terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA

Mangueira

Aos 83 anos, escola está há dez anos sem vitórias e tenta sair do jejum de títulos

Aos 83 anos, escola está há dez anos sem vitórias e tenta sair do jejum de títulos - 1 (© Divulgação)
Estação Primeira de Mangueira
HISTÓRIA

Uma das pioneiras do Carnaval carioca, a Mangueira foi o resultado dos cordões carnavalescos existentes na comunidade que inspirou a escola de samba. Por volta de 1920, os blocos já faziam a alegria do povo da região e reuniam os “bambas” do batuque, responsáveis pelo surgimento de muitas das atuais agremiações. Em meio a esse estilo de vida estava Cartola, que aos 19 anos percebeu ser possível formar algo ainda mais elaborado para o Carnaval do Rio de Janeiro.

Desta maneira, Zé Espinguela, um dos precursores da Portela, “Seu” Euclides, Saturnino Gonçalvez, Massu, Cartola, Abelardo Bolina e Pedro Caim fundaram o Bloco Estação Primeira. Nesta mesma época Cartola escolheu as cores verde e rosa para a escola, a fim de homenagear um rancho de Laranjeiras. Então, assim que surgiram as categorias carnavalescas, a Mangueira já era uma das maiores do país.

Jamelão entrou para a escola de samba em 1949, momento em que ocupou o lugar do Xangô da Mangueira. Logo em seu primeiro desfile como cantor oficial, o ícone da agremiação consagrou a verde e rosa campeã e marcou seu nome na história do Carnaval.

Anos mais tarde, em 1984, quando o sambódromo do Rio de Janeiro foi inaugurado, a escola participou de um dos momentos mais importantes para a sua história. Após o seu desfile e da Portela, ela voltou para a avenida após ser aclamada pelo público, tornando-se a primeira campeã da Marquês de Sapucaí.

A Mangueira passou por uma má fase nos Carnavais seguintes e obteve colocações que quase a rebaixaram. Porém, em 1994, apesar de conquistar o 12º lugar, a escola marcou época com um dos samba enredos mais cantados até hoje. “Me Leva Que Eu Vou, Sonho Meu. Atrás da Verde Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu”, dizia a letra escrita por David Correa, Paulinho, Carlos Sena e Bira do Ponto, que homenageava os chamados “Doces Bárbaros”, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.

Em 1998, após um jejum de 11 anos, a agremiação conquistou mais um título ao escolher Chico Buarque como homenageado. O grito de “é campeã” ecoou pela quadra da Mangueira novamente em 2002, com o enredo que falava do Nordeste.

Os anos seguintes não foram nada fáceis para a Estação Primeira de Mangueira. No mesmo ano em que a agremiação quebrou um enorme tabu e permitiu a presença de mulheres na bateria, época em que Ivo Meirelles comandava a batucada, o Mestre Jamelão sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) que o impossibilitou de participar do Carnaval.

Neste mesmo momento, Beth Carvalho, que sempre foi Mangueira de coração, foi impedida pela diretoria da escola de desfilar, causando um enorme mal estar no mundo do samba.

A pior crise da Mangueira chegou em 2008, quando todos achavam que a escola montaria um enredo homenageando os 100 anos de Cartola. Apesar da data importante, ela acabou fechando um patrocínio com a Prefeitura de Recife e optou por falar dos 100 anos do frevo. Nesta época, a prefeitura foi acusada de se envolver com o tráfico no morro, o que só piorou a situação.

Ivo Meirelles foi para a presidência da agremiação em 2009, onde efetuou mudanças significativas, como a contratação da carnavalesca Márcia Lage e do casal de Mestre Sala e Porta Bandeira, Rafael e Marcella Alves.

Aos 83 anos, escola está há dez anos sem vitórias e tenta sair do jejum de títulos - 1 (© Divulgação)
Mangueira
TRIBO MANGUEIRENSE

Com o enredo “Vou Festejar! Sou Cacique, Sou Mangueira”, a escola vai levar para a Marquês de Sapucaí a história do samba e de tantos “bambas” que se tornaram verdadeiros “Caciques” de suas tribos de tambores, bumbos e surdos.

A história contada começa na África, quando tribos de negros fugiam de sacerdotes e pessoas que queriam tirá-los de seu povo. Um dia o tal “mensageiro da morte” conseguiu capturá-los e, dentro de um traiçoeiro navio Negreiro, uma nova terra foi apresentada como moradia.

Já em terras firme, a Magueira vai mostrar a conversa com um dos escravos que resolveu caminhar e encontrou um Cacique. Depois de contar seus problemas e a dor que sentia por deixar sua tribo, o índio o fez entender que a mais nova tribo existia, e estava na senzala.

O enredo mostra, então, toda a alegria, festa e batucada que passou a existir no Rio de Janeiro após longos anos. Agora sem escravidão, os cordões faziam a folia do estado e o povo da senzala invadia as ruas cariocas.

Por fim, chega a vez de o novo cacique mostrar a que veio e, junto dos outros membros da tribo fazem barulho com seus pandeiros, violões, latas e tambores. A descoberta do samba e a evolução das escolas como grandes tribos finalizarão o desfile.

Aos 83 anos, escola está há dez anos sem vitórias e tenta sair do jejum de títulos - 1 (© Divulgação)
Mangueira

FICHA TÉCNICA
Fundação: 28 de abril de 1928
Títulos: 18 pelo Grupo Especial
Símbolo: Um tambor surdo com ramos de louro em volta
Cores: Verde e rosa
Presidente: Ivo Meirelles
Carnavalesco: Cid Carvalho
Puxador: Luizito, Zé Paulo, Ciganerey e Vadinho Freire
Mestre Sala e Porta Bandeira: Raphael e Marcella Alves
Rainha de Bateria: Renata Santos
Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1702 - Mangueira
Telefone: (21) 3872-6786 / 3872-6787
Site: www.mangueira.com.br

Raymondh Júnior


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