terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A TERRA DO BAIÃO VAI DÁ SAMBA NA SAPUCAÍ EM 2012


Hilton Castro, diretor teatral da Beija-Flor: "É um orgulho participar deste enredo sobre o Maranhão"
Foto: Eduardo Naddar / O Globo
Hilton Castro - Diretor Teatral da Beija-Flor



Seis das 13 escolas do Grupo Especial vão apresentar na Sapucaí enredos relacionados com o Nordeste




Gênios do carnaval vieram de lá, como o maranhense Joãosinho Trinta e o pernambucano Fernando Pinto. As velhas baianas, como Tia Ciata, também. Este ano, com seis das 13 escolas de samba do Grupo Especial com enredos relacionados ao Nordeste, uma legião de nordestinos que fazem o espetáculo da Sapucaí está cheia de orgulho e se sentindo homenageada pelas agremiações, que farão um passeio por artes, costumes, festas e crenças da região.
Na atual campeã, a Beija-Flor, por exemplo, o enredo resgata a história de São Luís do Maranhão ("São Luís — o poema encantado do Maranhão"). E é um maranhense o responsável por alguns dos que prometem ser os momentos mais impactantes do desfile da azul e branca. Diretor teatral da agremiação, Hilton Castro coordena nada menos que 1.700 componentes da escola, que cruzarão a avenida com algum movimento performático. E ensaia a comunidade de Nilópolis para alas como as do setor da escravidão, do mercado de São Luís ou o carro do navio negreiro, que terá mulheres negras, de até 60 anos, de seios de fora, como destaques.

Aos 14 anos, Hilton deixou a casa da mãe para viver em São Paulo, onde se profissionalizou no teatro. No Rio, chegou alguns anos depois, em 1999. E em 2002, depois de o diretor de Carnaval da Beija-Flor, Laíla, ter assistido a um espetáculo seu no Teatro Villa-Lobos, ele foi convidado para integrar a azul e branca. De lá para cá, levou para a avenida várias encenações de sucesso e, ao mesmo tempo, polêmicas, como o massacre dos índios, em 2004, e o Cristo sendo chicoteado, em 2005.

Pela primeira vez, Hilton poderá homenagear num desfile a terra em que nasceu:
— É claro que minha infância no Maranhão influencia no meu trabalho e na minha vida. Para mim, é um orgulho participar deste enredo sobre o Maranhão. Estou em êxtase.


Costureiras nordestinas trabalham na Imperatriz

Na Imperatriz Leopoldinense, a habilidade e a criatividade nordestinas também são decisivas. Um grupo de costureiras do Nordeste ajuda a confeccionar as fantasias do enredo "Jorge, Amado Jorge", sobre o escritor baiano Jorge Amado. Maria do Livramento, de 67 anos, Maria Pereira da Costa, de 61, Graça Medeiros, de 58, e Ana Cláudia de Oliveira, de 38, são veteranas na arte de preparar os figurinos da folia. E já contribuíram para a obra de renomados carnavalescos, como Joãosinho Trinta, Renato Lage e Rosa Magalhães. Agora, com Max Lopes, dizem estar felizes por preparar as fantasias de um enredo sobre Jorge Amado, de quem todas são fãs.

Já na Renascer de Jacarepaguá, é um filho de alagoanos o responsável pela concepção e pelo desenvolvimento do enredo "Romero Britto, o artista da alegria dá o tom na folia", que fará uma homenagem ao pintor pernambucano. O carnavalesco Edson Pereira conta que seus pais vieram da cidade de Cachoeira antes de ele nascer. Mas, somando as viagens à terra natal dos pais e a cultura com que teve contato em casa, aproveitou as ricas histórias do Nordeste em seu trabalho no carnaval.

— Sempre convivi com o folclore nordestino, o colorido das suas manifestações culturais... E tudo isso transborda no meu carnaval — diz Edson Pereira.

A Unidos da Tijuca é outra agremiação que terá um enredo ligado ao Nordeste, contando a história do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, em "O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão". A cultura da região também será tema do Acadêmicos do Salgueiro, que apresentará "Cordel branco e encarnado". Já a Portela fará uma homenagem ao estado da Bahia, com "E o povo na rua cantando. É feito uma reza, um ritual...".
Além disso, pelo menos duas escolas citarão o Nordeste. A Mocidade Independente e a Acadêmicos do Grande Rio lembrarão os retirantes da seca, nos enredos "Por ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade" e "Eu acredito em você. E você? — Histórias de superação".


Raymondh Júnior

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