamo assim. Ele ajuda muitas escolas de samba dos grupos de acesso. Vejo que é uma pessoa com uma grande consideração por mim, sempre me chamava atenção e hoje são só elogios. Inclusive, algumas pessoas dizem que sou "puxa saco" dele, mas não é verdade. Quando ele assumiu a Tijuca, a escola não tinha nem luz, não tínhamos nem mesmo cadeiras próprias. E hoje estamos entre as melhores do Carnaval. Sempre enfatizo que o sr. Fernando para a Tijuca tem a mesma utilidade que o sol e a chuva têm para a natureza. Ele colocou a Unidos da Tijuca neste ponto que está hoje, será o nosso eterno presidente", disse.
Além dos elogios ao presidente da Unidos da Tijuca, outro fato bastante valioso para Chefia é a ligação com a agremiação. O elo é imenso e o carinho pela escola da Zona Norte é algo difícil de ser caracterizado com algumas palavras.
"Eu comecei na Unidos da Tijuca, sempre me identifiquei com a comunidade "borelense" e passei a gostar muito da escola. Hoje, na gestão do Fernando Horta, sou um funcionário da agremiação. E há pouco tempo, o sr. Fernando me deu de presente a festa do meu aniversário, e que presente né? (risos). A Unidos da Tijuca já faz parte da minha vida, são 54 anos. Sou um dos mais antigos desfilantes da escola", afirmou Chefia, que quando questionado se já teria se imaginado longe da escola do Borel, foi enfático ao descartar imediatamente a possibilidade.
"Não faça isso. Para eu sair de lá, só se me mandarem embora (risos)", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário