sexta-feira, 7 de março de 2014

Análise: resultado do carnaval carioca 2014

Unidos da Tijuca 2014
Império da Tijuca
Mesmo com toda boa vontade, esforço e dedicação, nunca acreditei que Império da Tijuca tivesse fôlego  para se manter no grupo especial; o desempenho de uma agremiação é medido por dez quesito e não apenas um, o bom samba de enredo não significa necessariamente um bom carnaval. Julgadores bastante tendenciosos ainda permanecem no quadro da LIESA, dispostos a manterem o mesmo estilo ou ritmo. Cinco décimos perdidos no samba de enredo, sete décimos na bateria, o que poderia ser avaliado, antes do desfile como os pontos fortes da escola. Pois é não deu, das quarenta notas possíveis, apenas um dez, no quesito evolução, quarto módulo. Definitivamente a escola não agradou os julgadores. Limitações financeiras e a enorme diferença entre produzir um carnaval no grupo de acesso para com o grupo especial, explicam o resultado.

São Clemente
Mesmo com a chegada do carnavalesco Max Lopes, a escola não conseguiu cumprir sua missão perante os julgadores, pontos que poderiam ser os mais altos foram decepcionantes ao analisarmos as notas, como enredo, alegorias e adereços, e o próprio conjunto, fica claro, usar de alternativas para driblar a ausência de recursos financeiros, ainda que bem acabadas (como no caso das alegorias), não foram aceitos neste desfile. Ponto alto para o casal Denair e Fabrício que perderam dois décimos somente. Todos concordavam que seria uma disputa acirrada, tanto por cima como por baixo, e assim foi... A escola não tem do que reclamar!

Vila Isabel
Ora, a escola desfilou completamente fragilizada nos quesitos fantasia, alegorias e adereços, e recebeu ainda assim boas notas, vá entender!!! Mas não foi a primeira vez que escolas foram "bonificadas", é bom que se registre! A Vila tem chão, uma comunidade forte, um samba que marcou presença, bateria muito bem cadenciada, e um casal de mestre-sala e porta-bandeira beirando a perfeição, harmonia e evolução também sempre foram pontos altos na escola, continua sendo. A escola de Noel parece ter incorporado o espírito do verdadeiro sambista, que a despeito das desorganizações e trapalhadas da diretoria fez seu papel, e deu tudo de si, para honrar a história de uma agremiação com as credenciais da Unidos de Vila Isabel.

Mocidade
E as pessoas dizendo que a aquela velha e encantadora Mocidade voltou.... É preciso ter cautela, a escola não fez um grande desfile, mas tem quesito, e isso é muito importante, com Lucinha Nobre e Rogerinho perdeu apenas um décimo, com um bom samba conquistou os trinta pontos possíveis, dois décimos apenas perdidos na bateria onde sempre vai bem, agora teve problemas com a sua comissão de frente, alegorias, enredo, evolução e conjunto, vai ter muito trabalho pela frente, mas é um comunidade forte, uma escola de samba ímpar, acredito na reestruturação da agremiação. Vamos virar esse jogo Mocidade!

Mangueira
Umas das grandes decepções da apuração, a agremiação que vinha embalada pela nova diretoria, com grandes contratações e uma revitalização das atividades da escola, passou sufoco, principalmente onde mais apostou, o enredo da campeoníssima Rosa Magalhães não conquistou uma nota dez, suas alegorias perderam nove décimos, e ainda um 9.5 descartado, culpa do índio que perdeu a cabeça? Vá saber, vamos ter de esperar as justificativas... Fantasias é indiscutível que a verde e rosa tinha um qualidade melhor, como em todos os anos, o casal Squel e Raphael também não conquistaram nenhum dez, outra aposta da agremiação, mas foram bem, a comissão de frente, Estandarte de Ouro, de Carlinhos de Jesus, perdeu quatro importantes décimos (consegue entender?), e a bateria "Tem Que Respeitar Meu Tamborim" outros quatro décimos; numa avaliação geral a escola pairou entre um desfile médio, que não chamou a atenção dos julgadores, não obteve nota máxima em nenhum quesito, isto é preocupante. Vai ter trabalho o povo de Mangueira para se recuperar, mas não será difícil, é uma escola de samba de verdade.

Beija-Flor 
A maior surpresa deste carnaval! Um sétimo lugar com gosto  muito mais amargo do que ele realmente é, a escola cotada a disputar o título não ofereceu ameças a ninguém desde a abertura do primeiro envelope, muito distante da Unidos da Tijuca, não disputou nem sequer a volta entre as seis melhores no desfile das campeãs. Com o pior samba que passou na Sapucaí, e quando eu dizia que era uma obra medíocre diziam em Nilópolis que era perseguição, a escola foi justamente avaliada num enredo "chapa branca" que dessa vez não emplacou, Boni ficou perdido na história, que muito provavelmente nunca mais será lembrada, pior desfile da "deusa da passarela" dos últimos vinte anos, a escola só conseguiu respirar quando bateria, mestre-sala e porta-bandeira e sua harmonia e evolução foram analisadas, mesmo assim sem muitas surpresas. A inovação da comissão de frente não agradou, e a escola que tanto critica as inovações de Paulo Barros na Unidos da Tijuca, chamando seu carnaval de Cirque du Soleil, fez o mesmo com sua Comissão, porém sem o mesmo êxito do campeão do carnaval carioca. Enfim, a escola foi derrota por ela mesma, com uma arrogância de quem já tinha vencido o carnaval antes de entrar na avenida, desprezando o trabalho de tanta gente, que tinha nas mãos mais do que um Boni, tinha uma escola de samba! É tempo de refletir...

Grande Rio
E a "gigantesca" Comissão de Frente parece não ter conseguido impressionar tanto os julgadores como se esperava, o segundo pior samba analisado por este humilde blogueiro, também se refletiu no pensamento dos julgadores, foi muito mal, a bateria de Mestre Ciça também não convenceu, e o destaque é para o carnavalesco Fábio Ricardo que conquistou  nota máxima em fantasia e alegorias, já na execução do enredo não foi tão bem, talvez pela qualidade do tema. E pode dizer, ficou bem posicionada a escola de Caxias, por tudo que mostrou na avenida.

Imperatriz
Mesmo com alguns problemas que apresentou em seu desfile conseguiu assegurar a quinta colocação, e o carnavalesco Cahê Rodrigues mais uma vez foi brilhante, notas máximas  em enredo e fantasias,  e apenas dois décimos perdidos em alegorias. O samba da Imperatriz também não convenceu, mas levantou o público. A escola de Ramos, realmente está novamente organizada, com uma linhagem bem melhor do que antes, sem aquela arrogância de outrora, vai continuar dando trabalho.

União da Ilha
Quarto lugar com sabor de vitória, a Ilha brincou de ser feliz, mostrou sua identidade, voltou a ser quem é... E mais uma vez o brilhante Alex de Souza mostrou sua genialidade na avenida refletida em nota máxima nos quesitos enredo e fantasia, a escola esteve simplesmente deslumbrante, reencontrou seu caminho. Casal de mestre-sala e porta-bandeira também muito bem avaliados pelos julgadores perdendo apenas um décimo. Essa é a União da Ilha que conhecemos e tanto estava fazendo falta para o carnaval carioca.

Portela
Que escola de samba é essa??!!?? Que desfile apoteótico! A azul e branca voltou a ter a cara de Portela, com um Alexandre Louzada na melhor forma possível, para calar a boca de muita gente que por vezes não sabe o que diz, e como é bom ver um artista feliz! Mesmo com toda boa plástica que se viu, bateria e samba são os nomes da Portela, mostrou que é uma escola DE SAMBA! Notas máximas no que sabe fazer de melhor... E o portelense feliz da vida, numa apuração com diferença de poucos décimos entre quem conquistou o terceiro lugar para a conquista do campeonato.

Salgueiro
Mesmo com um desfile deslumbrante já se sabia que não seria fácil ganhar o carnaval. Destaque para o casal Sidclei e Marcella, muito bons! E aquela bateria, talvez um tanto criticada às vésperas, mostrou sua força e retomou seu caminho de glórias. Enredo bem executado rendendo nota máxima, fantasias perdendo um décimo apenas, porém alegorias perdendo três décimos, tem coisas que só o julgador consegue ver, mas está valendo... O samba, apontado como um dos melhores, também cumpriu seu papel, levantou a Sapucaí e conquistou trinta pontos, sem mais, Salgueiro fez um grande desfile com cara de campeão, mas dessa vez não deu...

Tijuca
Fez um desfile campeão desde sua comissão de frente até sua saída da Sapucaí, perdeu apenas um décimo em fantasia e foi mal no que sabia que não era seu ponto forte: samba de enredo. Sem mais conquistou todas as notas máximas possíveis. Brilhante! E cada dia mais me encanto pela revolução com que Paulo Barros conduz esta nova fase do carnaval, podem reclamar, podem resmungar, podem dizer que isso não é carnaval, mas quem mais criticava é quem mais o copia hoje, e segue seu caminho de vitórias. No mais, esta vitória da Tijuca não é, desta vez, de uma homem só, bateria acertada, harmonia e evolução perfeitas, e uma escola completamente estruturada para muitos outros carnavais que virão por aí. PARABÉNS UNIDOS DA TIJUCA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário