segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

AS BAIANAS DO PORTO DA PEDRA

Baianas do Tigre


Amor ao pavilhão.

Este é o sentimento que melhor define as baianas da Porto da Pedra.
Coordenadas pela presidenta Sandra Trindade (foto), nossas 100 mães do samba são sinônimo de luta, garra, vontade e energia.
Em 1996, a Ala das Baianas do G.R.E.S.U. Porto da Pedra foi premiada com o Estandarte de Ouro.

 Curiosidades

No carnaval de 2007, com o enredo “Preto e Branco a Cores”, do carnavalesco Milton Cunha, a ala das baianas da Porto da Pedra foi sinônimo de ousadia e pioneirismo. O desfile da agremiação bateu o recorde em número de baianas. No total, foram 250, mais do dobro que as habituais alas tradicionais. Para dar conta de tanta ousadia, a escola de São Gonçalo recrutou componentes até em outras agremiações. Foi a primeira vez que senhoras de saias rodadas ocuparam um setor inteiro de uma escola. Elas ficaram entre o abre-alas e a segunda alegoria. Foram divididas em três alas com fantasias de cores diferentes: branco, que representa a paz; cinza, a transição; e preto, o Apartheid na África do Sul, cuja luta para erradicá-lo foi tema da escola. Os ensaios foram em ritmo intenso e acelerado. Coordenadas por Sandra trindade, as 250 senhoras realizavam apresentações técnicas semanalmente. Tudo para preencher a Sapucaí com um mar de arte, dedicação e, é claro, AMOR!


 História


Nem Dante Alighieri, nas mais profundas divagações sobre o Inferno, imaginaria uma ala de baianas desfilando na sua Divina Comédia. Mas, para a grande magia do Carnaval, nada é impossível e nos primórdios das escolas de samba, a primeira delas, a Deixa Falar, desfilava com o enredo O Inferno de Dante.

Como o fundador da Escola, Ismael Silva, exigia a presença de baianas, o jeito foi incluí-las — de saias rodadas, turbantes. pulseiras e colares — entre caldeirões, tridentes e diabos na versão carioca da obra do autor italiano.


A importância da Ala das Baianas nas escolas de samba pode ser medida de imediato pelo valor da nota que lhes é atribuída nos desfiles. Com no máximo trinta componentes, tem o mesmo peso da bateria, que muitas vezes tem mais de quatrocentos integrantes. Carregada de simbologia, a ala representa o elo histórico entre o samba e as antigas baianas.

Desde o primeiro momento, no Rio de Janeiro, quando chegou pelas mãos dos migrantes baianos, o samba foi acalentado nos casarões das velhas “tias”, que preservaram os costumes culinários, musicais e visuais (no que diz respeito aos trajes) trazidos junto com suas mudanças.

O desenhista francês Debret, impressionado com as batas, as saias presas na cintura e que não passavam do meio da canela, ornadas com rendas; os colares de ouro ou coral; as pulseiras e os berloques de prata; as pequenas chinelas que mal abrigavam os dedos, deixando livres os calcanhares, fixou as baianas muitas vezes nas telas em que retratou o Brasil.

Edison Carneiro, em seus estudos folcioristas, conta que o aparecimento das baianas em trajes típicos remonta aos grupos africanos que foram traficados para o Brasil. Segundo ele, o turbante é muçulmano, os panos-da-costa e as saias rodadas, sudanesas, e os colares é figas-de-guiné, o toque final ao conjunto. Tais aspectos dão referências históricas à figura da baiana.

A ala tem a função de aludir, portanto, às origens afro-baianas do samba, elo tradicional que ainda mantém as escolas de samba unidas a seu cordão umbilical, mesmo com toda a pompa e circunstância que cercam hoje seus luxuosos desfiles.

Não foi sem motivo que Ismael Silva exigiu uma ala de baianas, logo no primeiro desfile de sua Escola de Samba Deixa Falar. A exigência foi cumprida, transformando-se em tradição e parte intocável do regulamento dos desfiles das escolas até hoje. Certamente uma homenagem às “tias” baianas, pioneiras e protetoras do samba nos seus primórdios.

  Ala das Baianas da Porto da Pedra

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