domingo, 22 de janeiro de 2012

80 ANOS DE DESFILES: DESFILES JÁ PASSARAM POR VÁRIOS PALCOS E SE PREPARAM PARA O NOVO SAMBÓDROMO

Na inauguração do Sambódromo, em 1984, a Beija-Flor chega à Praça da Apoteose e não sabe o que fazer
Praça da Apoteose

Na inauguração do Sambódromo, em 1984, a Beija-Flor chega à Praça da Apoteose e não sabe o que fazer
 
 
 
Faltam apenas 27 dias para o carnaval. A cidade respira tensão, com as obras no Sambódromo e o medo de que o grande palco não fique pronto a tempo de receber os reis da festa, os sambistas. A reforma da Passarela é um momento marcante, mas não é novidade nestes 80 de desfiles.

Basta voltar 28 anos no tempo, na época da construção do Sambódromo. Dá para acreditar que no dia 5 de setembro de 1983, ou seja, apenas cinco meses antes do carnaval, o projeto ainda estava sendo encomendado ao arquiteto Oscar Niemeyer? Foi isso mesmo. No mês anterior, agosto, o Governo do Estado chegou a anunciar que os desfiles aconteceriam no Maracanã! Dias depois, a decisão era que a Av. Presidente Vargas seria o palco. E só no dia 11 de setembro apareceram os desenhos de Niemeyer para a Passarela.


Em 16 de janeiro de 1984, as arquibancadas estavam de pé, mas o setor 2 ainda parecia bem atrasado 
Em 16 de janeiro de 1984, as arquibancadas estavam de pé, mas o setor 2 ainda parecia bem atrasado  
 
 
O período da construção foi de muito nervosismo — afinal, eram menos de 150 dias para botar de pé uma obra muito mais complexa do que a de hoje. Cerca de 2.700 operários trabalharam 24 horas por dia. E ainda havia problemas a resolver com as Associações de Moradores das redondezas... O custo de toda a operação, orçada inicialmente em Cr$ 5 bilhões, acabou chegando a Cr$ 24 bilhões!
A obra foi entregue a tempo e mudou para sempre a forma de fazer carnaval. Os desfiles, por exemplo, passaram a ser divididos em dois dias. Já a Praça da Apoteose, pensada como um espaço onde as escolas fariam uma apresentação final, sua "apoteose", nunca foi usada desta forma. Outro local cujo uso foi desvirtuado foi o espaço embaixo das arquibancadas. A ideia do projeto era que aquele lugar fosse uma espécie de "geral", colocando o povo próximo dos desfiles. Mas logo optou-se por construir frisas (com ingressos caros, registre-se), e o povão voltou a ficar fora da festa.


O desfile no Mangue
A Portela desfila com
Portela 1976
A Portela desfila com "O homem do Pacoval", em 1976: os componentes e as alegorias têm que descer o viaduto Foto: 
 
 
Hoje, a Marquês de Sapucaí é a rua que mais recebeu desfiles de escolas de samba nestes 80 anos, mas diversos outros lugares já foram usados. O mais clássico é a Praça Onze, onde aconteceram os primeiros desfiles, de 1932 a 1942 (exceto o de 1934, realizado no Campo de Santana). O Obelisco (43 a 45), a Presidente Vargas (46 a 56), a Rio Branco (57 a 62), a Candelária (63 a 73) e a Av. Presidente Antônio Carlos (74 e 75) também estão na história. Em 1976, os desfiles aconteceram em seu lugar mais curioso: o Mangue, no começo da Av. Presidente Vargas. Numa das fotos acima, você vê o desfile da Portela daquele ano, "O homem do Pacoval", e pode perceber a escola toda descendo o Viaduto dos Marinheiros, inclusive as alegorias! Em 1977, elas voltam para o fim da Av. Presidente Vargas, e no ano seguinte vão à Rua Marquês de Sapucaí, endereço da festa até 1983. E só depois disso é construído o palco definitivo, o Sambódromo, templo onde a cada ano os deuses do samba realizam seu mágico ritual.



Raymondh Júnior

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