
Há 40, 30, 20, 10 carnavais...
Para quem viveu, parece que foi ontem... E para quem não viu, uma vez pelo menos ouviu. Estamos falando de uma seleção de sambas e de desfiles de primeira linha: a dos campeonatos que estão fazendo aniversário este ano. E lá se vão, 40, 30, 20, 10 anos... É só voltar no tempo e reviver esses momentos de consagração na avenida!

Há 40 anos...
1972 – "É o Império Serrano que canta, dando uma de Carmen Miranda"
Um pernambucano arretado, um enredo de fácil identificação popular, uma escola tradicional que estava há mais de uma década sem títulos e um samba que caiu na boca do povo. Ingredientes que fizeram do Império Serrano uma avalanche de alegria num amanhecer de uma segunda-feira gorda na Avenida Presidente, então palco dos desfiles.
O pernambucano arretado era Fernando Pinto, que no ano anterior havia estreado na verde e branca. Em seu segundo ano, já mostrou que tinha um jeito próprio de contar seus enredos. A vida de Carmen Miranda foi retratada de forma didática, como em um espetáculo de teatro de revista, com direito a um elenco de primeira. A Pequena Notável foi representada por várias estrelas, entre elas a cantora Marlene, a atriz Marília Pera e a também atriz Leila Diniz.
O Império entrou rasgando a avenida com um samba de forte apelo popular, que terminava com um refrão irresistível: "Cai, cai, cai, quem mandou escorregar? Cai, cai, cai, cai, é melhor se levantar". O público levantou. Cantou junto. E correspondeu em forma de aplausos. Foi assim que a escola incorporou o gingado de Carmen Miranda e conquistou de vez a avenida com muita ginga, alegria e beleza. E o Império se reencontrava com a vitória, num show de samba e de carnaval.

Há 30 anos...
1982 – "E passo a passo no compasso... O samba cresceu!"
Depois da vitória de dez anos atrás, o Império passou por uma fase ruim. A escola foi rebaixada em 1978, com um enredo sobre Oscarito. Subiu novamente em 1979 e quase foi novamente rebaixada em 1981, quando ficou em décimo lugar, o último entre as escolas do então primeiro grupo.
Mas naquele ano não houve rebaixamento. Para dar a volta por cima, o Império contratou duas carnavalescas que tiveram uma grande contribuição no carnaval campeão do Salgueiro de 1971, o famoso "Pega no Ganzê". Era formada a dupla Rosa Magalhães e Lícia Lacerda. O enredo sobre a história das escolas de samba era de autoria de Fernando Pamplona e se chamaria "Praça Onze, Candelária, Sapecaí". Mas o título "Bum Bum Paticumbum Prugurundum", citado por Ismael Silva em uma entrevista ao jornalista Sérgio Cabral, soou irresistível. E assim a escola desceu a Sapucaí com um samba que até hoje é lembrado a cada carnaval.
Na pista, o Império foi gigante, mostrando um carnaval alegre, visualmente bem programado e com grande participação popular, mesmo entrando na Avenida quando já passavam das 10h de uma manhã ensolarada de carnaval, num calor de rachar. A escola cumpriu à risca o regulamento, que naquele ano proibia pessoas (destaques e composições) sobre as alegorias. Com 187 pontos, a escola foi aclamada a grande campeã. Mas seria vice, caso a Imperatriz Leopoldinense não perdesse seis pontos devido à desobediência ao regulamento quanto à presença de figuras vivas sobre os carros alegóricos.
Polêmicas a parte, Madureira explodiu de alegria com o título do Império Serrano e com o vice-campeonato da Portela.

Há 20 anos...
1992 – "Me dê, me dá, me dá, me dê / onde você for, eu vou com você"
No pré-carnaval de 1992, pelo menos duas escolas despontavam como possíveis favoritas ao título. Uma era clara: a postulante ao título de tricampeã, Mocidade Independente. Com o samba mais popular do ano, a poderosa verde e branca de Padre Miguel tinha a seu favor um enredo inspirador, criado por Renato Lage e Lilian Rabelo, aliado ao samba mais executado no pré-carnaval: "Sonhar Não Custa Nada... Ou Quase Nada". Do outro lado, estava uma escola que havia estreado no ano anterior no Grupo Especial, a Unidos do Viradouro. Rumores davam conta de que ela colocaria na Avenida um dos carnavais mais caros de toda a história. E assim foi! Mas havia um incêndio no meio do caminho...
E quiseram os deuses do samba que a tradicional – mas nunca campeã do primeiro pelotão das escolas de samba – Estácio de Sá causasse um desvario inédito na avenida com um enredo sobre a Semana de Arte Moderna de 1922. O público não quis nem saber: caiu no samba com a escola e resolveu ser feliz com ela. A resposta ao samba foi inacreditável, num desfile inesquecível, que contou até com a performance heroica da modelo Luciana Sargentelli, que cortou os pés sambando sobre uma das alegorias.
Aclamada, a Estácio foi a grande surpresa do carnaval. Fez valer a velha sabedoria dos que acreditam que carnaval se ganha mesmo é na Avenida.

Há 10 anos...
2002 – "Vou invadir o Nordeste, seu cabra da peste... Sou Mangueira"
O carnavalesco Max Lopes, em seu segundo ano após retornar à escola (ele já havia sido campeão na Mangueira em 1984), tingiu a Sapucaí com vários tons de verde e rosa, que, embora separados por blocos de setores, não macularam a essência mangueirense. Com um belo visual, muito luxo e bom gosto nas fantasias e alegorias, a escola flutuou na Avenida e conquistou o público.
Um carnaval inesquecível, que quebrou a sequência de títulos da Imperatriz Leopoldinense, que tentava o tetracampeonato. Mas quem resistiria ao forrobodó verde e rosa? Os jurados e o público, com certeza não...
Raymondh Júnior
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