Público vibrou com as escolas, que só voltarão à avenida no desfile oficial
Renata Santos |
Os ensaios técnicos das escolas de samba na Marquês de Sapucaí definitivamente caíram no gosto popular. O evento, que tem entrada franca e movimenta o Sambódromo até uma semana antes do carnaval, vem recebendo um público cada vez maior. Da última sexta-feira até a noite deste domingo, 80 mil pessoas, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), foram ver o que as agremiações estão preparando para o desfile oficial.
Somente neste domingo, 40 mil pessoas ocuparam frisas e arquibancadas da avenida, para conferir os ensaios da Estação Primeira de Mangueira e da Unidos da Tijuca - a Acadêmicos do Cubango, do Grupo de Acesso A, abriu a noite de treino.
Assim como acontecerá na segunda-feira de carnaval, a Mangueira cruzou a pista de desfiles na frente da Tijuca, por volta das 21h30, e mostrou que a comunidade entrou bem no clima de carnaval de rua, como sugere o enredo "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira", que homenageia o cinquentenário do tradicional bloco de rua Cacique de Ramos.
Brincando carnaval, os três mil componentes empolgaram tanto na passagem pela Sapucaí que chegaram a ouvir, em alguns trechos da pista, gritos de "É campeã" vindos das arquibancadas. A recepção dos espectadores empolgou a rainha de bateria Renata Santos, que aposta na verde e rosa como favorita ao campeonato.
- A Mangueira tem tudo para ser campeã. Tenho certeza que a escola vai superar o resultado do carnaval passado (em 2011, ficou em terceiro lugar) e sei que a alegria do Cacique vai contagiar a avenida - afirmou Renata, que usava top e saia rosa, que deixava a barriga e as pernas à mostra.
- Vim assim, de indiazinha, porque estou podendo e por causa do calor. Emagreci bastante, tô sequinha - comemorou a beldade.
Prefeito Eduardo Paes caiu no samba com a Mangueira
A bateria mangueirense, aliás, foi a sensação do ensaio da escola. Com batidas pesadas e bem executadas, não houve quem ficasse parado ao ouvir o show dos ritmistas da "Surdo 1", como é chamada a bateria de mestre Aílton Nunes. Até os operários que trabalham na conclusão das obras de reforma estrutural do Sambódromo deram uma pausa no serviço para curtir alguns minutos da apresentação do segmento.
Também fizeram bonito no ensaio Raphael Rodrigues e Marcella Alves, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola de Beth Carvalho, Alcione e outros bambas. Fantasiada com a roupa do desfile do ano passado, a dupla evoluiu com leveza e sincronia, arrancando aplausos de quem os assistia, como Eduardo Paes, que se acabou de sambar com a Estação Primeira. De chapéu panamá, bermudão e tênis, o prefeito da cidade, que sábado inaugurou a nova quadra da Portela, sua escola de coração, se infiltrou nas alas da Mangueira e cantou empolgado com os componentes, entre eles Bira Presidente, líder do Cacique de Ramos, que prestigiou o ensaio.
O único momento tenso da passagem da Mangueira pela Sapucaí foi o susto que Delegado, mestre-sala que fez história na agremiação e hoje, aos 91 anos, é presidente de honra da mesma, deu nos integrantes da escola. Minutos antes do início do ensaio, ele passou mal e precisou ser atendido no posto médico do Setor 1. Pouco tempo depois, com a pressão e o pique já normalizados, ele retomou seu lugar de destaque e cruzou a Passarela do Samba no alto do carro de som.
- Estou cem por cento, não estou sentido mais nada. Já estou pronto para outra - disse um animado Delegado.
Comissão de frente da Tijuca roubou a cena no ensaio
Fechando o fim de semana de ensaios, a Unidos da Tijuca também fez a festa do público. A badalada comissão de frente da escola de Paulo Barros, que vai buscar o título com enredo em homenagem ao cantor e compositor Luiz Gonzaga, levou a plateia ao delírio. Comandados pelos coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, os integrantes da comissão repetiram a sucessiva troca de roupa em fração de segundos (sucesso no carnaval 2010) e também os movimentos do desfile do ano passado, que faziam com que os componentes "perdessem" as cabeças em plena avenida. A reação vibrante do público levou às lágrimas Priscilla Mota, que apesar de já ter apresentado o grupo em quase 300 shows no Brasil e no exterior, ainda não se acostumou com a repercussão positiva do segmento.
- O choro dela é muito significativo. Foi a maneira que ela encontrou de demonstrar o quanto eles estão satisfeitos com o trabalho que vem sendo realizado. A Priscilla e o Rodrigo estão se dedicando ao máximo e não somente na parte artística, eles participam de todas as etapas do processo e me ajudam muito na execução de cada detalhe. Eu, que sempre tive um olhar crítico em relação a cada trabalho, fico muito feliz de poder contar com eles, principalmente porque eles dão a engrenagem que sempre procuro. Eles já pensam com a minha cabeça e esse reconhecimento do público é a tradução de que estamos fazendo algo que fica na mente das pessoas, e o que gosto de fazer é isso - comentou Paulo Barros.
Outro que também passou emocionado pela Marquês de Sapucaí foi mestre Casagrande, que completou 47 anos neste domingo.
- O maior presente que eu poderia receber era entrar na avenida com a Tijuca no dia do meu aniversário. Quero muito que a bateria consiga fazer no desfile tudo que temos ensaiado, para repetirmos o sucesso do ano passado. Ter um bom desempenho é fácil, difícil é se manter com qualidade - frisou o aniversariante, que promoveu uma queima de fogos na bateria, ainda na concentração.
À frente dos ritmistas, brilhou Gracyanne Barbosa, que este ano estreia como rainha de bateria da escola do Borel, que executou paradinhas em ritmo de forró, o gênero musical que consagrou Luiz Gonzaga.
Casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, Giovanna e Marquinhos também foram um show à parte no ensaio e, fantasiados, mostraram que tem tudo para ajudar a Unidos da Tijuca a garantir boas notas no desfile.
Raymondh Júnior
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