domingo, 15 de janeiro de 2012

ENTREVISTA COM ROMERO BRITTO - O ARTISTA QUE SERÁ O ENREDO DA RENASCER NA SAPUCAÍ 2012

Aclamado no mundo todo, o artista pernambucano Romero Britto, 48 anos, vai ganhar também aplausos na Sapucaí. Ele é enredo da escola de samba Renascer de Jacarepaguá, que estreia este ano no Grupo Especial.

Com trabalhos
expostos em mais de 100 países e obras encomendadas por empresas como Disney, Audi e até a Fifa, Britto considera ser homenageado no Carnaval o “ponto alto” da sua carreira. Ele vai desfilar em destaque que prefere manter como surpresa. E elogia a criatividade com que o carnavalesco da escola transformou sua história em samba.

Em entrevista ao jornal
O DIA, o artista conta como ganhou o mundo e o que significa para ele este momento de integração com seu país de origem.

Foto: Fernando Azevedo
 

Romero Britto: ‘Ser enredo no Carnaval é o ponto alto da minha carreira’

O DIA: Qual a emoção de ser homenageado por uma escola de samba do Rio?

BRITTO: É o ponto alto da minha carreira. O Carnaval é a maior celebração da cultura brasileira. Estou muito emocionado, feliz e honrado. Conhecia a escola só de nome, mas nunca tinha ido à quadra. No ano passado, fui várias vezes ao Rio só para encontrar os membros da escola, o que foi para mim uma grande experiência.

O samba-enredo e o projeto de desfile estão retratando bem a sua história?

Acho tudo maravilhoso. O carnavalesco (Edson Pereira) se empenhou muito, teve criatividade. Adoro o samba e a música brasileira, o enredo inspirado na minha arte e história ficou lindo. Vou desfilar num destaque, que é surpresa. É pena, mas ficarei só três dias no Brasil para o desfile, porque irei num jato fretado e tenho que voltar com o grupo.

O que há em comum entre o Carnaval e a sua arte?

O Carnaval é a maior celebração da alegria do mundo e minha arte é um festival de alegria todo dia. Todo mundo quer amor e coisas boas na vida, o mundo vê isto nas minhas obras. Só se atrai por minha arte quem está de bem com a vida e quer celebrar em casa.

Como foi sair de Pernambuco e ganhar o mundo?

Sempre fui autodidata, desde criança comecei a pintar em qualquer material que conseguisse. Em 1983, viajei para Paris, onde conheci a obra do Matisse e do Picasso. Juntei as influências de cubismo com as da arte pop. Em 1988, me mudei para Miami. No ano seguinte, fui selecionado para a campanha ‘Absolut Art’, da vodca Absolut. Depois fiz várias colaborações para marcas como Audi, Disney e até Fifa, para quem criei uma gravura oficial para a Copa de 2010. Foi uma longa trajetória. Tive que me adaptar muito, mas sempre me atraí por desafios. Aqui estou, me sinto abençoado.

Quais suas principais conquistas?

Hoje minhas obras estão em galerias de arte e museus em mais de 100 países pelo mundo, incluindo o Louvre, em Paris. Minhas instalações de arte pública incluem esculturas monumentais na frente do O2 Dome, em Berlim, Alemanha; no Hyde Park em Londres, e no aeroporto John F. Kennedy em Nova York (EUA), e uma tela viva em que acrobatas do Cirque du Soleil usaram no espetáculo. Ano passado, a presidenta Dilma Rousseff me convidou para criar logomarca de programa do Ministério da Saúde.

O que fazer para alcançar o sucesso artístico?

Acho que é muito importante a arte da inclusão. A minha arte está nas mãos de grandes colecionadores do mundo, como o Carlos Slim e toda a família, que ao mesmo tempo têm Leonardo da Vinci, El Greco, Crana, Rubens entre outros. Eu sempre quis democratizar a minha arte. Não acho legal a palavra exclusividade, mas sim inclusão. Agora estou fazendo projetos no Brasil, Rússia, Índia, China, Inglaterra e Estados Unidos (na Califórnia), mas tenho que reduzir minhas viagens.

Qual o papel do artista?

um agente de troca positivo. Ofereço tempo, arte e recursos para mais de 250 organizações de caridade. Já fui convidado como palestrante no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e muitas escolas e instituições.

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