Após um nono lugar no ano anterior, nem o mais fanático torcedor apostaria na Unidos da Tijuca como campeã do carnaval carioca em 2010. Mas o inesperado e a possibilidade de renascer das cinzas, tal qual uma fênix, são alguns dos elementos que fazem parte da magia dos desfiles das escolas de samba. Mestre Casagrande, diretor de bateria da escola tijucana, revela que a noite de 14 de fevereiro de 2010, um domingo de carnaval, foi mágica para ele.
o desfile mais marcante em sua trajetória e enumerou alguns carnavais importantes. -Tem vários desfiles que marcaram a minha vida. O de 1979 (Brasil canta e dança), no Grupo 2A, onde desfilei pela primeira vez como ritmista, é um deles. Em 1986 (Cama, Mesa e Banho de Gato), já no Grupo Especial, saí pela primeira vez como um dos diretores auxiliares do saudoso Mestre Marçal, uma das minhas referências no carnaval. E o carnaval de 1999 (O Dono da Terra) pela força e qualidade do samba. Mas nenhum deles se compara ao desfile de 2010 (É Segredo). O carnaval de 2010 representava um momento de mudanças na Unidos da Tijuca. Depois do fiasco em 2009, o presidente Fernando Horta promoveu mudanças em diversos segmentos da escola: trocou carnavalesco, diretor de carnaval e casal de mestre-sala e porta-bandeira. Casagrande relembra o período turbulento que a escola vivia. -Vínhamos de um carnaval problemático, onde, inclusive, um carro alegórico apresentou problemas durante o desfile. O astral da escola não estava legal, com problemas em diversos segmentos. Quando o clima tá ruim, nada dá certo. Com a chegada do Paulo Barros (carnavalesco), do Ricardo Fernandes (diretor de carnaval), do Fernando Costa (diretor de harmonia) e do Marquinhos e da Giovanna (casal de mestre-sala e porta-bandeira), a escola ficou unida e confiante para o carnaval de 2010. O enredo “É Segredo”, que marcou a volta de Paulo Barros à agremiação, gerou grande expectativa e curiosidade entre os amantes do carnaval. A escola mostrou os grandes mistérios e segredos da Humanidade. Mestre Casagrande relembra a preparação da bateria Pura Cadência às vésperas daquele desfile. -Nos últimos dois meses nós ensaiávamos diversas vezes na semana. Preparamos quatro bossas para o desfile, uma, inclusive, extremamente arriscada, com duração de 23 segundos. E o trabalho só foi bem feito porque eu tive total apoio do presidente Fernando Horta, que apoia o meu estilo disciplinador de comandar a bateria. No desfile, a escola apresentou truques de mágica em diversos momentos, simulou o incêndio da Biblioteca de Alexandria, trouxe personagens de quadrinhos esquiando e uma comissão de frente arrebatadora: bailarinos usaram técnicas de ilusionismo para trocar de figurino em segundos. As estampas dos vestidos mudavam de cor e, no final, formavam em conjunto o nome Tijuca. A bateria da escola ainda apresentou uma coreografia à la Poderoso Chefão. -Os ritmistas vestidos de mafiosos também levantaram o público. A recepção foi incrível. Poucas vezes eu vi isso na minha vida! Acho que só em “Paulicéia Desvairada”, da Estácio de Sá, em 1992, e “Peguei um Ita no Norte”, do Salgueiro, de 1993. Depois da reação do público e de passar pela última cabine de julgamento, eu tive a real dimensão do que foi o desfile e passei a acreditar na vitória. E o pressentimento do diretor de bateria se tornou realidade na quarta-feira de cinzas: a escola do Morro do Borel voltou a conquistar um título após 74 anos. -Foi um sensação maravilhosa. Na semana após o desfile das campeãs, eu fui à um shopping no bairro da Tijuca, onde nasci e moro até hoje, e algumas pessoas me paravam para tirar foto, perguntar o segredo da coreografia da comissão de frente e da encenação dos “mafiosos” da bateria Pura Cadência. O desfile teve uma repercussão muito grande! |
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
MESTRE CASAGRANDE FALA DE SEU CARNAVAL INESQUECÍVEL NA UNIDOS DA TIJUCA
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