terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

MANGUEIRA VAI LEVAR A IRREVERÊNCIA DO CARNAVAL DE RUA PARA A SAPUCAÍ

Verde e rosa vai contar a história do Bloco Cacique de Ramos.
Escola será a quarta a desfilar na segunda-feira (20), entre 00h15 e 1h06.

 

No carnaval deste ano, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, do Grupo Especial do  Rio de Janeiro, quer mostrar que a Marquês de Sapucaí também pode ser palco para os tradicionais blocos de rua. A verde e rosa vai festejar a alegria e a descontração popular contando a história do bloco Cacique de Ramos, que completou 50 anos em 2011.

Cid Carvalho - Carnavalesco



Para conquistar o 19º título do carnaval, a Mangueira vai apostar no enredo "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira!", desenvolvido pelo carnavalesco Cid Carvalho, que faz a sua estreia na agremiação. O carnavalesco promete reviver o clima dos carnavais de rua e as festas populares do bairro de Ramos, na Zona Norte, onde nasceu o bloco, apadrinhado pela verde e rosa.

O cocar vai se juntar ao bumbo da Mangueira numa grande festa de celebração ao Cacique de Ramos. Cria do bloco e mangueirense assumida, a cantora Beth Carvalho também será homenageada. Por uma noite, o Cacique vai trocar a Avenida Rio Branco, onde costuma arrastar multidão todos os anos, pela Marquês de Sapucaí e pedir passagem para a sua história.

Como manda a tradição, o verde e o rosa, cores do pavilhão da Mangueira, estão presentes em grande parte dos sete carros alegóricos e nas fantasias dos 4 mil componentes que a escola vai levar para a Avenida. Uma das alegorias, que vai representar a comunidade de Ramos, com direito a Igreja da Penha e sua famosa escadaria, terá cerca de cem componentes coreografados.

O carnavalesco Cid Carvalho conta que antigamente a folia do carnaval dividia o Rio em duas cidades. De um lado, ficavam os pobres, negros e escravos que se divertiam nos ranchos. Do outro lado da cidade, ficava a elite, que festejava nos famosos bailes de máscaras. Quando as escolas de samba surgiram na década de 20, elas unificam esse carnaval, juntando pobres e ricos.

E de todas as manifestações carnavalescas, a que sobreviveu foram os blocos, como o Cacique. Para Cid Carvalho, a missão da Mangueira é juntar os dois carnavais: “Eu acho que o carnaval da Mangueira vai ter uma coisa de nostalgia. A gente percebe que o Rio é rua, a rua no sentido de alegria, de espontaneidade. É esse Rio de rua que a gente vai levar para a Avenida”, disse.

Fantasias das baianas da Mangueira recebem os últimos retoques no barracão (Foto: Rodrigo Vianna / G1) 
Fantasias das baianas recebem os últimos
retoques no barracão 
 
Batalha de confetes
 E é justamente nesse clima espontâneo e irreverente das ruas cariocas que a Mangueira começa o seu desfile. De acordo com o carnavalesco, a escola vai mostrar as folias urbanas até chegar ao homenageado da noite. Para Cid Carvalo, o Cacique de Ramos serviu como uma espécie de “útero” para o pagode, revelando nomes como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão.

No carro abre-alas, que chegou a ter outro desenho, componentes vestidos com o figurino do Cacique de Ramos darão o tom do desfile. À frente, uma imponente escultura de quase dez metros de altura do cacique: “O abre-alas é uma síntese. Quando a Mangueira entrar na Avenida, no setor 1, as pessoas vão saber de cara: ‘E sou Cacique, sou Mangueira’”, disse Cid.

E como numa verdadeira batalha de confetes, a Mangueira quer proporcionar o encontro do Cacique de Ramos com o bloco Bafo da Onça, que no auge do carnaval de rua do Rio conseguiam arrastar cerca de 10 mil pessoas cada. Com bom humor, irreverência e descontração, os blocos vão se unir na Avenida numa “luta” que promete emocionar.

“Falar de Cacique tem que falar de Bafo da Onça. Nós vamos fazer uma brincadeira, a onça virá sapeca, coroada, bem metida, lógico, para ‘tirar uma onda’ com o Cacique. E o Bafo da Onça também merece estar nessa homenagem. É uma forma de unir os dois blocos e mostrar a força das ruas. Então eu acho que essa junção vai emocionar a Sapucaí”, completou o carnavalesco.
Samba em Marte
 
Após fazer um passeio pelos antigos carnavais, passando pelo Rio colonial, mostrando os ranchos, o entrudo e os blocos mais antigos, a Mangueira vai mostrar a força do Cacique de Ramos e o vínculo com a verde e rosa. Por fim, o desfile vai terminar com samba em Marte, com direito a marcianos malandros e astronautas tocando tamborins.
 
Escola será a quarta a desfilar na segunda-feira (20), na Sapucaí (Foto: Rodrigo Vianna / G1) 
Escola será a quarta a desfilar na segunda (20), na
Sapucaí 
 
A alegoria, segundo Cid Carvalho, será em alusão à música “Coisinha do pai”. Segundo ele, em 97, a canção foi tocada quando um robô em missão pela NASA tocou o solo de Marte: “Teremos uma grande nave aterrissando em solo marciano, trazendo astronautas tocando tamborim, nega maluca e malandros marcianos. Será uma grande brincadeira”, completou o carnavalesco.

Terceiro lugar em 2011, a Mangueira será a quarta escola a desfilar na segunda-feira (20), na Sapucaí.

Pelo terceiro ano seguido, a rainha Renata Santos vai reinar soberana à frente da bateria comandada pelo mestre Ailton. O casal de mestre-sala e porta-bandeira Raphael Rodrigues e Marcella Alves e o trio de intérpretes Luizito, Zé Paulo Sierra e Ciganery completam o time da Mangueira em busca do tão sonhado campeonato.

Raymondh Júnior

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