quinta-feira, 13 de março de 2014

Notas do carnaval carioca

Portela
Brinca União da Ilha!
Sr. Presidente Ney Filardi, vamos combinar algo? Vamos fazer da querídíssima União da Ilha do Governador a festa que foi feita este ano? 
Pois é, e a Ilha voltou a ser a União da Ilha do Governador! Com letras maiúsculas, a agremiação realizou um desfile de extrema identidade às raízes da escola, mais uma vez, o brilhante Alex de Souza reinou com seus trabalhos na Sapucaí, era um verdadeiro mar de felicidade. Obrigado pelo desfile! É bom ser sambista!

Top4 carnavalescos 2014
Inegavelmente Alex de Souza e Alexandre Louzada brilharam em suas respectivas União da Ilha e Portela, é bom que se registre, eles sempre fizeram parte do meu top6. E então, o campeão do carnaval mais uma vez mostrando que é este o seu estilo e veio, de fato, para ficar, é que contra a razão não há argumentos. Paulo Barros fez a Sapucaí se encantar com um Ayrton Senna que parecia na pré-temporada, que não iria chegar em primeiro lugar. Renato Lage o imbatível, mantendo seu estilo muito autêntico com um Salgueiro imponente e competitivo, mais uma vez marcando seu nome na história como um dos grandes carnavalescos da atualidade.

Rosa Magalhães e Max Lopes?
Talvez pela excesso de rigor, à algumas escolas de samba, as notas não mostraram toda a competência já marcada na história destes dois grandes monstros sagrados do carnaval deste país. Rosa defendendo a Estação Primeira de Mangueira e Max a São Clemente, não produziram as notas esperadas nos quesitos em que eram responsáveis diretos, mas a Sapucaí.... Levantou, aplaudiu de pé a brilhante presença destas marcas da cultura brasileira. Valeu Rosa e Max!

E o abre-alas da Mangueira?
É simples, não funcionou! Tem coisas que em Mangueira são fundamentais, e o abre-alas é uma delas, a alegoria tinha uma proposta bem diferente das utilizadas pela agremiação em anos anteriores, porém não impressionou, não encantou, enfim... nem parecia Mangueira.

E o Índio da Mangueira?
Só digo uma coisa: alguém tem de ser punido! Uma escola que deseja voltar a ser campeã não pode cometer um erro tão primário e repetitivo, já que ano passado uma alegoria ficou presa no mesmo ponto da avenida. Que Mangueira é de perder a cabeça, isso eu concordo! Mas que não seja desta forma! 

E a Vila sem fantasias?
O Sr. Presidente Wilson da Silva Alves, deve desculpas públicas a comunidade de Vila Isabel, foi simplesmente vergonhoso ver a escola de Noel Rosa humilhada sem fantasias e com uma estética muito abaixo do medíocre. E o pior? De alguma forma os julgadores não viram esse vexame, é uma pena, seria uma forma de responsabilizar essa diretoria que, este ano, se fez extremamente incompetente.

Eleições no mundo do samba
O pleito eleitoral agitará os ânimos em União da Ilha, Salgueiro, mas nada comparado à Vila Isabel. É que Salgueiro deve reeleger Regina Celli por aclamação, o mesmo deve acontecer com o presidente Ney Filardi na União da Ilha, é que nessas agremiações o bom trabalho está sendo reconhecido e até o presente momento não existem chapas de oposição inscritas. Já na Vila, Dona Beta, atual vice-presidente da agremiação já anunciou que vai disputar as eleições tendo como seu vice, o ex-presidente da Herdeiros da Vila, Luciano da Vila. Vai ser uma briga acirrada, já que o atual grupo que dirige a escola deseja se manter no comando.

E mais uma vez ele... Wander Pires
Não é que eu não goste de Wander Pires, acredito que ela seja um bom intérprete, só que no mundo do samba tem de se ter responsabilidade e compromisso. São várias as suas marcas de irresponsabilidade por onde passou, em sua  mais recente passagem pela Grande Rio chegou à Sapucaí com a escola já na avenida, e este ano defendendo a Imperatriz, que deu a ele um voto de confiança, cantou rouco, isso é um absurdo sem fim. Fora seus problemas com a Justiça, no quesito pensão alimentícia. Tem certeza Mocidade???


E a Beija-Flor...
Talvez nada  tenha me chamado mais a atenção negativamente, neste carnaval do que a colocação da escola de Nilópolis. Bom vamos lá, foi a derrota da arrogância, da prepotência, do exagero, da auto-confiança e do estigma de ser "a melhor", de parte da diretoria e do próprio homenageado no enredo, o Boni, comportamento que já contamina parte de seus torcedores. Que diferença entre Boni e Zico, Boni e Chico Buarque, Boni e Bidú Saião, Boni e Romero Britto, Boni e Roberto Carlos, Boni e Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, os "doces bárbaros", Boni e Tom Jobim, Boni e Xuxa, Boni e Silvio Santos, Boni e Ronaldo, Boni e Braguinha, enfim. Sempre defendi que este não era um enredo vencedor, que trazia um samba medíocre, e mesmo sendo Boni, ainda haveria um bom senso entre os julgadores, e houve. Menos Boni, mais samba essa é a lição que deve ser compreendida! E o "rolo compressor" como a comunidade se intitula, virou rodo para secar a Sapucaí das águas de Ayrton Senna.

As dinastias sempre acabam
Pois é, escolas firmadas em dinastias, jogo do bicho, contravenção, uma hora caem. Foi assim com Portela, Viradouro, Mocidade, e isso pode ser um anúncio à Beija-Flor, é bom se segurar! Tempo de reflexão...

Em Mangueira tudo mudou... e nada mudou! Ou mudou?
A nova administração que levou para a verde e rosa um time campeão, tendo Rosa Magalhães, Carlinhos de Jesus, Squel, a manutenção de Luizito e Mestre Ailton, a reforma do barracão e do Palácio do Samba, todas decisões muito bem-vindas para uma agremiação que estava à beira do precipício estrutural deu a volta por cima, o que não se refletiu nas notas dos julgadores. É bom que se registre, a escola estava numa situação de fim de guerra, devastada, arrasada, era um Afeganistão em verde e rosa. Muita coisa mudou não se pode desprezar, as atitudes da diretoria, o retorno dos grandes mangueirenses, a gestão administrativa que hoje cumpre com suas responsabilidades financeiras e sociais, e os resultados... virão! Não se pode descansar um minuto, avante Mangueira!

Tijuca mostrou que tem quesito!
Muita gente com cheiro de naftalina grita pelo mundo do samba que a vitória da Unidos da Tijuca se deve exclusivamente ao talento de Paulo Barros, o que não é verdade! A escola do Borel mostrou mais uma vez, e desta, de forma bem mais acentuada que tem quesitos, está totalmente estruturada e organizada para os desfiles, vide seus 30 pontos conquistados em mestre-sala e porta-bandeira, bateria, evolução, harmonia e conjunto, além de comissão de frente e enredo (aí o toque do carnavalesco). Com isso, percebe-se que não se trata da conquista de um homem, chamado Paulo Barros, e sim de uma equipe, liderada pela boa gestão de Fernando Horta, seu presidente. Pensem muitas vezes antes de gritarem que Tijuca é só Paulo Barros!!!

Mudança de julgadores na LIESA?
É claro que há uma incoerência no critério de avaliação dos julgadores, mas isso não começou esse ano com a 7ª colocação da Beija-Flor de Nilópolis e o rebaixamento de Império da Tijuca, isso é um fato visto há muito tempo, com injustiças gritantes, e um descompasso de critério fora do aceitável. Estranho é que Beija-Flor nunca tenha se pronunciado antes... como aquelas notas em 2011 em que os julgadores justificaram que a Liga pediu para serem compreensíveis com a escola, que feio! É preciso mudar, sim eu também concordo! Mas não se pode mudar por interesse de a,b ou c, é preciso mudar pela história das notas, sem que haja benefícios para qualquer agremiação, que não seja a justiça nas notas. No mais, sempre vai haver julgador que goste mais  ou menos de algum desfile ou quesito em determinada escola de samba.

E passou uma escola DE SAMBA... Parabéns Portela!
A escola já tinha dado indícios de que faria sua grande apresentação dos últimos 30 anos em seu ensaio técnico na Sapucaí, quando lavou a avenida com um mar de portelenses apaixonados. Não fez diferente com toda criatividade de Louzada e uma diretoria coerente com a história da Portela. Foi bom demais ver o portelense feliz da vida, fazendo o que sabe de melhor: samba e carnaval de verdade.

Um comentário:

  1. Parabéns pelos comentários de quem entende de carnaval, pelas críticas bem colocadas!

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