Raymondh Junior é o mais novo integrante do time de blogueiros do SRZD-Carnaval e vem para somar com seu conhecimento e admiração pelo Carnaval.
Em 1996, pisou pla primeira vez na Marquês de Sapucaí para desfilar em uma agremiação e mostrou muito samba no pé na ala das crianças da Mangueira.
Sua experiência no mundo do samba também inclui o trabalho de composição teatral em diversas escolas do Grupo Especial e do Acesso e na produção de protótipos.
Raymondh será o representante do SRZD-Carnaval na cobertura do desfile oficial das escolas mirins e vai transmitir todas as novidades sobre o desempenho das escolas.
A partir de agora, você poderá acompanhar e comentar as publicações do novo blogueiro, interagindo com o mesmo.
http://www.sidneyrezende.com/blog/raymondhjunior
Acompanhe as publicações de mais um amante do samba!
É isso ae amigos, agora estou diante de um novo desafio, por esse motivo o BLOG DO RAY ficará sem atualizações, todo meu trabalho será desenvolvido e exposto no SRZD-Carnaval, a todos aqueles que me acompanharam até aqui, o meu muito obrigado e a saga continua, agora com novos horizontes, espero todos prestigiando nosso novo trabalho!!!
Só percebia alguma coisa diferente alguém que assistira ao seu 1º ensaio, mais pungente e emocionante, sem, porém tirar o mérito deste segundo. Comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira repetiram com clamor sua 1ª apresentação. Da mesma forma o samba muito cantado, principalmente pelas alas de caras pintadas, 24 e 28. Exuberante ala de baianas. Único senão foi ala 19 que passou embolada.
GRANDE RIO
Mais uma escola que trouxe uma coreografia somente para o ensaio técnico, não mostrando toda a brincadeira a ser mostrada no desfile. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, mostrando todo seu entrosamento, foram corretos no seu bailado. Mesmo não sendo um samba de “explosão”, a escola, excetuando o primeiro setor, cantou o tempo todo de seu desfile. Gostaria de destacar a velha-guarda, que, a meu ver, foi, de todas as escolas até agora, a que mais cantou com alegria o samba, mesmo afastados do som da bateria.
CUBANGO
A comissão de frente chegou até a 1ª cabine muito alegre e organizada, porém no início de sua apresentação perante a cabine dois guarda-chuvas quebraram, desconcentrando os componentes que os segurava, alavancando muita gritaria desnecessária por dois motivos: era ensaio; segundo o coreógrafo, não era nada do que iriam fazer no desfile oficial. O casal de mestre-sala e porta-bandeira apresentou-se dignamente, com um certo nervosismo da porta-bandeira no início de sua apresentação, devido a uma lufada de vento. Grande maioria das alas cantou bastante o samba, inclusive as coreografadas. Passistas sambaram muito, às vezes se embolavam por virem muito colados na traseira do carro de som. Parabéns às alas 5 e ala show, pela alegria e energia com que desfilaram.
MANGUEIRA
Impossível qualquer sambista ficar indiferente com a entrada da bateria da Mangueira na passarela, cantando ainda o samba de 2011. Fantástica. Mesmo com comissão verdadeira guardada a sete chaves, a comissão de frente apresentada fez uma bela apresentação, alegre e bem ensaiada. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, mesmo não apresentando tudo do oficial, marcaram sua apresentação com grande estilo, agradando muito ao público. Sabemos que as palmas de marcação em quase toda escola não se repetirá no desfile, principalmente devido ao volume da fantasia. Com exceção da ala 40,a grande maioria das alas cantaram bem o samba, porém sem a famosa alegria dos mangueirenses. Ala 37 e alas fantasiadas, tipo bloco, foram exceção por desfilarem felizes e contagiando o público.
UNIDOS DA TIJUCA
Vem repetindo o sucesso de desfiles excelentes em seus ensaios técnicos. Comissão também escondendo o jogo, e dessa vez, mostrando metade das duas últimas comissões, continua agradando o público. O casal de mestre-sala e porta-bandeira dançando “o fino”, mostrando garbo e simpatia. Poderia até comentar (já comentando) da presença de diretores de harmonia dentro das alas 8 e 31, mas tamanha foi a força de seu desfile que os erros se minimizam, principalmente por um ingrediente importantíssimo que a Tijuca injetou nos componentes além do canto: a alegria com que desfilavam irradiando pela plateia.
Superescolas de Samba S.A.. Super-alegorias. Escondendo gente bamba. Que covardia! Com uma canção em tom de desabafo, o Império Serrano fez, em 1982, um dos mais belos sambas do Carnaval carioca — ‘Bum, bum, baticumbum, prugurundum’. Era uma crítica ao gigantismo e ao luxo das agremiações que estavam dominando a festa do Momo no final dos anos 70. O enredo em forma de protesto foi um sucesso tão estrondoso que o Império saiu da última posição para o primeiro lugar. Mas não tirou o brilho da Beija-Flor de Nilópolis, que nasceu pequena no município da Baixada e, em oito anos, conquistou cinco campeonatos.
Beija-Flor 1978
Carnaval campeão da Beija-Flor, em 1978 | Foto: Divulgação
Por trás dos grandes desfiles, estavam carnavalescos, como o mago Joãosinho Trinta, Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto, e o patrocínio dos bicheiros, entre eles, Aniz Abraão David, o Anísio, (Beija-Flor), Luiz Drumond (Imperatriz) e Castor de Andrade (Mocidade).
Em 1975, o contraventor Anísio contratou Joãosinho e Laíla para levantar a Beija-Flor. No ano seguinte, a dupla levou para a Avenida um espetáculo memorável — ‘Sonhar com Rei dá Leão’ — em homenagem ao jogo do bicho e faturou o título. A escola foi acusada de fazer apologia ao crime e duramente criticada pelo luxo excessivo. “Pobre gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”, rebateu Joãosinho. A parceria com Laíla rendeu o tricampeonato (1976, 1977 e 1978). Foi a primeira vez que uma escola furava a hegemonia das grandes (Portela, Mangueira, Império e Salgueiro). Em 1977, a Portela ficou em segundo, perdendo novamente para a Beija-Flor.
Com a bênção do patrono Luizinho, a Imperatriz levou o bicampeonato em 1981 e entrou para a elite do samba. Dois anos antes, a Mocidade foi a campeã, com o enredo ‘Descobrimento do Brasil’, também de Arlindo Rodrigues. O historiador Hiram Araújo, diretor do Centro Cultural da Liesa, era diretor de Carnaval da Portela, em 1977, e lembra a derrota. “Fui chamado antes do desfile por um macumbeiro da escola. Tinha que tomar cachaça e desenterrar uma cabeça de bicho que estava impedindo a vitória da Portela. Não fiz. Perdemos por um ponto para a Beija-Flor, no último quesito que era justamente o meu, enredo. Foi uma coincidência”, ri.
Campeão de sambas estreou na verde e rosa por acaso
Hélio Turco
Hélio Turco levou para a Avenida 16 sambas-enredo pela Mangueira | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Maior campeão de sambas-enredo, com 16 composições na Estação Primeira de Mangueira, Hélio Turco estreou no samba por acaso. Foi procurar um amigo na quadra da escola de samba e acabou incluído no quadro da diretoria.
“Eu não sambava, não cantava e não tocava. Entrei para quebrar um galho e acabei ficando mais de 30 anos”, recorda. Começou ali um caso de amor que dura até hoje. “A Mangueira era pobre, mas éramos unidos. Hoje há muita disputa pelo samba. Cada um escreve um trecho. A letra não casa com a melodia”, lamenta o compositor.
Suas estrofes com métricas perfeitas foram incluídas em inúmeras questões de vestibular. “Samba tem que ter alma, alegria e muito amor. Não pode haver vaidade. É a música que deve chamar a atenção. Na época, vendíamos 3 milhões de discos, hoje não chega a 50 mil”, ensina o mestre que ajudou a Verde e Rosa a conquistar vários títulos.
Em 1961, compôs ‘Recordações do Rio Antigo’ e a Mangueira foi bicampeã. Seis anos depois, veio mais um bicampeonato com o ‘O Mundo Encantado de Monteiro Lobato’. Hélio Turco está afastado da escola por não concordar com a atual diretoria, mas continua torcendo pela Verde e Rosa. “Sou Mangueira até morrer”, diz.
Personal Trainer e mulher de um dos maiores sambistas desta geração, Milena Nogueira se tornou Musa do Salgueiro este ano e promete fazer bonito em sua estreia no Carnaval de 2012.
“Sou salgueirense de coração e sempre frequentei a quadra da escola. Recebi o convite da presidente Regina Celi exatamente por isso. A recepção de todos com a minha chegada no posto foi ótima, Foi tudo lindo”, contou ao Famosidades.
Sobre a expectativa de seu primeiro Carnaval como Musa, a mulher de Diogo Nogueira afirmou que está muito nervosa, mas essa sensação é o máximo. "Já desfilo em carros alegóricos há dois anos, mas, no chão, deve ser uma emoção ainda maior”, disse.
Por ser personal trainer, ela comentou que não precisa fazer nenhum esforço além do que já faz normalmente para ficar em forma. Até o Carnaval, deve continuar a mesma carga de musculação, apenas acrescentando exercícios de resistência para aguentar o pique e atravessar com tranquilidade a Marquês de Sapucaí com samba no pé.
Verde e rosa vai contar a história do Bloco Cacique de Ramos.
Escola será a quarta a desfilar na segunda-feira (20), entre 00h15 e 1h06.
No carnaval deste ano, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, do Grupo Especial do Rio de Janeiro, quer mostrar que a Marquês de Sapucaí também pode ser palco para os tradicionais blocos de rua. A verde e rosa vai festejar a alegria e a descontração popular contando a história do bloco Cacique de Ramos, que completou 50 anos em 2011.
Cid Carvalho - Carnavalesco
Para conquistar o 19º título do carnaval, a Mangueira vai apostar no enredo "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira!", desenvolvido pelo carnavalesco Cid Carvalho, que faz a sua estreia na agremiação. O carnavalesco promete reviver o clima dos carnavais de rua e as festas populares do bairro de Ramos, na Zona Norte, onde nasceu o bloco, apadrinhado pela verde e rosa.
O cocar vai se juntar ao bumbo da Mangueira numa grande festa de celebração ao Cacique de Ramos. Cria do bloco e mangueirense assumida, a cantora Beth Carvalho também será homenageada. Por uma noite, o Cacique vai trocar a Avenida Rio Branco, onde costuma arrastar multidão todos os anos, pela Marquês de Sapucaí e pedir passagem para a sua história.
Como manda a tradição, o verde e o rosa, cores do pavilhão da Mangueira, estão presentes em grande parte dos sete carros alegóricos e nas fantasias dos 4 mil componentes que a escola vai levar para a Avenida. Uma das alegorias, que vai representar a comunidade de Ramos, com direito a Igreja da Penha e sua famosa escadaria, terá cerca de cem componentes coreografados.
O carnavalesco Cid Carvalho conta que antigamente a folia do carnaval dividia o Rio em duas cidades. De um lado, ficavam os pobres, negros e escravos que se divertiam nos ranchos. Do outro lado da cidade, ficava a elite, que festejava nos famosos bailes de máscaras. Quando as escolas de samba surgiram na década de 20, elas unificam esse carnaval, juntando pobres e ricos.
E de todas as manifestações carnavalescas, a que sobreviveu foram os blocos, como o Cacique. Para Cid Carvalho, a missão da Mangueira é juntar os dois carnavais: “Eu acho que o carnaval da Mangueira vai ter uma coisa de nostalgia. A gente percebe que o Rio é rua, a rua no sentido de alegria, de espontaneidade. É esse Rio de rua que a gente vai levar para a Avenida”, disse.
Fantasias das baianas recebem os últimos
retoques no barracão
Batalha de confetes
E é justamente nesse clima espontâneo e irreverente das ruas cariocas que a Mangueira começa o seu desfile. De acordo com o carnavalesco, a escola vai mostrar as folias urbanas até chegar ao homenageado da noite. Para Cid Carvalo, o Cacique de Ramos serviu como uma espécie de “útero” para o pagode, revelando nomes como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão.
No carro abre-alas, que chegou a ter outro desenho, componentes vestidos com o figurino do Cacique de Ramos darão o tom do desfile. À frente, uma imponente escultura de quase dez metros de altura do cacique: “O abre-alas é uma síntese. Quando a Mangueira entrar na Avenida, no setor 1, as pessoas vão saber de cara: ‘E sou Cacique, sou Mangueira’”, disse Cid.
E como numa verdadeira batalha de confetes, a Mangueira quer proporcionar o encontro do Cacique de Ramos com o bloco Bafo da Onça, que no auge do carnaval de rua do Rio conseguiam arrastar cerca de 10 mil pessoas cada. Com bom humor, irreverência e descontração, os blocos vão se unir na Avenida numa “luta” que promete emocionar.
“Falar de Cacique tem que falar de Bafo da Onça. Nós vamos fazer uma brincadeira, a onça virá sapeca, coroada, bem metida, lógico, para ‘tirar uma onda’ com o Cacique. E o Bafo da Onça também merece estar nessa homenagem. É uma forma de unir os dois blocos e mostrar a força das ruas. Então eu acho que essa junção vai emocionar a Sapucaí”, completou o carnavalesco.
Samba em Marte
Após fazer um passeio pelos antigos carnavais, passando pelo Rio colonial, mostrando os ranchos, o entrudo e os blocos mais antigos, a Mangueira vai mostrar a força do Cacique de Ramos e o vínculo com a verde e rosa. Por fim, o desfile vai terminar com samba em Marte, com direito a marcianos malandros e astronautas tocando tamborins.
Escola será a quarta a desfilar na segunda (20), na
Sapucaí
A alegoria, segundo Cid Carvalho, será em alusão à música “Coisinha do pai”. Segundo ele, em 97, a canção foi tocada quando um robô em missão pela NASA tocou o solo de Marte: “Teremos uma grande nave aterrissando em solo marciano, trazendo astronautas tocando tamborim, nega maluca e malandros marcianos. Será uma grande brincadeira”, completou o carnavalesco.
Terceiro lugar em 2011, a Mangueira será a quarta escola a desfilar na segunda-feira (20), na Sapucaí.
Pelo terceiro ano seguido, a rainha Renata Santos vai reinar soberana à frente da bateria comandada pelo mestre Ailton. O casal de mestre-sala e porta-bandeira Raphael Rodrigues e Marcella Alves e o trio de intérpretes Luizito, Zé Paulo Sierra e Ciganery completam o time da Mangueira em busca do tão sonhado campeonato.
O Rei do Baião e todas as suas inspirações serão lembradas no desfile.
Escola da Zona Norte será a penúltima a desfilar, na segunda-feira (20).
Depois de viajar pelo cinema em 2011, a Unidos da Tijuca, do Grupo Especial do Rio de Janeiro, promete fazer um novo passeio no carnaval deste ano, mas dessa vez, os lugares visitados serão os cenários que serviram de inspiração para Luiz Gonzaga. Reis e rainhas vão convidar o público a visitar lugares como Vale do São Francisco ao som da sanfona e do baião.
Com o enredo "O dia em que toda realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão", do carnavalesco Paulo Barros, a amarela e azul da Zona Norte vai celebrar e consagrar o Rei do Baião e o nordeste brasileiro, a inspiração dele. Barros fez um convite a todos os monarcas do mundo para participar dessa festa que termina com uma coroação na Avenida.
Paulo Barros
“A gente buscou um caminho que não foi o caminho biográfico. A gente criou um enredo em comemoração aos 100 anos dele, e essa festa será celebrada em forma de coroação. A Tijuca prepara um grande cerimonial para receber todos os monarcas do mundo inteiro, inclusive do Brasil, para estarem presentes nesta cerimônia”, explicou o carnavalesco Paulo Barros.
De acordo com Paulo Barros, o público vai percorrer um caminho onde vai conhecer toda a cultura nordestina e todas as inspirações que Luiz Gonzaga cantou ao longo da vida, como o sertão nordestino, o rio São Francisco, as lavadeiras e a festa do vaqueiro. No fim do desfile, o carnavalesco da Tijuca promete, com muita festa e alegria, a coroação do Rei do Baião.
“Esses convidados serão recebidos na Avenida e vão percorrer um caminho que envolve todo o universo que Luiz Gonzaga cantou. Eles serão levados ao longo da escola, dentro de cada um dos setores e eles vão vivenciar aqueles momentos e toda a riqueza que ele cantou em suas músicas. No final teremos uma grande homenagem ao Rei do Baião”, completou.
Além do “Velho Chico”, o sertão nordestino, a Festa do Vaqueiro e as lavadeiras, serão alguns dos temas que vão compor os sete carros alegóricos da Tijuca. Para conquistar o segundo título, o último foi em 2010, com o enredo “É segredo”, também de Paulo Barros, a escola vai levar para a Avenida 3,6 mil componentes, divididos em 33 alas.
Esculturas de cangaceiros ganham forma no
barracão da Tijuca
Gangorras e carrossel
Sempre muito aguardada na Avenida, a Tijuca promete mais uma vez chamar a atenção do público com alegorias que ganham vida no desfile. No barracão da escola, na Cidade do Samba, o que se vê são alegorias luxuosas, grandes e com a cara do Nordeste, mas o carnavalesco, conhecido por dar uma nova "cara" ao carnaval, garante: vem surpresa por aí.
Para quem já levou componentes de ponta cabeça e bateria em cima de um carro alegórico, pensar nas novidades de Paulo Barros é quase um enigma a cada carnaval. Como no enredo campeão de 2010, os carros são mantidos em segredo, no entanto, o carnavalesco adiantou alguns detalhes. Segundo ele, o terceiro carro, que vai representar o mercado de artesanato, virá com componentes em 11 gangorras. A alegoria é toda e tons de barro.
“Eu tenho alegorias baseadas no conceito que eu trabalho sempre, às vezes estático, às vezes de movimento, com carrossel, gangorras, eu tenho carro que tem muita gente e outro que não tem praticamente ninguém. A gente pegou os cenários que nos consideramos importantes e vamos leva-los para a Avenida através das alegorias, e o setor que vai falar sobre o artesanato é um deles”, disse Paulo Barros.
Roupas de reis vão se transformar na Avenida
Durante a viagem que a Unidos da Tijuca que propor com o seu desfile, as roupas dos reis e rainhas vão se transformar, adaptando-se à cultura local: “Na medida que esses convidados percorrem esses caminhos eles vão assimilando nas suas próprias vestimentas todo esse universo. Então você vai ver toda a Tijuca vestida de nobre, mas também com palhas e rendas”, adiantou Barros.
Outro destaque do desfile da Unidos da Tijuca neste ano ficará por conta da bateria comandada pelo mestre Casagrande. Para embalar o enredo sobre o Rei do Baião, os ritmistas prometem ousar misturando o forró com as famosas paradinhas. À frente dos músicos virá a rainha Gracyanne Barbosa, que fará a sua estreia na agremiação. A morena virá fantasiada de assum preto, pássaro nordestino que foi homenageado por Luiz Gonzaga, em canção de mesmo nome.
E é nesse clima de festa junina regada a muito baião e quentão, que a Unidos da Tijuca pretende entrar na Avenida, na noite de segunda-feira (20), entre 1h20 e 2h28 , sendo a penúltima escola do dia. O carnavalesco manteve o segredo sobre a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira Marquinhos e Giovana. O samba ficará sob a responsabilidade do intérprete Bruni Ribas.
No sábado, teve Renascer, São Clemente e Porto da Pedra.
No domingo, outras três escolas animaram a arquibancada.
O fim de semana foi de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí, no Rio. No domingo (5), a arquibancada vibrou para receber a Estação Primeira de Mangueira. Em 2012, a Mangueira homenageia o tradicional bloco Cacique de Ramos. E, na Sapucaí, o fundador do cacique era o retrato da felicidade.
"Ser homenageado pela Estação Primeira de Mangueira não tem dinheiro que pague. Eu estou me sentindo um milionário", disse Bira, presidente do cacique.
A escola do Grupo de Acesso Acadêmicos do Cubango também se apresentou no domingo. Quem fechou os ensaios do fim de semana foi a Unidos da Tijuca. A comissão de frente, famosa por surpreender o público, apresentou os dois sucessos dos últimos anos para não estragar a surpresa do dia do desfile. Em 2012, o enredo da Tijuca é sobre o rei do baião, Luiz Gonzaga.
Ensaios no sábado
Sábado (4) também foi dia de folia na Sapucaí. A Renascer de Jacarepaguá abriu o ensaio técnico do dia. A escola desfila pela primeira vez no Grupo Especial. Neste ano, o enredo apresentado será sobre o artista plástico pernambucano Romero Britto.
A São Clemente ensaiou seu enredo que vai falar sobre os espetáculos que fizeram sucesso mundo afora. O casal de mestre-sala e porta-bandeira caprichou no bailado.
Com o enredo que fala sobre iogurte, a Porto da Pedra agitou a Sapucaí com a musa Elaine Ribeiro, que declarou todo seu amor pela escola de samba de São Gonçalo.
"A Porto da Pedra é a minha escola de coração, o olhinho brilha quando fala. A Porto da Pedra para mim é como minha família, minha casa, minha vida", contou a musa.
Chegou o grande dia de festa para as escolas de samba do Rio! Oitenta anos depois do primeiro desfile, o Jornal Extra e a Prefeitura do Rio promoverão uma volta ao passado: no mesmo dia, no mesmo horário, no mesmo local e com as mesmas agremiações, um desfile vai reviver um pouco da atmosfera daquele encontro de 1932.
É claro que, nos anos 30, lá estavam Cartola, Paulo da Portela, Ismael Silva e outros bambas que escreveram seu nome na história. Agora, em 2012, os grandes nomes serão outros, mas estarão todos lá: Monarco, Arlindo Cruz, Neguinho da Beija-Flor... Delegado e Dodô da Portela, dois exemplos de força e vitalidade, que conheceram as escolas na década de 30, serão reverenciados esta noite. Delegado foi eleito o maior mestre-sala da história, por um júri especializado. Além dele, também serão premiados Vilma (porta-bandeira), Jamelão (intérprete), Silas de Oliveira (compositor), Monarco (Velha Guarda), Mestre André (ritmista/mestre de bateria), Luma de Oliveira (musa), Tijolo da Portela e Paula do Salgueiro (passista) e Joãosinho Trinta (carnavalesco).
Já Dodô da Portela é uma das indicadas ao prêmio de maior personalidade dos 80 anos de desfile. Os outros concorrentes são Cartola, Delegado, Dona Ivone Lara, Fernando Pamplona, Jamelão, Joãosinho Trinta, Mestre André, Neguinho da Beija-Flor e Paulo da Portela. Os leitores votaram nos seus preferidos através do EXTRA Online — foram mais de 26 mil e 500 votos. O grande vencedor só será conhecido durante o evento.
Depois de homenagear os grandes bambas, é hora de reviver os desfiles de 1932. Portela, Unidos da Tijuca, Estácio de Sá e Mangueira vão evoluir pelo Terreirão, com fantasias à semelhança da época, cada uma com cem componentes, e lembrando seus sambas clássicos, ao som de uma bateria mais cadenciada. É para arrepiar qualquer sambista!
A porta-bandeira da Portela, Lucinha Nobre, disse que já está emocionada antes mesmo de entrar no Terreirão. E o motivo é muito especial:
— A minha fantasia é uma réplica da que a Dodô utilizou em seu primeiro desfile, em 1935. Vai ser mágico!
Público vibrou com as escolas, que só voltarão à avenida no desfile oficial
Renata Santos
A rainha da bateria da Mangueira, Renata Santos, de indiazinha cor de rosa
Os ensaios técnicos das escolas de samba na Marquês de Sapucaí definitivamente caíram no gosto popular. O evento, que tem entrada franca e movimenta o Sambódromo até uma semana antes do carnaval, vem recebendo um público cada vez maior. Da última sexta-feira até a noite deste domingo, 80 mil pessoas, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), foram ver o que as agremiações estão preparando para o desfile oficial.
Somente neste domingo, 40 mil pessoas ocuparam frisas e arquibancadas da avenida, para conferir os ensaios da Estação Primeira de Mangueira e da Unidos da Tijuca - a Acadêmicos do Cubango, do Grupo de Acesso A, abriu a noite de treino.
Assim como acontecerá na segunda-feira de carnaval, a Mangueira cruzou a pista de desfiles na frente da Tijuca, por volta das 21h30, e mostrou que a comunidade entrou bem no clima de carnaval de rua, como sugere o enredo "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira", que homenageia o cinquentenário do tradicional bloco de rua Cacique de Ramos.
Brincando carnaval, os três mil componentes empolgaram tanto na passagem pela Sapucaí que chegaram a ouvir, em alguns trechos da pista, gritos de "É campeã" vindos das arquibancadas. A recepção dos espectadores empolgou a rainha de bateria Renata Santos, que aposta na verde e rosa como favorita ao campeonato.
- A Mangueira tem tudo para ser campeã. Tenho certeza que a escola vai superar o resultado do carnaval passado (em 2011, ficou em terceiro lugar) e sei que a alegria do Cacique vai contagiar a avenida - afirmou Renata, que usava top e saia rosa, que deixava a barriga e as pernas à mostra.
- Vim assim, de indiazinha, porque estou podendo e por causa do calor. Emagreci bastante, tô sequinha - comemorou a beldade.
Prefeito Eduardo Paes caiu no samba com a Mangueira
A bateria mangueirense, aliás, foi a sensação do ensaio da escola. Com batidas pesadas e bem executadas, não houve quem ficasse parado ao ouvir o show dos ritmistas da "Surdo 1", como é chamada a bateria de mestre Aílton Nunes. Até os operários que trabalham na conclusão das obras de reforma estrutural do Sambódromo deram uma pausa no serviço para curtir alguns minutos da apresentação do segmento.
Também fizeram bonito no ensaio Raphael Rodrigues e Marcella Alves, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola de Beth Carvalho, Alcione e outros bambas. Fantasiada com a roupa do desfile do ano passado, a dupla evoluiu com leveza e sincronia, arrancando aplausos de quem os assistia, como Eduardo Paes, que se acabou de sambar com a Estação Primeira. De chapéu panamá, bermudão e tênis, o prefeito da cidade, que sábado inaugurou a nova quadra da Portela, sua escola de coração, se infiltrou nas alas da Mangueira e cantou empolgado com os componentes, entre eles Bira Presidente, líder do Cacique de Ramos, que prestigiou o ensaio.
O único momento tenso da passagem da Mangueira pela Sapucaí foi o susto que Delegado, mestre-sala que fez história na agremiação e hoje, aos 91 anos, é presidente de honra da mesma, deu nos integrantes da escola. Minutos antes do início do ensaio, ele passou mal e precisou ser atendido no posto médico do Setor 1. Pouco tempo depois, com a pressão e o pique já normalizados, ele retomou seu lugar de destaque e cruzou a Passarela do Samba no alto do carro de som.
- Estou cem por cento, não estou sentido mais nada. Já estou pronto para outra - disse um animado Delegado.
Comissão de frente da Tijuca roubou a cena no ensaio
Fechando o fim de semana de ensaios, a Unidos da Tijuca também fez a festa do público. A badalada comissão de frente da escola de Paulo Barros, que vai buscar o título com enredo em homenagem ao cantor e compositor Luiz Gonzaga, levou a plateia ao delírio. Comandados pelos coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, os integrantes da comissão repetiram a sucessiva troca de roupa em fração de segundos (sucesso no carnaval 2010) e também os movimentos do desfile do ano passado, que faziam com que os componentes "perdessem" as cabeças em plena avenida. A reação vibrante do público levou às lágrimas Priscilla Mota, que apesar de já ter apresentado o grupo em quase 300 shows no Brasil e no exterior, ainda não se acostumou com a repercussão positiva do segmento.
- O choro dela é muito significativo. Foi a maneira que ela encontrou de demonstrar o quanto eles estão satisfeitos com o trabalho que vem sendo realizado. A Priscilla e o Rodrigo estão se dedicando ao máximo e não somente na parte artística, eles participam de todas as etapas do processo e me ajudam muito na execução de cada detalhe. Eu, que sempre tive um olhar crítico em relação a cada trabalho, fico muito feliz de poder contar com eles, principalmente porque eles dão a engrenagem que sempre procuro. Eles já pensam com a minha cabeça e esse reconhecimento do público é a tradução de que estamos fazendo algo que fica na mente das pessoas, e o que gosto de fazer é isso - comentou Paulo Barros.
Outro que também passou emocionado pela Marquês de Sapucaí foi mestre Casagrande, que completou 47 anos neste domingo.
- O maior presente que eu poderia receber era entrar na avenida com a Tijuca no dia do meu aniversário. Quero muito que a bateria consiga fazer no desfile tudo que temos ensaiado, para repetirmos o sucesso do ano passado. Ter um bom desempenho é fácil, difícil é se manter com qualidade - frisou o aniversariante, que promoveu uma queima de fogos na bateria, ainda na concentração.
À frente dos ritmistas, brilhou Gracyanne Barbosa, que este ano estreia como rainha de bateria da escola do Borel, que executou paradinhas em ritmo de forró, o gênero musical que consagrou Luiz Gonzaga.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Giovanna e Marquinhos também foram um show à parte no ensaio e, fantasiados, mostraram que tem tudo para ajudar a Unidos da Tijuca a garantir boas notas no desfile.
A saga dos artistas que transformaram a figura do carnavalesco em uma profissão e revolucionaram as estruturas do desfile
Artistas transformaram a figura do carnavalesco em uma profissão
Os primeiros raios de sol iluminavam a Avenida Presidente Vargas, na manhã do dia 24 de fevereiro de 1963, quando o Salgueiro despontou na passarela. Com a Igreja da Candelária ao fundo, a vermelha e branca deixava o público estupefato, com negros usando roupas de nobres e enormes perucas brancas. O enredo, do carnavalesco Arlindo Rodrigues, era "Chica da Silva", escrava tratada como rainha em Minas Gerais, representada por Isabel Valença. Ela estava com uma peruca de 1,10 metro de altura, pérolas e um vestido cuja cauda tinha sete metros. Na Ala dos Importantes, 12 pares dançavam um minueto, coreografado por Mercedes Batistas, primeira bailarina negra do Teatro Municipal. O público delirava ao som do samba de Noel Rosa de Oliveira e Anescarzinho. O resultado? Salgueiro campeão.
Era a coroação de uma revolução que teve início alguns anos antes e que mudaria a concepção plástica e os enredos dos desfiles. Em vez de temas patrióticos da história oficial do Brasil, a saga dos negros ganhava espaço. No lugar de fantasias simples, confeccionadas de forma quase caseira, surgiram os traços de artistas plásticos vindos da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ. Ideia do então presidente do Salgueiro, Nelson de Andrade.
— Ele foi o cara que revolucionou o carnaval. Em vez de cantar o "capa e espada", cantou um artista (em 1959, convidou Dirceu e Marie Louise Nery, responsáveis pelo enredo sobre a missão artística de Jean-Baptiste Debret no Brasil) — afirma Fernando Pamplona, professor da EBA, um dos principais artífices daquela revolução. — Depois, ele veio me procurar (para o carnaval de 1960). Respondi que não entendia de carnaval. Disse para eu fazer o enredo e deixar o resto com ele. Diziam que artista não devia se meter nisso. Dane-se. Eu me meti.
"Nem melhor nem pior, apenas diferente"
A decisão de Pamplona foi só um começo. Outros artistas se aproximaram do carnaval, como Maria Augusta e o próprio Arlindo Rodrigues. A maioria no Salgueiro, escola que surgira em 1953 com o lema "Nem melhor nem pior, apenas diferente". Da chegada de Pamplona até 1971, foram cinco títulos que acabaram com a hegemonia das três grandes: Portela, Mangueira e Império Serrano. Ganhava força a figura do carnavalesco.
— Meu primeiro enredo foi "Quilombo dos Palmares". Nenhuma escola tinha cantado a cultura negra. Resolvemos contar o lado dos perdedores. Fizemos Zumbi dos Palmares, Chica da Silva, Chico Rei. Mais tarde, Dona Beija, que representava a luta pela conquista social — lembra Pamplona.
Fazer carnaval naquela época não lembrava nem de longe a estrutura de hoje na Cidade do Samba. Em 1971, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães e Lícia Lacerda aprendiam com Pamplona a fazer um desfile nos fundos de um quintal em Botafogo. "Festa para um rei negro" garantiu mais um título para a escola.
— Não tinha barracão. João, Lícia e eu fazíamos tudo. Uma vez, Pamplona me deu um saco de bolas de isopor para furar. Tentei com arame, não consegui. Fui no gás, acendi o fogão e esquentei o ferro. Aí, sim, furava que era uma beleza — conta Rosa Magalhães, recordando seu primeiro ano no carnaval.
Em 1976, outra escola entrou para a galeria das grandes: Beija-Flor de Nilópolis, com "Sonhar com rei dá leão". Obra da genialidade de Joãosinho Trinta, que anos antes era adericista recém-chegado do Maranhão. Os carros alegóricos e as fantasias ganharam volume e movimento. O luxo se tornou sua marca. Ele ganhou cinco campeonatos em menos de uma década.
— Um espetáculo com muita gente em cima dos carros. Ele era muito inteligente — diz Renato Lage, que, na década de 80, levou seu olhar de cenógrafo para os desfiles.
Mas o carnaval que consagrou Joãosinho foi "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", em 1989, que ficou em segundo lugar. Ele surpreendeu e levou para a Avenida uma alegoria de Cristo como mendigo censurada pela Igreja, que cruzou a Sapucaí coberta com plástico preto e a frase "Mesmo proibido, olhai por nós".
— Diziam que ele vivia em cima do luxo, então Joãosinho fez um carnaval de lixo. Ele sabia que tinha feito uma obra genial. É insuperável. Para mim, o único marco que existe é "Ratos e urubus" — afirma Pamplona.
Outros talentos foram revelados nos anos 60 e 80: Viriato Ferreira, Max Lopes, Alexandre Louzada, Júlio Mattos e Fernando Pinto. Este último era considerado um transgressor, pois levou a acidez e as cores vibrantes do movimento tropicalista para a Avenida.
— Sem dúvida, meu maior ídolo é Fernando Pinto. Quando vi em "Tupinicópolis", na Mocidade, um índio de tênis, dei uma gargalhada — conta Paulo Barros.
Com a morte precoce de Fernando Pinto, nos preparativos do carnaval de 1988, a década de 1990 ficou polarizada entre dois estilos: o barroco de Rosa Magalhães, na Imperatriz, e o moderno, de Renato Lage na Mocidade. Juntas, as duas escolas conquistaram oito títulos em 12 anos.
— A Mocidade foi meu grande PHD, onde a química deu certo. Cheguei após a morte de Fernando Pinto. Tive que matar o mito e impor uma linha de trabalho própria. Com "Vira, virou, a Mocidade chegou", comecei a firmar um estilo voltado para a modernidade — diz Renato.
Uma nova reviravolta só aconteceria em 2004. Naquele ano, chegava à Unidos da Tijuca o até então desconhecido Paulo Barros. Dele, só se conhecia o trabalho nos grupos de acesso, em escolas como Paraíso do Tuiuti e Vizinha Faladeira, pelas quais subia o morro para catar bambu e recolher garrafas PET. Na Tijuca, ele arrebatou a Sapucaí com a alegoria do DNA, representado por componentes com corpos pintados de azul. Estava consagrada a alegoria humana.
— As alegorias tinham mulheres seminuas, esculturas. O DNA fugiu desse conceito. Foi um carro criado sem planta, executado a partir de uma ideia — diz Paulo Barros.
As mudanças também aconteceram nos bastidores.
— O carnaval era mais modesto. Porém, mais desafiador. Antes, fazia quase com cuspe. Era muito papel crepom. Isopor era chiquérrimo. Não tinha patrocínio, subsídio, nada. Tínhamos uma semana para montar os carros alegóricos. Agora, o espetáculo é outro, mais profissional — analisa Rosa Magalhães.
Grande Rio, 2001: o astronauta Eric Scott sobrevoa a Sapucaí
Se com o Sambódromo o desfile das escolas de samba ganhou em grandiosidade, o começo do século 21 extrapolou todos os limites desse crescimento: o samba ganhou os céus. A Grande Rio levou para a Avenida em 2001 um homem voador, que era o prenúncio do começo de uma era no carnaval, cada vez mais hollywoodiano.
O astronauta Eric Scott, trazido dos Estados Unidos, foi ideia de Joãosinho Trinta. Protagonista da festa durante 40 anos, João faria seu último desfile completo em 2004. Curiosamente, no mesmo ano, surgia na Unidos da Tijuca um carnavalesco que vinha se destacando no Grupo de Acesso: Paulo Barros. A tônica de seu trabalho seria causar sensações no público durante todo o desfile.
Tijuca 2010
E foi assim com o carro do DNA, em 2004; com os vampiros de 2005; com os Elvis de 2006; e com a bateria em cima do carro em 2007. Mas a consagração viria em 2010: com uma comissão de frente arrebatadora e um desfile empolgante, a Unidos da Tijuca chegaria a seu segundo título, repetindo o ano de 1936. E Paulo Barros tomaria para si a coroa de nova estrela do carnaval carioca.
Viradouro 2008
Neste período, duas tradicionais grandes escolas voltaram aos bons tempos. A Mangueira levantou a Sapucaí em 2002, com um enredo sobre o Nordeste. Já o Salgueiro voltou a disputar títulos com a chegada de Renato Lage: com o "Tambor", a vermelho e branco foi a campeã de 2009.
Na pista, vimos a despedida de Jamelão, em 2006. Neguinho da Beija-Flor e Dominguinhos do Estácio se firmaram como as grandes vozes do carnaval. Os casais de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho/Selminha e Rogerinho/Lucinha alternaram os prêmios de melhores do ano. E Arlindo Cruz se consolidou como o maior compositor de sambas-enredo, herdeiro de Candeia e Beto Sem Braço.
Beija-Flor, o novo rolo compressor
Beija-Flor 2002
Selminha Sorriso e Claudinho, símbolo da Beija-Flor, em 2002
Os anos 2000 viram um domínio de uma escola como não acontecia desde a década de 40, com o heptacampeonato da Portela. De 2003 a 2011, a Beija-Flor venceu seis vezes, alcançando um domínio absoluto no atual carnaval. É verdade que não foi tão fácil: antes disso, a escola de Nilópolis amargou um tetra vice-campeonato, de 1999 a 2002. Mas depois que começou a ganhar não parou mais. Dessa forma, consolidou o formato de uma comissão de carnaval responsável pelo desfile — não há mais a figura do carnavalesco, as decisões artísticas são tomadas por várias cabeças. E consagrou a equipe que tem como expoentes Neguinho da Beija-Flor, Selminha Sorriso, Claudinho e Laíla. Nesse período, um dos desfiles mais marcantes foi a homenagem a Roberto Carlos, em 2011.
Outro homenageado inesquecível foi Silvio Santos, enredo da Tradição em 2001. A passagem dele foi um dos momentos de grande frisson da história da Passarela. Mas depois disso a Tradição sucumbiu: foi para os grupos de baixo, assim como a Caprichosos de Pilares.
Ter bom rendimento ou não nos ensaios técnicos faz parte do jogo. Praticamente todas as escolas já escorregaram nos treinos e isso, por mais que represente algo na preparação das agremiações, não é definitivo, o desfile é o que conta ponto. A Unidos da Tijuca, porém, vem mantendo uma doce rotina de ótimas apresentações. O ensaio da noite deste domingo, se não foi do mesmo nível de algumas apresentações da escola, mostrou mais uma vez o que a Marquês de Sapucaí vem assistindo nos, pelo menos, últimos três anos de ensaios técnicos tijucanos: canto forte, alegria e um show de comunicação com o público.
- Aonde eu recebi a escola vi um ensaio muito bom. É claro que você não tem a noção exata porque é impossível estar em todos os cantos da pista, mas vamos dar uma olhada nos vídeos e avaliar melhor. Do que eu pude ver estou bastante satisfeito. Cantamos bem e evoluímos sem problemas. É claro que existe uma preocupação de fazer um bom ensaio técnico, isso faz parte da preparação da escola, mas não é uma competição. Não há necessidade de se julgar certos testes feitos pelas escolas aqui. O nome já diz: é um ensaio – disse o diretor de carnaval Ricardo Fernandes, que confirmou que Marquinho e Giovanna desfilarão atrás da comissão de frente.
Na noite em que o Sambódromo recebeu o maior público até o momento desta temporada, a agremiação oriunda do morro do Borel fechou a noite de ensaios e, antes que Bruno Ribas começasse a puxar o samba-enredo da escola de 2012, o público pôde acompanhar Jorge Perlingeiro anunciar a escola de maneira idêntica à feita no CD. O tumulto na pista era grande e o motivo não poderia ser outro, a comissão de frente da Unidos da Tijuca.
Comissão de Frente
Todos queriam ver o grupo comandado pelos talentosos coreógrafos Priscila Mota e Rodrigo Negri. Desta vez, eles trouxeram um mix de suas duas últimas comissões. A apresentação era dividida entre as duas performances e, como não poderia ser diferente, cada setor de arquibancada vinha abaixo, principalmente no momento das trocas de roupas. Acompanhando tudo de perto estava o carnavalesco Paulo Barros. Por mais que sejam concepções já conhecidas, é louvável a atitude dos coreógrafos e da escola de brindarem o público dos ensaios técnicos com suas apresentações.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Comentar as apresentações dos dois vem se tornando até repetitivo. Uma verdadeira aula de sincronismo e respeito às tradições da dança de mestre-sala e porta-bandeira. Giovanna com a bandeira sempre lá no alto, esticada, consegue misturar leveza e firmeza nos rodopios de maneira praticamente única. Marquinho mostra a cada ano uma infinidade de movimentos novos, executados de maneira bem particular.
Harmonia
O pleonasmo para falar sobre o casal se repete para analisar o canto dos componentes tijucanos. Quanta força e disposição. Algumas alas, como a primeira, a 11 e a 25, chegam a contagiar até os mais calmos dos espectadores das frisas. Como um todo, foi mais um show de canto da escola, mas a direção de harmonia pode cobrar mais das alas 2, 16 e 24, que apresentaram alguns componentes destoando do restante da escola. Muito pouco, porém, para fazer com que a avaliação do canto da escola fosse prejudicado num campo geral. O entrosamento entre os músicos do carro de som, Bruno Ribas e a bateria, também merece destaque. A boa melodia da obra tijucana foi ainda mais valorizada em razão disso. Outro ponto positivo e diferencial da Unidos da Tijuca é a maciça participação dos componentes das alegorias. É bem verdade que é uma das agremiações que mais trazem desfilantes nas alegorias, mas a participação deles no ensaio é digna de aplausos. Cantam muito e dão uma aula de espontaneidade.
Evolução
A Unidos da Tijuca ensaiou em aproximadamente 65 minutos e a evolução transcorreu sem maiores problemas. Ficava bem claro em seu ritmo de ensaio as paradas em cada cabine de jurados. Isso deu regularidade na evolução do ensaio e a entrada e saídas dos recuos foram feitas sem problema. Apenas depois do segundo recuo, houve leve afunilamento das alas dos últimos dois setores. O fato vem ocorrendo com praticamente todas as escolas, a culpa é da quantidade de bicões que acabam se posicionando depois da entrada da bateria no segundo box. Fica o alerta para a organização dos ensaios. Neste domingo, havia muita gente que não deveria estar na pista. Um ponto para a escola ter atenção é o posicionamento dos guardiões do primeiro casal. Alguns deles demoravam a perceber que a escola estava andando e, não fosse a atenção do diretor de harmonia presente no setor, pequenos buracos poderiam de formar.
Bateria
A Pura Cadência comandada por mestre Casagrande foi bem. Por mais que o nível de sua apresentação não tenha sido o de excelência já visto várias vezes, a bateria cumpriu o seu papel. Destaque para as peças leves: chocalhos e tamborins, que deram um show de sincronismo e o desenho rítmico de ambos encaixa muito bem no samba. Ressalva para algumas variações de andamento percebidas assim que a bateria entrou na pista e para leves desencontros entre as caixas de guerra em frente ao setores 7 e 10, algo pouco perceptível, mas que pode se acentuar caso aconteça quando a bateria estiver se deslocando. - Vou dar nota 11 pra bateria hoje. Tínhamos uma margem de erro pra hoje, mas não cometemos erro algum. Tudo o que a gente tem planejado, estamos conseguindo fazer. Mas temos que manter o pé no chão, porque treino é treino e jogo é jogo. Mas a escola está preparada para o desfile, cantou muito e o samba está correspondendo as expectativas. Estamos muito bem preparados e confio num grande desfile oficial da Tijuca - afirmou mestre Casagrande.