sábado, 1 de março de 2014

Análise: o que vi da Série A do Rio de Janeiro - primeiro dia de desfiles

Inocentes de Belford Roxo 2014
 
Em Cima Da Hora
Mesmo reeditando um dos grandes clássicos do carnaval deste país, o enredo "Os Sertões", a escola de Cavalcanti, zona norte do Rio de Janeiro, passou sem mostrar toda força que era possível ser explorada com o tema. Com um dos sambas mais executados pelo mundo do samba, o que se viu na Sapucaí foi uma agremiação com dificuldades para cantar a obra, exceto no primeiro e segundo setor, que ficaram um pouco acima da média, no geral muito fraca, diga-se. Conjunto alegórico bem simples, mostrando dificuldades financeiras para execução, e fantasias criativas o que pareceu um desafio aos poucos recursos que a agremiação possui. No fim do desfile, correria, e confusão, atrapalharam bastante a evolução.
 
União de Jacarepaguá
Uma das escolas mais esperadas da Série A, decepcionou, com problemas graves que variaram da armação da agremiação, à comissão de frente, passando por evolução, entre outros, a escola teve dificuldades de mostrar seu carnaval. Comissão de Frente do coreógrafo Alexandre Henriques mostrou uma execução simples e demasiada rápida nas cabines dos julgadores, parece que faltou algo na apresentação. O casal de mestre-sala e porta-bandeira não apresentou um bailado entrosado, em certos momentos bastante destoados, sintonias de dança bem distintas o que prejudicou a apresentação.
Problemas sérios também em evolução, tumulto entre as alas, correria, clarão na avenida!
Conjunto alegórico de bom gosto, alegorias bem acabadas, luxuosas e criativas, porém o abre-alas passou sem iluminação. Fantasias criativas porém com irregularidades no acabamento. A União de Jacarepaguá teve problemas no canto, componentes destoaram entre bom e muito ruim.
 
Rocinha
A maior decepção da noite, a escola apresentou um nível muito abaixo do que estamos acostumados a ver em seus carnavais, falta de criatividade, alegorias e fantasias de péssimo gosto, nenhuma criatividade para driblar a falta de recursos, e tudo o que anunciamos na construção do barracão se refletiu na Sapucaí: um desastre! Ponto alto para o samba de enredo, que surpreendeu e funcionou, e uma bateria cadenciada mostrou seu real "Ritmo Avassalador", na voz de Leléu que passou muito bem.
 
Renascer de Jacarepaguá
A escola que trouxe o cartunista Lan para a avenida em uma justa homenagem, teve problemas na execução de seu desfile, e não deve brigar pelo título de campeã 2014. O enredo teve uma difícil leitura, problemas no acabamento de alegorias, algumas completamente vazias tanto de componentes como de esculturas, o que trouxe um certo mal gosto na concepção. Fantasias apresentaram um nível melhor. Pouco se viu das obras, desenhos e caricaturas de Lan, propriamente dito. Destaque para fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, muito bom entrosamento! No carro de som, destaque para o intérprete Diego Nicolau. Com um fim de desfile tumultuado, a agremiação estourou seu tempo em um minuto, e será punida. Não brigará pelo título.
 
Porto da Pedra
Uma justa homenagem à "Majestade do Samba", os casais de mestre-sala e porta-bandeira, foram bem representados num desfile luxuoso da escola de São Gonçalo. O carnavalesco Leandro Valente cumpriu sua missão, levantou a Sapucaí em diversos momentos, e, com um conjunto alegórico com uma certa discrepância de estilo das primeiras alegorias às últimas, alguns problemas de acabamento puderam ser facilmente detectadas. Desfile grandioso e bastante luxuoso! Fantasias com um bom nível. Canto forte foi desataque, e boa apresentação de Anderson Paz, intérprete. Evolução com problemas, uns espaços vazios na avenidas foram vistos em alguns momentos do desfile.
 
Paraíso do Tuiutí
Ninguém tinha dúvidas de que a reedição de memorável "Kizomba, a Festa das Raças", enredo campeão com a Vila Isabel em 1988, seria apoteótico, um samba espetacular, levantou o público e emocionou. Canto forte, comunidade valente, componentes firmes defendendo a obra.  O carnavalesco Severo Luzardo explorou muito bem o enredo, traçando sua forma pessoal e uma visão contemporânea para o desfile. Bom conjunto alegórico e fantasias muito bem produzidas, o luxo não foi necessariamente o ponto algo, mas com bom gosto a escola cumpriu sua missão, ponto negativo apenas na última alegoria que passou com a falta de um destaque. Grande desfile!
 
Inocentes de Belford Roxo
Com um desfile pouco emocionante, porém muito bem produzido, a Inocentes entra na disputa pelo título de campeã. Um conjunto alegórico digno de grupo especial e fantasias também de muito bom gosto, o carnavalesco Wagner Gonçalves cumpre sua missão. O intérprete Ciganerey, deu um tom de emoção a um samba que não contagiou, a escola cantou bastante! Um desfile técnico com poucos erros, e mesmo voltando ao grupo de acesso, a comunidade parece não ter se abatido.
 
Império Serrano
Sempre um show à parte, o Império fez uma apresentação emocionante, é uma comunidade que emociona sempre! Entretanto, a escola teve problemas no início do desfile e parece não ter superado a falta de recursos financeiros. O canto oscilou entre bom e  ruim em alguns momentos, atrapalhando a evolução que caminhou na mesma direção.  Conjunto alegórico e fantasias com problemas sérios de acabamento, e algumas beirando a um gosto duvidoso. A agremiação tradicionalíssima não deve brigar pelo título.

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