quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

80 ANOS DE DESFILES: UNIÃO DA ILHA MOSTRA QUE O BOM, BONITO E BARATO TAMBÉM DÁ SAMBA

O mestre-sala e a porta-bandeira não foram julgados neste carnaval
Mestre-Sala e Porta-Bandeira da União da Ilha
O mestre-sala e a porta-bandeira não foram julgados neste carnaval

Já virou lugar comum dizer que a União da Ilha do Governador é a segunda escola dos sambistas. Mas, para muitos deles, ela é a primeira e única paixão. Uma história que começou em março de 1953, por iniciativa de um grupo de moradores da Cacuia, um dos bairros que fazem parte da Ilha.
E a escola começou com uma força descomunal. Foi hexacampeã no bairro e em seguida partiu para os desfiles das grandes escolas de samba, no Centro do Rio - isso ocorreu em 1960, quando se registrou na Associação das Escolas de Samba do Estado da Guanabara. A partir daí, o pavilhão tricolor passou a brilhar também entre as grandes escolas de samba.


As baianas do
Ala das baianas União da Ilha
 

As baianas do "Bom, bonito e barato"

O azul, o vermelho e o branco estampados na bandeira insulana proporcionaram à escola uma característica única: seus carnavalescos puderam trabalhar uma vasta escala de tons, que, mesmo assim, ainda estariam respeitando as cores da agremiação. E a União da Ilha tirou bastante proveito disso. As cores passaram a ser um charme a mais nos desfiles da escola, que nos anos 70 conquistou o público com enredos simples e de grande identificação popular elaborados pela carnavalesca Maria Augusta. Isso sem falar nos sambas antológicos, como “Domingo”, de 1977, e “O amanhã”, de 1978.

A Ilha estava tão orgulhosa do seu estilo único, que em 1980 transformou em enredo todo esse carisma que despertava no público. Ela assumia de vez a mística do BBB – o bom, bonito e barato. Ali nasceria a melhor classificação até hoje na sua história: o vice-campeonato, com 88 pontos, empatada com a Mocidade Independente (”Tropicália maravilha”) e a Unidos de Vila Isabel (”Sonho de um sonho”).


As cores da Ilha no desfiles de 1980
 


As cores da Ilha no desfiles de 1980 


 
O multicolorido foi a tônica daquele desfile, inspirado nas cores e nas formas geométricas e abstratas criadas por diversos artistas plásticos, como Mondrian e Heitor dos Prazer. Penúltima escola a desfilar, a Ilha se apresentou como um grande mosaico original, fluido e carnavalesco, utilizando fitas e tecidos para dar movimento às cores que dançavam junto com os componentes. Uma ousadia estética que encantou o público e os jurados.

A inesquecível entrada da escola na Avenida, em 1980 
A inesquecível entrada da escola na Avenida, em 1980

Uma curiosidade: em 1980, o quesito mestre-sala e porta-bandeira não foi julgado. A escola, numa atitude inovadora, resolveu trazer o casal sobre uma alegoria em forma de tablado. Arrancou aplausos do público e fez jus ao título de escola da simpatia. Um desfile marcante, ondulado em cores, alegria e orgulho. O bom, bonito e barato em sua melhor estilo.


Raymondh Júnior



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